domingo, 21 de agosto de 2011

Em Terra de Cego Quem Tem Um Olho é Caolho


É triste constatar que o Movimento espírita está cada vez mais parecido com o Neopentecostalismo ou pior até, tal o número de pessoas, orkutianas principalmente, com fé cega e me desculpem, que não gostam de raciocinar.

Para eles, o fato tem que se enquadrar nas suas crenças limitadas, onde a razão não cabe e por isso crê em coisas não espiritas, tais como exilados de Capela, animais no plano espiritual, e abusam de termos inexistentes na Doutrina, tais como plano astral, carma e outras coisas. Se lessem ou melhor, se estudassem a Codificação, veriam que o que acreditam e os termos que falam, não fazem parte do Espiritismo e assim, a mente comportaria e veria o fato, tal como ele é, pois seria guiada pela razão, pela fé raciocinada.

Mas, um espírita, ou melhor, um neopentecospírita, é pior por que, com seu fanatismo e idolatria, contaminam não espíritas neófitos que começam a pensar que Espiritismo é aquilo que os neopentecospíritas contaram para eles e assim pensam que Kardec não é importante, que o importante é o Chico Xavier, pois na cabeça deles, Kardec é cerebral demais e que Chico é amor, é amar, como se idolatrar alguém, fizesse da pessoa um clone da mesma.

Realmente, estudar Kardec é preciso, necessário e urgente, pois em Kardec repousa a verdadeira doutrina espírita e poucos são os espíritas que se dispõe a estudarem e divulgarem a doutrina tal como ela é, que lutam para manterem a verdade da doutrina, mas os outros, os que eu chamo de neopentecospiritas, estranhamente, em vez de seguirem os exemplos de Jesus e do ídolo maior deles, Chico Xavier, não amam os inimigos, ou seja os que defendem o estudo, a verdade, o bom senso, o intelecto e a razão, mas combatem repetidamente os que, entre outras coisas, afirmam categoricamente, a inexistência de colônias

Essa atitude dos neopentecospíritas me lembra.o Tribunal da Inquisição, em que cientistas e filósofos eram perseguidos pela Igreja e até queimados na fogueira, tal como Giordano Bruno, apenas por dizer a verdade. Felizmente hoje não queimam mais na fogueira, so criam vídeos no Youtube.

Se soubessem defender com argumentos e sem achismos as suas posições, creio que nenhuma comunidade se furtaria a abrir espaço para debates com eles, mas onde quer que eles vão sempre levam o achismo, quando se pede que eles provem por A+B o que dizem, ou se calam ou repetem pela enésima vez o que falaram antes, mas não prova absolutamente nada, pois tais “argumentos”, geralmente baseados em opiniões de autores médiuns, já foram derrubados pelos que estudaram a doutrina antes.

Os neopentecospiritas, que só faltam baterem palmas para Jesus, fazem parte de muitas comunidades orkutianas, enquanto que os espíritas que gostam de estudar, debater e divulgar a verdadeira doutrina ocupam poucas comunidades. Os espíritas, que aqui chamo de neopentecospiritas, por toda a aversão que eles demonstram pelo raciocínio lógico, pela idolatria e pelo fanatismo que demonstram, ocupam uma terra de cegos, na qual quem tem um olho, não é rei, mas quem tem um olho nessa terra de cegos é  caolho
, ou seja, enxergam tudo distorcido, por ter uma visão monocular que é caracterizada pela capacidade de uma pessoa conseguir olhar através de apenas um olho, com isso, possuindo noção de profundidade limitada e também limita muito a sensação tridimensional (ciência, filosofia – que eles limitam e moral – mudada por eles por religião, que eles exaltam). Agora, se tivessem a visao binocular (razão e moral), na qual ambos os olhos são usados em conjunto, dariam a percepçao de profundidade exata que o Espiritismo tem e sem erro de paralaxe, que é o que ocorre quando o observador está muito longe da coisa observada, no caso a doutrina ou então tem um olho só, em outras palavras é "caolho", ou seja, em qualquer caso, é mistico...



sábado, 20 de agosto de 2011

Ortodoxia Espírita: o que é?

O texto abaixo é de autoria de Francisco Amado, autor do blog República Dos Espíritos e é apresentado aqui por mim, pois as pessoas, em geral, fazem idéia errada do que seja a chamada ortodoxia espírita e visa também impedir que falsas idéias sejam veiculadas pelos inimigos da fidelidade doutrinária. 

1) O que é "ortodoxia"?
O conceito de ortodoxia é etimológico: conformidade com as bases fundamentais de uma ciência ou filosofia. No caso do Espiritismo, a ortodoxia significa entender a codificação compilada por Kardec como base única e fundamental para compreensão da Doutrina Espírita e sendo coerente com a metodologia espírita para aquisição e aceitação de novas informações ou conhecimentos. Essa metodologia implica na aplicação do CUEE - Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (cuja estrutura está designada no Evangelho Segundo o Espiritismo), na aceitação de conclusões científicas acadêmicas inequívocas ou na aplicação de qualquer outro método de aferição de verdade que possua método científico. A função da ortodoxia no meio espírita é, sobretudo, destruir quaisquer resquícios de misticismo e/ou mercantilismo sobre valores doutrinário, trazendo o Espiritismo de volta ao seu caminho cientifico e filosófico.

2) O que é um "ortodoxo"?
"Ortodoxo" é a expressão que designa popularmente e em nível informal todo espírita que considera que a ortodoxia é o caminho mais coerente, ou seja, um defensor da pureza doutrinária cientifica e filosófica do Espiritismo. É apenas uma expressão que visa demarcar posições em ambientes de confronto ideológico. Nem todo defensor da pureza doutrinária necessita ou se utiliza desta expressão para designar seu pensamento. Via de regra, o ortodoxo, ou seja, o individuo que defende os preceitos codificados, é o real seguidor da Doutrina Espírita. Em resumo: ortodoxo e espírita são a mesma coisa.

3) Os ortodoxos são um grupo à parte no movimento espírita?
Há diversas e incontáveis pessoas que aceitam os princípios da pureza doutrinária como reais e que procuram combater o misticismo no meio espírita. Qualquer pessoa pode ser um destes e se desejar, utilizar para si a classificação de "ortodoxo". Como esse nível de convicção é individual, não se pode dizer que exista um "Movimento Ortodoxo", mas "pessoas ortodoxas" que eventualmente podem ou não se associarem para promoverem ações comuns de maior ou menor contundência.

4) Os ortodoxos consideram o Espiritismo uma religião?
Sendo coerentes com os princípios conceituais da codificação espírita e como nela o Espiritismo se fundamente unicamente como ciência e filosofia, e ainda como os caracteres de uma religião universalmente aceitos se distanciam largamente do ideal e prática espíritas, então os ortodoxos não consideram o Espiritismo uma religião.

5) Os ortodoxos aceitam outros autores espíritas?
Por uma questão de conceito doutrinário, o simples fato de se iniciar uma análise a partir do nome de um autor já contradiz o Livro dos Médiuns, que nos indica a análise de conteúdo, independente de quem seja a autoria . Por principio, a classificação é do conteúdo de uma obra, portanto, e esse conteúdo só pode ser considerado espírita - e consequentemente verossímil - se, ao trazer informações que não estão contidas na codificação ou informações novas, esta obra houver sido submetida aos critérios de aferição de verdade: CUEE, metodologia cientifica ou estiver de acordo com conclusão científica acadêmica inequívoca.

6) Isso significa que autores como Chico Xavier e Divaldo Franco não são espíritas?
Todas as vezes em que esse tipo de indagação se inicia - mais uma vez - pelo nome do autor, ela já indica pressupostos equivocados? O nome do autor não importa para o Espiritismo e sim o conteúdo de suas obras? O apego a nomes é irracional, anti-doutrinário e pode indicar princípios de idolatria personalista, algo absolutamente indesejável. Portanto, a própria pergunta, vinda desta forma, indica vício conceitual, ou seja, parte de uma compreensão incompleta ou equivocada do que vem a ser o Espiritismo. Espírita ou não espírita é o conteúdo de uma obra e não seu autor. No caso citado, há conteúdo doutrinário em algumas obras destes autores tanto quanto existe contradição anti-doutrinária em outras tantas obras destes mesmos autores. Onde há conteúdo doutrinário, ou seja, concordância com a codificação, não é necessária aplicação do CUEE ou outros métodos já descritos. Mas, quando não existe concordância com a codificação e os seus autores não submeteram suas obras a esse tipo de análise crítica, então não podemos aceitar tais obras como verdadeiramente espíritas. Por principio ainda, não há médiuns intocáveis ou perfeitos e portanto, Chico Xavier foi um autor que cometeu diversos equívocos, tantos quantos quaisquer outros que não tenham possuído a objetividade de submeter seus escritos ao que a codificação determina.

7) Algumas pessoas acusam os ortodoxos de promoverem a estagnação do Espiritismo ao rejeitar novas informações. O que pensar disso?
Há duas posturas em relação ao pensamento ortodoxo: desinformação e má fé? Em muitos casos a desinformação já vem recheada de má fé? Por uma questão de lógica doutrinária, os ortodoxos são, na verdade, os únicos que defendem os avanços no Espiritismo. Isso se deve ao fato de que a codificação deixa muito clara que o Espiritismo deve acompanhar a ciência e promover também suas próprias investigações, mas sempre utilizando metodologia racional e crítica. Se a codificação espírita informa que devemos avançar na busca de conhecimento e se os ortodoxos defendem esta mesma codificação, então, por consequência óbvia, os ortodoxos são os maiores interessados na ampliação de conhecimentos e busca de informações novas no meio espírita. O que os ortodoxos combatem é a aceitação irrefletida e sem nenhum viés cientifico de todo tipo de inverdade que é jogada no meio espírita como se realidade fosse. Os ortodoxos recusam qualquer "novidade" que não tenha sido analisada, confrontada pelo CUEE ou investigada com metodologia cientifica. A grande questão é que, de fato, desconhecemos grande número de autores e editoras que aplicam este principio. Nesse caso, o que seria "novidade" para uma pessoa, é um engodo místico para o ortodoxo. Grande parte das "novidades" na verdade atende ao interesse comercial de editoras e de seus defensores, sendo facilmente digeridas pelo grande público porque já foram criadas exatamente para fácil aceitação irrefletida.

8) Nesse caso, os ortodoxos estimulam a investigação cientifica?
O ortodoxo, ou qualquer pessoa que defenda a pureza doutrinária, é o individuo que não abdica do controle científico das informações de natureza espiritual. Algumas destas pessoas procuram se associar para reiniciarem a aplicação do CUEE e de pesquisas cientificas, bem como estimular o meio acadêmico a fazer o mesmo. Infelizmente, o religiosismo e o misticismo reinantes no meio espírita afugentam os cientistas e estruturas institucionais, já que nem nem religiões e nem misticismo possuem qualquer fundamento cientifico - e no caso do misticismo - nenhum viés de seriedade.

9) Quem é um "místico"?
Místico é todo sujeito que aceita proposições supostamente espirituais ou "sobrenaturais" sem submetê-las a qualquer tipo de análise ou aferição metodológica/cientifica de verdade. Existem dois tipos de místicos: aqueles que convictamente o são e aqueles que só o são por condicionamento cultural. No caso do Brasil, dado o intenso sincretismo e o império da maior religião mística do Ocidente, o catolicismo, há uma cultura que privilegia o "mágico e o sensacional". Sendo assim, há uma intensa mistura de conceitos espíritas com anti-conceitos católicos. E como a prática da maior parte das casas espíritas em nosso país é de natureza equivocadamente religiosa, não há interesse ou prática de reeducar o individuo condicionado pelo catolicismo e ele continua mantendo-se entre os dois mundos. Já o místico intencional procura se abrigar em instituições espiritualistas ou desenvolve suas próprias práticas irrefletidas e procura trazê-las para o meio espírita. Via de regra são bem sucedidos neste intento. Neste ultimo caso, o agravante é que o místico procura adaptar o Espiritismo aos seus interesses pessoais ou limitações de ordem moral ou intelectual. Tais pessoas não possuem interesse na coerência doutrinária espírita e combatem, muitas vezes, quem assim procede.

10) Os ortodoxos são inimigos dos místicos?
Por principio, defensores da pureza doutrinária não podem manter pessoas como inimigas. Mas, podem manter intenso combate às idéias que equivocadamente tais pessoas carregam para si e tentam difundir.

11) Tem sido dito que ortodoxo não pratica a caridade e não fala em amor. Isso é verdade?
A prática da caridade e a elevação amorosa são valores individuais e conforme orientação da codificação, devem ser aplicados com discrição e humildade. Ninguém pode medir o nível de amorosidade de outrem ou consegue policiar sua prática caridosa. Grande parte dos ortodoxos, e outros defensores da pureza doutrinária, considera que a pregação moral externada por discurso é o caminho mais fácil para a hipocrisia, pois moral não se prega - se exemplifica. Não podemos e nem temos autoridade para dizer como o outro deve agir. Podemos é estimular a elevação moral de todos começando pela nossa, sem discurso, sem o apelo a textos ou mensagens supostamente "cristãs" e de fácil digestão. A observação atenta indica que o individuo que prega moral e policia moralmente o comportamento alheio não é capaz de sustentar moralmente seu próprio comportamento. Isso é bastante observados nos críticos da ortodoxia: alegam ausência de prática moral dos ortodoxos por meio de impiedosos ataques de cunho pessoal, que incluem ofensas, sarcasmo e exposição de suas vidas particulares. Por um principio doutrinário espírita, o melhor e mais eficaz crítico é justamente aquele que se impõe pelo seu elevado exemplo nas atitudes e comedimento nas palavras. E ainda assim, o mais eficaz crítico se atém às idéias e jamais situa-se sobre um ou outro individuo defensor da pureza doutrinária.

12) Os ortodoxos concordam em tudo entre si?
A ortodoxia, ou a defesa da pureza doutrinária, é um referencial de posturas e não uma instituição fechada. A única coisa em comum e fundamental na ortodoxia é o que está contido no item 2. Mediante o acatamento da necessidade de metodologia cientifica, do CUEE e visão critica, os assuntos doutrinários são abordados com intensa liberdade. Qualquer um que fundamente com honestidade intelectual suas idéias mantendo como base a codificação e textos coerentes com ela ou aferidos, é livre para pensar o que desejar sobre Doutrina Espírita ao se considerar um ortodoxo. Sendo assim, ortodoxos podem, sim, discordar uns dos outros em diversos pontos de entendimento doutrinário. Isso é o exercício da Filosofia Espírita.

13) Alguns ortodoxos são considerados muito rudes no trato com o próximo. O que respondem sobre isso?
Como dito, a ortodoxia é um referencial de posturas. E como também foi dito, não existe patrulhamento moral no Espiritismo. Existem ortodoxos que estabelecem como estratégia de ação o choque cultural e o discurso objetivo e impessoal. Portanto, tanto há no meio ortodoxo quem seja, por isso, considerado frio, como há, de fato quem seja frio ou rude. São atributos de pessoas - não de idéias. Contudo, como, por principio, a codificação nos impele a análise do conteúdo e não da forma (exceto quando a forma quer se tornar mais importante que o conteúdo), há pessoas que supõem que o espírita é o sujeito que fala manso, baixo e chama a todos de "meu irmão" em público. Tais pessoas consideram-se ofendidas quando são tratadas de forma analítica e impessoal e em muitos casos, reagem de forma indignada. Porém, o Evangelho Segundo o Espiritismo nos indica que esperamos do outro uma atitude moralmente elevada, mas não agimos nós mesmos com a mesma elevação de atitude que esperamos. Isso se chama "melindre" e representa uma desestrutura de ordem psicológica ou mesmo moral deste mesmo indivíduo.

14) Mas, quando os ortodoxos defendem a pureza doutrinária, não deveriam ser exemplos de atitude amorosa, visível para todos?
Este tipo de crítica é conhecida e representa um baixo nível de padrão intelectual de retórica. Os ortodoxos não se definem como espíritas perfeitos, tampouco como espíritos puros. E não assumem para si qualidades morais que não possuem. A evolução moral é de natureza íntima, mas parte de uma compreensão ampla da realidade intelectual. Conforme determina a codificação, a evolução moral decorre da evolução intelectual e essa mesma codificação determina que isso segue etapas para se alcançar uma elevação ao nível de perfeição. O ortodoxo assume o que ele é e não vai simular atitudes para admiração externa sem que esteja evoluído para tanto.

0 que defendemos é que o caráter consolador da Doutrina Espírita reside exatamente na sua capacidade de esclarecimento. Nosso compromisso é ampliar essa capacidade de conhecimento de todos - bem como também ampliar a base de conhecimento sobre a realidade universal.

A partir do cumprimento dessa missão de fornecer mecanismos para que as pessoas trabalhem sua evolução moral baseado no conhecimento, a caminhada moral é de cada um. A crítica, no caso, é mais um exemplo de como o crítico não consegue ser melhor do que o criticado, pois pessoas moralmente elevadas não tecem criticas morais sobre ninguém, tampouco patrulham o comportamento alheio. Notoriamente acrescentamos que os espíritos relatores da codificação também não possuem linguagem melíflua ou cheia de dedos para com os leitores. Aliás, as admoestações duras são frequentes.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Advertências e Critérios - Kardec e Erasto


Allan Kardec, no livro "Viagem Espírita m 1862" faz algumas advertências que convém não desprezarmos:
i- Os espíritas NÃO CONSTITUEM nem uma SOCIEDADE SECRETA, nem uma AFILIAÇÃO. Eles NÃO DEVEM, POIS, TER UM SINAL SECRETO para mútua identificação. Eles NADA ENSINAM e NADA PRATICAM que não possa ser conhecido por TODA A GENTE e não têm por conseqüência nada a ocultar.
ii- Os espíritas falam  aos demais sem temor algum "em alto e bom tom". Não temem esconder suas convicções, são seguros e corajosos de afirmar sua opinião.
iii- Se o Espiritismo tivesse  emergido das classes menos esclarecidas, sem nenhuma dúvida a ele estariam enredadas muitas superstições: ele, entretanto, nasceu em meios esclarecidos e só depois de se ter aí depurado e elaborado foi que penetrou, nos dias que correm, nas camadas menos cultas da sociedade, onde chegou desembaraçado, pela experiência e observação, de todas as implicações espúrias. O que poderia realmente SE TORNAR PERIGOSO PARA O VULGO, seria o CHARLATANISMO. Assim sendo, nunca será demais COMBATER, DE MODO CONSTANTE E CUIDADOSO, A EXPLORAÇÃO, FONTE INEVITÁVEL DE ABUSOS, e isso por TODOS OS MEIOS LÍCITOS ao nosso alcance.
iv- A LUZ PENETRA sempre na oficina de trabalho, mesmo SOB A CHOUPANA, à medida que O SOL DA INTELIGÊNCIA se ergue no horizonte e dardeja seus raios mais intensos. As idéias espíritas seguem esse movimento. Elas estão no ar e não é dado a ninguém contê-las. O ÚNICO NECESSÁRIO É DIRIGIR-LHE O CURSO.
v- O PONTO CAPITAL DO ESPIRITISMO É O LADO MORAL. Eis o que é preciso, - mesmo À CUSTA DE TODO E QUALQUER ESFORÇO, - fazer COMPREENSÍVEL, e, note-se, que é assim que ele é visto, mesmo nas classes menos esclarecidas. Por esse motivo  o seu efeito moralizador já é manifesto.
vi- O Espiritismo tem inimigos, como toda e qualquer idéia nova os tem. Uma idéia que se estabelecesse sem oposições, , seria um fato que poderíamos ter como miraculoso. E ainda há mais: quando mais falsa e absurda, menos encontrará adversários, enquanto que os terá em número tanto maior quanto mais ela FOR VERDADEIRA, JUSTA e ÚTIL. Esta é uma conseqüência natural do estado atual da Humanidade.
vii- Toda IDÉIA NOVA, vem necessariamente, suplantar uma IDÉIA VELHA. Se ela é falsa, ridícula ou impraticável, ninguém lhe dá importância, pois que, instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na morrer de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que, a qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados em manter a idéia antiga. Estes a combaterão e com tanto mais ardor quanto melhor perceberem o perigo que representam aos seus interesses.
No meio espírita ainda ocorrem entrechoques de idéias, pois grande parte de seus adeptos conservam em seus espíritos os ranços de doutrinas conservadoras e dogmáticas. Ainda vivemos num entrechoque de idéias onde se põem em confronto acirrado NOVAS e VELHAS, CERTAS e ERRADAS, BOAS e MÁS, num conflito que um dia o genial Leonard Da Vinci simbolizou perfeitamente ao dizer: "Dentro de cada homem existe um Deus e um Demônio em luta acirrada pela supremacia da RAZÃO". São os antagonismos duais que se estabelecem pondo-se em confronto o positivo e o negativo, a tese e a antítese. Quando isto vai terminar? Quando o homem encontrar o ponto de equilíbrio entre o que é e o que não é, quando adotar um critério seguro para verificação da verdade.
viii- Há algo de mais pernicioso ao Espiritismo do que os ataques apaixonados dos seus adversários. É O QUE OS PSEUDO ADEPTOS PUBLICAM EM SEU NOME. Certas publicações são simplesmente lamentáveis, uma vez que oferecem da doutrina espírita uma IDÉIA FALSA e a EXPÕEM ao RIDÍCULO.
ix- Mas para sopesar o efeito dessas DISSIDÊNCIAS, basta observar o quanto passa. Em que SE APÓIAM ELAS? Em opiniões individuais que podem reunir algumas pessoas, pois NÃO HÁ IDÉIAS, POR MAIS ABSURDA que seja, que não encontre participantes.
x- O erro leva consigo, quase sempre, o seu remédio. E o seu reino, por outro lado, nunca é eterno. Cedo ou tarde, enceguecido por uns poucos sucessos efêmeros, faz-se vítima de uma espécie de vertigem e curva-se ante as aberrações que precipitam sua queda.
xi- Esses erros provêm quase sempre de Espíritos levianos, sistemáticos ou pseudo sábios, que se comprazem vendo editadas suas fantasias e utopias e isso por homens que conseguiram enleiar a ponto de fazê-los aceitar, de olhos fechados, tudo quanto lhes debitam, oferecendo alguns poucos grãos de boa qualidade e meio ao joio.
xii- Mas publicá-las pura e simplesmente, apresentá-las como EXPRESSÃO DA VERDADE e garantir a AUTENTICIDADE DAS ASSINATURA, que o BOM SENSO NÃO PODE ADMITIR, nisso está o inconveniente!
xiii- NO INTERESSE DA DOUTRINA, convém, pois, fazer uma ESCOLHA MUITO SEVERA, em semelhantes casos e pôr de lado, com cuidado, tudo quanto pode, por uma causa qualquer, produzir uma ruim impressão. É assim que o médium, conformando-se a esta regra, poderá apresentar uma compilação instrutiva, capaz de atrair as atenções e ser lida com interesse; mas é também assim que, publicando tudo quanto recebe, sem método e sem discernimento, será capaz de apresentar muitos volumes detestáveis, cujo inconveniente menor será o de não serem lidos.
xiv- É PRECISO QUE SE SAIBA que o ESPIRITISMO SÉRIO se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o PAÍS DE ONDE PROVÉM, mas que, igualmente, repudia todas as PUBLICAÇÕES EXCÊNTRICAS. Todos os espíritas que de coração, vigiam para que a DOUTRINA NÃO SEJA COMPROMETIDA, DEVEM, POIS, SEM HESITAÇÃO, DENUNCIÁ-LAS, tanto mais porque, se algumas delas são PRODUTOS DA BOA FÉ, outras constituem TRABALHO DOS PRÓPRIOS INIMIGOS DO ESPIRITISMO, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, É NECESSÁRIO QUE SAIBAMOS DISTINGUIR AQUILO QUE A DOUTRINA ESPÍRITA ACEITA DAQUILO QUE ELA REPUDIA.
O pensamento de Erasto - Espírito arguto e sábio, a respeito desse milenar conflito, é claro e inequívoco: " Tive que vos falar assim, porque era necessário vos premunir contra um perigo, que era meu dever assinalar." "Não temais desmascarar os embusteiros.".
Eis em síntese as recomendações fundamentais que nortearam os rumos da CODIFICAÇÃO ESPÍRITA e que há muito foram incompreensivelmente deixadas de lado:
1- "Tende por regra que os fenômenos espíritas não servem para espetáculos e divertimento dos curiosos."
2- "... lembrai-vos de que, se é absurdo repelir sistematicamente todos os fenômenos de Além Túmulo, também não é prudente aceitá-los de olhos fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido  a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado, severo." (O Livro dos Médiuns)
3-"Os maus médiuns, que abusam ou empregam mal as suas qualidades, sofrerão triste conseqüência, como já aconteceu com alguns. Eles aprenderão à própria custa o que devem  pagar ao reverterem EM PROVEITO DE SUAS PAIXÕES TERRENAS um dom que Deus lhes concedeu para seu progresso moral." (O Livro dos Médiuns).
4- "... raramente os Espíritos superiores se comunicam por seus condutores, quando podem dispor de bons médiuns. Os médiuns levianos, pouco sérios, chamam Espíritos da mesma natureza. Suas comunicações se caracterizam pela banalidade, pela frivolidade, por palavras truncadas (...). Certamente podem dizer, e dizem às vezes, boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é precisamente  nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e escrupuloso" (O Livro dos Médiuns).
5- "Na dúvida, abstém-te, diz um sábio provérbio antigo. NÃO ADMITAIS, POIS, O QUE NÃO FOR  PARA VÓS DE EVIDÊNCIA NEGÁVEL. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a sempre pelo crivo da razão e da lógica. O que o bom-senso e a razão reprovam, rejeitai corajosamente. MAIS VALE REJEITAR DEZ VERDADES DO QUE ADMITIR UMA ÚNICA MENTIRA, UMA ÚNICA TEORIA FALSA. ( O Livro dos Médiuns - parte II, cap. XX-30).
6- "O médium é o individuo que serve de traço de união aos Espíritos, a fim de que estes possam comunicar-se com os homens, Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium nada de comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, nem de qualquer outra espécie." (O Livro dos Médiuns).
7- "... cuidado, porque entre os chamados para o Espiritismo, muitos se desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho e buscai a verdade." (O Livro dos Médiuns - cap. XX-04).
8-"Não se confia o comando de um exército senão a um general hábil e capaz de o dirigir (...). Ficai certos de que Deus só confia missões importantes aos que são capazes de as cumprir, porque as grandes missões são pesados fardos, que esmagariam os carregadores demasiados fracos." (O Evangelho segundo o Espiritismo - cap. XXI-9).
9- "Desconfiai dos FALSOS PROFETAS. Esta recomendação é útil em todos os tempos, mas sobretudo nos momentos de transição, em que, como neste, se elabora uma transformação da Humanidade. Porque, nesses momentos, uma multidão de AMBICIOSOS e FARSANTES se arvoram em REFORMADORES e MESSIAS. É contra esses impostores que se deve estar em guarda e o DEVER DE TODO HOMEM HONESTO É DESMASCARÁ-LOS (...). Já se viram desses impostores apresentarem-se como apóstolos do Cristo (...) e para vergonha da Humanidade, ENCONTRAM-SE PESSOAS BASTANTE CRÉDULAS para aceitarem as suas IMPOSTURAS.
10- O Espiritismo vem revelar outra categoria de falsos profetas, bem mais perigosa que não se encontra entre os homens, mas entre os desencarnados. É O DOS ESPÍRITOS ENGANADORES, HIPÓCRITAS, ORGULHOSOS e PSEUDO-SÁBIOS que (...) se disfarçam com NOMES VENERÁVEIS, para procurar, através da MÁSCARA QUE USAM, tornar as suas idéias, freqüentemente as mais BIZARRAS e ABSURDAS." (O Evangelho segundo o Espiritismo).

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Sol Quadrado


Recordo-me de frases ditas pelo parapsicólogo espírita Clovis Nunes no debate com o Padre Quevedo, que foi ao ar há alguns anos no quadro o Caçador de Enigmas, no Fantástico.

“...eu fico mais convicto de duas coisas que aprendi a aprender ao longo das minhas experiências... Primeiro: O nível de convicção de uma pessoa não é nenhuma garantia de que ela esteja certa. Segundo: Estou cada vez mais convencido de que as pessoas só acreditam naquilo que querem e naquilo que podem.”

Sei que não faltará quem diga que essas duas frases podem servir tanto para mim, quanto para outros, tanto para quem tem certeza do que diz, mesmo não havendo nenhuma garantia de que a razão realmente esteja com ela, quanto para aquele que tem garantias lógicas e racionais do que o que ela diz está certa.  Então como poderemos saber com quem está a razão, se todas estão convictas de estarem certas em seus posicionamentos?

Como disse Clovis Nunes, as pessoas podem estar convictas que aquilo que acreditam está certo, pois é assim que querem e podem crer, até por que crer na ilusão é mais fácil de aceitar do que o fato, do que a realidade e deste modo a pessoa acredita na ilusão por mais absurda que possa parecer  e a faz pensar que a “razão” esteja com ela. Mas, indo a fundo na semântica da palavra ‘razão’, vemos que  ela deriva da palavra “raiz”, ou seja, estar com a razão sobre qualquer coisa significa  descer até a raiz do assunto, analisá-lo em profundidade e profundidade quer dizer não ficar na superficialidade do “parece mas não é” no achismo.

Eu gosto muito de usar uma outra frase, do seriado CSI, dita pelo personagem Gil Grissom que falava: "Eu não acredito nas pessoas, eu acredito nas evidências. Pessoas mentem, evidências não."

E o que são as evidencias senão fatos?  Quando Grissom diz que as pessoas mentem, ele não está dizendo que as pessoas sempre mentem de maneira deliberada, mas podem mentir até mesmo por ignorar a verdade  ou por estarem emocionalmente envolvidas e neste caso, não se pode dar credito ao que elas dizem, enquanto as evidencias, por serem fatos que vem a tona – estarem evidentes, serem objetivas – são sempre criveis.

No jargão jurídico há uma frase que define bem a frase de Grissom, que é a que diz que “a testemunha é a prostituta das provas”, até por que a testemunha pode prostituir a prova, ou seja, ela pode mentir sobre os fatos ocorridos, enquanto que as evidencias materiais nunca mentem, ou seja, estas dizem como as coisas se deram, até pelo aspectos científicos envolvidos em suas analises. Ou seja, objetividade e racionalidade nas evidencias em vez da subjetividade e parcialidade das pessoas envolvidas.

Darei dois exemplos. O primeiro com um fato bem palpável, pois a evidencia é material, está bem visível para todos:  o formato do sol. Qual é?

Qualquer criança sabe que o sol tem forma esférica. Mas, sempre haverá quem, por passar anos preso numa cela, vendo o sol nascer por entre as grades de uma janela, acreditará que  o sol é quadrado. Mas, o fato de ver o sol parecer quadrado, não infirma  a verdadeira forma do sol, a esférica, apenas pelo ponto de vista da pessoa, pela opinião da pessoa.

E qual a moral da história?
  • O sol esférico representa o fato evidente.
  • O sol quadrado representa a fantasia a que o preso se acostumou e toma por fato evidente sem no entanto ser nem fato e nem evidente.
  • O preso representa o ser acorrentado como prisioneiro de suas próprias ilusões.
  • A janela com grades da cela representa os livros tido como espiritas, que lhe dão a falsa impressão de liberdade, sem perceber que está preso e que a verdadeira liberdade está fora da prisão em que se acostumou a ver o sol quadrado.
  • O sol nascer quadrado, a expressão opiniatica da pessoa,  não infirma  que o que o espiritismo diz é este sim o fato, este sim a evidencia, este sim  é a fé raciocinada, pois o fato independe do que as pessoas digam, apenas por acharem que  suas opiniões são mais importantes do que os fatos.

E vemos opiniões deturpadas  dos fatos na questão moral, por exemplo. O pessoal opiniático cobra dos outros uma conduta moral que eles mesmo não tem, fazendo da máxima “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”, uma verdade, mesmo sem dizer uma virgula dessa frase, pois eles mesmo se acham o exemplo de moralidade e que eles não precisam se vigiar, mas que eles sim, bancando os guardiões da moralidade alheia e que precisam vigiar os outros.

Para encerrar. E o livro Nosso Lar, tido como verdade por muitos? Onde estão as evidencias dele que levaram milhares de espiritas a acreditarem que o que está ali, nele é a pura verdade? Eu não vi nenhuma evidencia a favor do livro Nosso Lar, só vi pessoas dizendo  coisas a favor, se é que posso dizer “a favor”, mas vejo um monte de evidencias fortes quando se trata de ser contrario ao livro e todas estão em (dês)acordo com o que a codificação diz.

Resta a pergunta a eles: Nosso Lar é um exemplo de sol quadrado que eles vêem como sol esférico? Se não for, me apresentem as evidencias que não é um sol quadrado. É o desafio que faço.


                                                                                                    

                                                                                                            

domingo, 14 de agosto de 2011

Matrix : Qual Pílula Você Escolhe?




No primeiro filme da trilogia temos um conceito determinante que permeia toda a série com um lado filosófico tão sutil quanto profundo e que paramos muito pouco para pensar: a questão da verdade em oposição ao ilusório.

O personagem Neo procurava a resposta, nas palavras de Trinity, à “pergunta que nos impulsiona”: o que é a verdade? Morpheus lhe responde: "Que você é um escravo” e lhe explica que o mundo no qual vive não é o mundo real e verdadeiro. E Morpheus (nem vão este nome, dado que é o Deus dos Sonhos na mitologia grega) dá a possibilidade a Neo de escolher entre tomar a pílula azul ou a vermelha. Tomando a azul, Neo voltará à sua ilusória e superficial vida; se optar pela pílula vermelha, conhecerá a verdade que está por detrás do mundo que julga ser real. Neo arrisca e opta pela pílula vermelha, conhecendo, finalmente, a complexa verdade por detrás do seu mundo de aparências.

A partir deste simples enunciado entre a dicotomia do mundo real e do mundo ilusório ou aparente, levantam-se muitas leituras filosóficas e religiosas. Estas pílulas representam, também, uma metáfora da condição humana: o homem que se resigna de forma dogmática e aceita passivamente tudo o que existe à sua volta ou o homem que deseja libertar-se e conhecer a verdade absoluta das coisas e o acesso ao conhecimento?

E essa dualidade existente em Matrix vai desde o nome “matrix”, que vem do sânscrito “maya”, que significa ‘ilusao’ e do complemeto “trix”, que significa três , que no hinduismo representa as 3 ilusoes, que ocultam a realidade: a ilusão física, a ilusão psíquica e a ilusão espiritual.
Outras fontes que inspiraram Matrix foram “Alice Através do Espelho”, onde Alice tem que escolher entre beber o liquido azul ou o liquido vermelho. Ou a “Alegoria da Caverna” de Platão, em que se prova que os homens podem viver no mundo das sombras julgando que representam a realidade das coisas.


Mas, e o espiritismo? Qual a relação de tudo isso (sânscrito, hinduismo, Alice, Platão, realidade x ilusão) com o espiritismo? Nada, se pensarmos que não está tacitamente escrito na codificação, mas muito se ousarmos pensar fora do quadrado em que fomos acondicionados e particularmente, eu acho que a reflexão tem muito a ver com o espiritismo, pois o que se vê são diversos espiritas vivendo ilusões como se verdades fossem, vivendo sem refletirem a pílula azul que optaram em tomar, numa ilusória e superficial vida de crenças. Já outros, mas sabiamente, preferiram conhecer a complexa verdade por detrás do mundo de aparências e optaram pela pílula vermelha.

Qual pílula voces preferem: a azul, de André Luiz, Emmanuel e Joanna, entre outros ou a vermelha, de Kardec e da Codificação?


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amy Winehouse, o Clube dos 27, Drogas e Maldição.




Kurt Cobain, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kristen Pfaff, Robert Johnson, Jacob Miller, Ron Mckernan, Pete Ham, Mia Zapata, Jeremy Michael Ward, Alan Wilson e Amy Winehouse. Todos tem em comum terem sido ligados à música,  serem usuários de drogas  e terem morrido com 27 anos de idade, o que levou a mídia e populares que seguem a mídia a chamarem esse grupo de  Clube dos 27, aludindo a uma pretensa maldição dos 27 anos que teria vitimado estes cantores.

Mas, o que é uma maldição? O que o Espiritismo diz a respeito de maldições?

Definindo maldição temos o verbete da wikipedia que diz: "Maldição é a ação efetiva de um poder sobrenatural, caracterizada pela adversidade que traz, sendo geralmente usada para expressar o azar ou algo ruim na vida de uma pessoa. Antigamente era algo semelhante a um "Feitiço" ou Encantamento", mas que só causa o mal à pessoa. Algumas pessoas acreditam que uma maldição pode até matar. A maldição foi manifestada primeiramente nos relatos biblicos. A maldição não pode ser revogada até que um poder espiritual superior intervenha trazendo libertação."


Poder Sobrenatural, quer dizer que foge as leis naturais que está além da natureza. Mas, o espiritismo diz que se foge as leis naturais é por que ou não existe ou então se trata de algo não  compreendido e passa por sobrenatural, pois não se conhece todas as leis naturais. Mas o que o Espiritismo fala textualmente sobre maldições?

A questão 557 de O Livro dos Espíritos pergunta: "Podem a bênção e a maldição atrair o bem e o mal para aquele sobre quem são lançados?"

E os espíritos respondem: “Deus não escuta a maldição injusta e culpado perante ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a bênção e a maldição podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que a merece.”

Então segundo essa resposta a maldição pega? Se os espíritos falaram em maldição injusta, que Deus não escuta, então há maldições que são justas e essa Deus escuta? Não concluamos tão apressadamente, senão incidiremos no erro de achar que Deus é um ouvidor que decide quem merece e quem não merece ser amaldiçoado e estaremos assim antropomorfizando Deus. Entendamos da seguinte maneira:

O responsável por tudo e por todos os acontecimentos são os pensamentos. Tanto as bênçãos como as maldições são forças mentais que se concentram na mente pelas forças dos sentimentos e são emitidos em direção àqueles que propomos ser o alvo das nossas intenções. Em outras palavras, a consciencia (que é onde está escrita a lei de Deus) culpada fará com  que o ser "amaldiçoado" acredite no poder da maldição pelo poder da sugestão, que qualquer coisa  de ruim que lhe aconteça é efeito da maldição "que pegou" e nesse caso, por ser a consciencia culpada atuando, a dita maldição é justa. Como visto, nada de sobrenatural, mas perfeitamente explicado, dentro das leis naturais.

Mas, e o Clube dos 27?  E a maldição dos 27? Simplesmente não houve maldição alguma. O que houve foi uma coincidencia estatística pelo fato deles usarem drogas pesadas como heroina e cocaina desde cedo ou em altas doses, embora não seja possivel precisar sobre quanto tempo o corpo  de uma pessoa resiste a uma rotina de abusos de drogas e alcool, o que é possivel se afirmar é que quando mais jovem uma pessoa comece a usa-los. mais cedo terá problemas.

Ou seja, os cantores que morreram aos 27 anos, foi uma triste coincidencia estatistica devido a varios fatores como o tempo em que se consumiu uma grande quantidade de drogas. Nenhuma maldição, a não ser, é que podemos chamar de maldição só a das drogas.





terça-feira, 9 de agosto de 2011

A “Compreensão e a Bondade” De Alguns Espíritas

O presente artigo a seguir foi concebido originalmente na forma de um tópico postado na comunidade Espiritismo, do Orkut, em meados de 2010, logo após um debate em outra comunidade também de nome Espiritismo, em que os membros da mesma apresentaram comportamento que são retratados no texto não apenas comigo mas como com outras pessoas que apresentavam visões diferentes das deles em diversos outros temas.

 Após eu ter postado o tópico na primeira Espiritismo, o texto foi elogiado por muitos e republicado em outras comunidades tais como a Eu Sou Espírita-Espiritismo, a Espíritas do Brasil e na Espiritismo Com Profundidade.

O artigo original é o seguinte (em azul):

Interessante notar, e imprescindível reconhecer como alguns espíritas são contraditórios em suas posições, pois muitos querem aparentar uma santidade que, em verdade, não possuem, em relação a pessoas estranhas ao espiritismo, mas perante outros espíritas não demonstram a mesma compreensão e bondade que alardeiam serem necessárias.

Nos casos recentes do casal Nardoni e do goleiro Bruno, ambos os casos envolvendo crimes de homicídio com requintes de crueldade, alguns espíritas, se manifestaram no sentido do “não julgueis” aos acusados e em um velho jargão do “oremos pelos assassinos”. Até aí, tudo estaria bem e no pleno direito de liberdade de opinião, que assiste a todos, porém esse mesmo direito não se verifica quando outros espíritas, indignados com a barbaridade dos crimes, advogaram a punição exemplar dos culpados e foram desrespeitados por aqueles primeiros no direito de opinar diferentemente deles. 

Mas, o que chama a atenção é uma postura até hipócrita desses alguns espíritas que defendem o “não julgar” e o “oremos por eles”, pois não observam os próprios conselhos quando se apressam em julgar os espíritas ortodoxos quando estes criticam ou questionam algum posicionamento de Emmanuel e André Luiz. Onde está o discurso do “não julgueis”? Só vale para fazer papel de bonzinho perante quem não os conhece, mas para não julgar os ortodoxos não vale? Onde está a mesma compreensão e bondade desses alguns espíritas em relação a outros espíritas que “ousam” pensar diferente e fora do quadrado dos primeiros?

E essa postura, desses alguns espíritas vai até mesmo contra o que eles mesmo pregam, pois repetem ensinamentos de Jesus – que conhecem apenas na superfície e não em profundidade – pois, o mesmo diz “seja o vosso falar, sim sim, não não”. Incoerente, não?

Em relação aos envolvidos em crimes hediondos, dizem:
"Sejamos tolerantes com eles, meus irmãos!!! Não podemos faltar com a caridade a eles. Precisamos aprender a entender essas coisas. Lembre que Jesus ensinou-nos a amar os nossos inimigos!"

Engraçado, devemos amar os nossos inimigos, mas sermos rigorosos e cruéis com os próprios espíritas. Onde está o bom senso?

Agora, vejamos o outro lado:

Quando um outro espírita simplesmente questiona que a existência de colônias ou algo que Emmanuel ou André Luiz falaram, aí aparecem outros espíritas com todos os mísseis contra ele, atacando-o de forma implacável, chamando-o de louco, herege discriminando-o, incentivando os outros a se afastarem dele, como se fosse praticante de crime hediondo, só por pensar diferente.

Se você, que é um dos elementos que constituem esse universo de contradição espírita, quiser contra argumentar, alegando que eu estou dando o exemplo da agressão aqui, reflita também, porque eu, pelo menos, não ando me dizendo puro, doutrinariamente perfeito, praticante de falas mansas, do "Muita Paz, meu irmão" e de toda essa postura "santificada" que alguns tentam se mostrar. Muito pelo contrário, identifico-me para todos como eu realmente sou. Então eu posso falar o que quero.

Quem não pode é o espírita que se acha o máximo conhecedor da Doutrina, o defensor da pureza, da moralidade, da decência e da coerência, porque, se for puro mesmo, verdadeiramente, deve ser o primeiro a dar o exemplo.

Quem é puro, não ataca ninguém, não critica ninguém, não aponta dedo sujo para ninguém e para concluir repito: podem achar a vontade que se deva não julgar e orar pelos criminosos, mas respeitem o direito dos outros de pensarem diferentemente, mas uma sanha doentia contra os ortodoxos, em que sobram incompreensão, acusações e julgamentos em tópicos repetitivos sobre e contra eles é falta do que fazer e uma tremenda falta de coerência com o que alguns espíritas fazem em relação a tão apregoada caridade que eles mesmos dizem ter e ser tão necessária, pois fora dela não há salvação. 

Então, se não são compreensivos, bondosos e sobretudo caridosos, para com opiniões diferentes de outros espíritas, não estão “salvos”.

Um dos comentários feitos, concordante com o exposto no tópico, foi o seguinte: "É doentio e vergonhoso os ataques a qualquer ideia ortodoxa,ou seja qualquer ideia que seja contraria a opinião de que a DOUTRINA espirita seja uma religião.

Eu acho que a base fundamental é isso.Como PREGAM que o Espiritismo seja religião,tendem a se manifestar como "santos irmãos" no trato com quem principalmente vem pedir ajuda,adoram postar mensagens de lição de moral,dizem que defendem uma "postura moralmente correta",mas não se asseguram atraves do exemplo,mas sim do "faça o que eu digo mas não o que eu faço"....

combatem pessoas(que nem conhecem) E comunidades,alegando que essas pessoas "não são espiritas",mas é tão contraditório,pq pregam uma religião UNA, ou seja: combatem os espiritas,dizendo que não são espiritas "verdadeiros",pq não são cristãos,mas pregam pelos quatro cantos orkuticos de que "a nossa religião é para todos".(hã?)

é muita incoerencia...

resumindo está  tudo nessa tua frase:

"Engraçado, devemos amar os nossos inimigos, mas sermos rigorosos e cruéis com os próprios espíritas. Onde está o bom senso?"

pois é amigo,onde esta o BOM SENSO?...eu acho que esse tal bom senso está doente ou inesiste na maioria dessas pessoas"


Outro comentário feito foi: Essa coisa de não "julgar" criminosos me parece muito mais uma total falta de sensibilidade perante as injustiças e as inferioridades humanas do que propriamente um ato de bondade ou coisa do tipo.

Os homens bons jamais deixam de sentir repulsa pelo crime.


Infelizmente, os espíritas, ditos cristãos, que na maioria deles idolatram médiuns e espíritos, principalmente se tem renomes, perderam o hábito de debaterem com profundidade, com bom senso e ficaram apenas na superficialidade e não admitem terem seus pontos de vistas questionados, e passaram a ver todos os ortodoxos como vilões a serem combatidos. E eles que agem dessa maneira, como guardiões implacaveis contra a ortodoxia, é que são bons e compreensivo. . 

Deus me livre  de ser bom e compreensivo como eles.

sábado, 6 de agosto de 2011

Mensagem de Erasto Aos Espíritas De Bordeaux (Que Serve Também Aos Espíritas De Hoje do Brasil)

Erasto foi um dos espíritos que participaram da Codificação Espírita e deixou várias mensagens e ensinamentos. principalmente no Livro dos Médiuns e na Revista Espírita, entre eles o que diz que é "melhor rejeitar 10 verdades do que aceitar uma só mentira" e o alerta feito por ele, na Revista Espírita de 1861 aos espíritas de Bordeaux sobre os perigos que encarnados e desencarnados mistificadores ofereciam à unidade doutrinária e esse alerta feito em 1861 aos espíritas mostra-se hoje mais atual do que nunca, pois espíritas brasileiros e espíritos, com suas comunicações melífluas e sem objetividade fragmentaram a unidade doutrinária, a qual se torna imprescindivel recuperarmos.

Mas, vamos ao alerta de Erasto:


Que a paz do Senhor esteja convosco, meus bons amigos, a fim de que nada venha perturbar a boa harmonia que deve reinar num centro de espíritas sinceros! Sei quão profunda é a vossa fé em Deus e quanto sois fervorosos adeptos da nova revelação. Eis por que vos digo, com toda a efusão de minha ternura, que todos nós ficaríamos desolados – nós que somos, sob a direção do Espírito de Verdade, os iniciadores do Espiritismo na França – se a concórdia, de que até hoje destes provas brilhantes, viesse a desaparecer do vosso meio; se não tivésseis dado o exemplo de uma sólida fraternidade; se, enfim, não fôsseis um centro sério e importante da grande comunhão espírita francesa, eu teria deixado esta questão na sombra. Mas se a levantei é que tenho razões plausíveis para vos convidar a manter a união, a paz e a unidade de doutrina entre os vossos diversos grupos


Sim, meus caros discípulos, aproveito diligentemente esta ocasião, que nós mesmos preparamos, para vos mostrar quanto seria funesta ao desenvolvimento do Espiritismo e que escândalo causaria entre vossos irmãos de outras terras a notícia de uma cisão no centro que nos encantou mencionar até agora, por seu Espírito de fraternidade, a todos os outros grupos, formados ou em formação. 


Não ignoro, como não deveis ignorar, que recorrerão a todos os meios para semear a divisão entre vós; que vos armarão ciladas; que semearão emboscadas de toda sorte em vosso caminho; que vos oporão uns aos outros, a fim de fomentar a divisão e levar a uma ruptura, sob todos os aspectos lamentável. Mas podereis evitar tudo isto, praticando os sublimes preceitos da lei de amor e de caridade, em primeiro lugar diante de vós próprios e, a seguir, diante de todos.


Não; estou convencido de que não dareis aos inimigos de nossa santa causa a satisfação de dizer: “Vede esses espíritas de Bordeaux, que nos mostravam como marchando na vanguarda dos novos crentes. Nem sequer sabem estar de acordo entre si!” Eis, meus caros amigos, onde vos esperam e onde nos esperam a todos. Vossos excelentes guias já vos disseram:Tereis de lutar não só contra os orgulhosos, os egoístas, os materialistas e todos esses infelizes que se acham imbuídos do espírito do século, mas, ainda e principalmente, contra a turba dos Espíritos enganadores que, encontrando em vosso meio uma rara reunião de médiuns, pois a tal respeito sois os mais favorecidos, logo virão assaltar-vos: uns, com dissertações sabiamente combinadas, nas quais, graças a algumas tiradas piedosas, insinuarão a heresia ou algum princípio subversivo; outros, com comunicações abertamente hostis aos ensinos dados pelos verdadeiros missionários do Espírito de Verdade


Ah! crede-me, não temais desmascarar os velhacos que, novos Tartufos, se introduziriam entre vós sob a máscara da religião; sede igualmente impiedosos para com os lobos devoradores, que se ocultariam sob peles de cordeiro. Com a ajuda de Deus, que jamais invocais em vão, e com a assistência dos Espíritos bons que vos protegem, ficareis inquebrantáveis em vossa fé; os Espíritos maus vos acharão invulneráveis e, quando virem suas flechas tornar-se menos afiadas contra o amor e a caridade que vos animam o coração, retirar-se-ão confusos de uma campanha onde não terão colhido senão a impotência e a vergonha. Encarando como subversiva toda doutrina contrária à moral do Evangelho e às prescrições gerais do Decálogo, que se resumem nesta concisa lei:Amai a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos, ficareis invariavelmente unidos.


Aliás, em tudo é preciso saber submeter-se à lei comum: a ninguém cabe subtrair-se ou querer impor sua opinião e seu sentimento, quando estes não forem aceitos pelos outros membros de uma mesma família espírita; e nisto eu vos convido encarecidamente a vos modelardes pelos usos e regulamentos da Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, onde ninguém, seja qual for a sua posição, idade, serviços prestados ou autoridade adquirida, pode substituir, por sua iniciativa pessoal, a da Sociedade de que faz parte e, a fortiori, engajá-la no que quer que seja, por expedientes que ela não aprovou. Dito isto, é incontestável que os adeptos de um mesmo grupo devem ter uma justa deferência para com a sabedoria e a experiência adquiridas. A experiência não é atributo do mais velho, nem do mais sábio, mas do que se ocupou com mais tempo e com mais proveito para todos, de nossa consoladora filosofia. Quanto à sabedoria, cabe a vós examinar aqueles que, entre vós, seguem e praticam melhor os preceitos e as leis.


Entretanto, meus amigos, antes de seguir vossas próprias inspirações, não esqueçais de que tendes os vossos conselhos e vossos consultores etéreos a consultar, e estes jamais vos faltarão, quando solicitardes com fervor e com um objetivo de interesse geral. Para isso, necessitais de bons médiuns e aqui os vejo excelentes, no meio dos quais não tendes senão que escolher. Por certo sei perfeitamente que a Sra. e a Srta. Cazemajoux e alguns outros possuem qualidades mediúnicas no mais alto grau e nenhuma região, eu vo-lo repito aqui, é mais bem favorecida a esse respeito do que Bordeaux.


Eu tive de vos fazer ouvir uma voz um tanto mais severa, meus bem-amados, quanto o Espírito de Verdade, mestre de todos nós, mais espera de vós. Lembrai-vos de que fazeis parte da vanguarda espírita e que, assim como o estado-maior, a vanguarda deve a todos o exemplo de uma submissão absoluta à disciplina estabelecida. Ah! vossa tarefa não é fácil, pois é a vós que incumbe o trabalho de levar, com mão vigorosa, o machado às sombrias florestas do materialismo e perseguir até as suas últimas trincheiras os interesses materiais coligados. Novos Jasões, marchai à conquista do verdadeiro tosão de ouro, isto é, dessas idéias novas e fecundas que devem regenerar o mundo; mas, então, já não marchais no vosso próprio interesse, nem mesmo no interesse da geração atual, mas sobretudo no interesse das gerações futuras, para as quais preparais os caminhos. Há nesta obra um sinal de abnegação e de grandeza que ferirá de admiração e de reconhecimento os séculos futuros, de que Deus, crede-me, saberá vos levar em conta. 


Tive de falar como falei porque me dirijo a criaturas que escutam a razão; a homens que perseguem seriamente um fim eminentemente útil: a melhoria e a emancipação da raça humana; enfim, a espíritas que ensinam e pregam pelo exemplo, que o melhor meio para lá chegar está na prática das verdadeiras virtudes cristãs. Tive de vos falar assim porque era preciso vos prevenir contra um perigo, que era meu dever assinalar; venho cumpri-lo. Assim, agora, posso encarar o futuro sem inquietação, porque estou convencido de que minhas palavras aproveitarão a todos e a cada um; e que o egoísmo, o amor-próprio e a vaidade não terão, doravante, nenhum poder sobre corações onde, sem qualquer limite, reine a verdadeira fraternidade.


Vós vos lembrareis, espíritas de Bordeaux, que a vossa união é o verdadeiro encaminhamento para a união e a fraternidade universal. A esse respeito sinto-me feliz, muito feliz, de poder constatar claramente que o Espiritismo vos fez dar um passo à frente. Recebei, pois, nossos cumprimentos, pois aqui falo em nome de todos os Espíritos que presidem à grande obra da regeneração humana, por terdes, por vossa iniciativa, aberto um novo campo de exploração e uma nova causa de certeza aos estudos dos fenômenos de além-túmulo, por vosso pedido de filiação, não mais como indivíduos isolados, mas como grupo compacto, à Sociedade iniciadora de Paris. Pela importância dessa iniciativa, reconheço a alta sabedoria de vossos guias principais e agradeço ao meigo Fénelon e seus fiéis auxiliares Georges e Marius, que com ele presidem às vossas piedosas reuniões de estudo. Aproveito esta circunstância para igualmente dar um testemunho brilhante aos Espíritos Ferdinand e Félicia, que todos conheceis. Embora esses dignos colaboradores tenham apenas feito o bem pelo bem, é bom que saibais que é a esses modestos pioneiros, secundados pelo humilde Marcelin, que nossa santa doutrina deve ter prosperado tão rapidamente em Bordeaux e no sudoeste da França.


Sim, meus crentes fiéis, vossa admirável iniciativa será seguida, bem o sei, por todos os grupos espíritas formados com seriedade. É, pois, um passo imenso à frente. Compreendestes, e todos os vossos irmãos compreenderão como vós, que vantagens, que progressos, que propaganda resultarão da adoção de um programa uniforme para os trabalhos e estudos da doutrina que vos revelamos. Fique bem entendido, apesar disso, que cada grupo conservará sua originalidade e sua iniciativa particular; mas, fora de seus trabalhos particulares, terá de se ocupar com diversas questões de interesse geral, submetidas a seu exame pela Sociedade central, e resolver várias dificuldades cuja solução, até hoje, não pôde ser obtida dos Espíritos, por razões que seria inútil desenvolver aqui.



Recearia vos ofender se ressaltasse aos vossos olhos as conseqüências que advirão dos trabalhos simultâneos; quem ousará, então, contestar uma verdade, quando esta for confirmada pela unanimidade ou pela maioria das respostas mediúnicas, obtidas simultaneamente em Lyon, Bordeaux, Constantinopla, Metz, Bruxelas, Sens, México, Carlsruhe, Marselha, Toulouse, Mâcon, Sétif, Argel, Oran, Cracóvia, Moscou, São Petersburgo, como em Paris?

Eu vos entretive com a rude franqueza de que me sirvo para falar aos vossos irmãos de Paris. No entanto, não vos deixarei sem testemunhar minhas simpatias, justamente conquistadas, a esta família patriarcal, onde excelentes Espíritos, incumbidos de vossa direção espiritual, começaram a fazer ouvir suas eloqüentes palavras. Mencionei a família Sabò, que, com uma constância e uma piedade inalterável, soube atravessar as dolorosas provas com que Deus a afligiu, com o fito de a elevar e torná-la apta para a sua missão atual. Também não devo esquecer o concurso devotado de todos quantos, em suas respectivas esferas, contribuíram para a propagação de nossa consoladora doutrina. Continuai todos, meus amigos, a marchar resolutamente no caminho aberto; ele vos conduzirá seguramente às esferas etéreas da perfeita felicidade, onde vos marcarei encontro. Em nome do Espírito de Verdade, quevos ama, eu vos abençôo, espíritas de Bordeaux!


ERASTO

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Espiritismo é Cristão?

Juntamente com a questão do ser ou não o espiritismo uma religião (e não, não é uma religião), essa questão de ser ou não cristão, é um dos pontos sobre o qual os espíritas não se entendem e diferentemente da questão “religião”, em que Kardec por diversas vezes fez questão de afirmar que o espiritismo não era uma religião (mais tarde ele diria que é uma religião, mas apenas no sentido filosófico, o Codificador usou a adjetivação “espiritismo cristão”, dando azo a uma certa confusão de boa parte dos espíritas, que por isso, entenderam o espiritismo como religião.

Krishnamurti de Carvalho Dias, em “O Laço e o Culto” diz que:

“Kardec explicita isso naquele capítulo I de “A Gênese”. Quando surgem as expressões “espiritismo cristão”, “evangélico”, devemos entende-las de modo justo, para não incidir em enganos, pois o espiritismo não é um descendente direto do cristianismo, do Novo Testamento, como são as seitas e igrejas evangélicas. 

Sempre bom clarear que o vocábulo “cristão/cristã” está sujeito a certas confusões, pois há que distinguir quando ele se refere o que é relativo ao Cristo, e quando a relação é com o cristianismo, coisas bem diferentes. 

Não se pode dizer impunemente palavras com sentidos e alcances diferentes:doutrina de Jesus é uma idéia definida e clara. Mas doutrina jesuítica, relativa a Inácio de Loiola e à Companhia de Jesus, já é assunto muito distante da primeira idéia. Quem se aferrasse a palavras, valorizando “jesuítico” como relativo a Jesus, cairia em um erro muito grande. 

Sabe-se por aí que certas adjetivações são muito enganosas. 

Certos fatos não devem ser adjetivados: democracia é assim; uma vez adjetivada deixa de ser democracia pois até as piores tiranias gostam de enfeitar-se com esse rótulo, só que seguido de pomposos adjetivos. "

"Espiritismo é Kardec, é a Codificação. Adjetivando, começa a desmerecer. Enseja isso uma certa confusão: espiritismo cristão, evangélico, pode levar ao pensamento de que existem outros espiritismos que não são cristãos nem evangélicos.

Até mesmo a expressão consagrada “espiritismo kardequiano” pode permitir esse engano: haveria outro não kardequiano? 

Essa rotulação, se generalizada, pode conduzir uma atitude de permissividade e isso não nos interessa; seria uma semente de divisionismo futuro. Quem não concordasse com certa adjetivação, proporia outra e assim por diante. 

Deve-se ter em mente que qualquer uma adjetivação dessas permanece, passa alem da pessoa ou situação dentro da qual foi feita e projeta-se no futuro, talvez para ser manipulada por elementos inescrupulosos ou ignorantes. 

Porque Kardec usou aqueles adjetivos – cristão, evangélico – para indicar alguém que alem de conhecer a doutrina, vive-a sinceramente, introduziu um risco de pensar que pode haver vários espiritismos, um que é assim e outro que é assado. 

Dentro do princípio de que tais etiquetagens são arriscadas, melhor não adjetivar. Fique claro que o espiritismo é um só, não há pluralidade deles, e esse que existe é, sucessivamente, cristão, evangélico, kardequiano e laico, sendo tais adjetivos cumulativamente pertencentes a uma coisa só.”

E é bem arrazoada a posição de Krishnamurti, ao contrário das alegações favoráveis ao espiritismo ser adjetivado de cristão, alegações essas que não encontram sustentação na codificação, da qual pegam frases soltas com as palavras “Jesus” e “cristão”, para afirmarem que o espiritismo é cristão, quando na verdade, a doutrina tem o caráter de universalidade.

Muitos deverão estar pensando, depois de lerem os trechos acima: “Eles querem tirar Jesus do espiritismo”. Falácia dos que só sabem usar esse bordão, pois Jesus consta da codificação: é citado no Livro dos Espíritos, na Gênese, no Evangelho Segundo o Espiritismo, só que sem o tom confessional que muitos querem dar. Aliás, o próprio Evangelho Segundo o Espiritismo traz em si o caráter de laicidade (laço), ao não abordar sabiamente, as palavras usadas como dogmas pela Igreja, mas apenas a moral do Cristo, como disse Kardec.

Por falar em moral do Cristo, é importante desfazer outra confusão muito comum, senão de termos, pelo menos de idéias, que é a feita entre moral do Cristo (falada por Kardec) e moral cristã que Podem parecer a mesma coisa, mas moral cristã e moral do Cristo são coisas diferentes, pois a moral cristã é a moral conciliar dos teólogos cristãos, que foi elaborada em séculos de cristianismo e tem a ver com a questão da idéia de pureza, castidade, probidade, sendo a recomendação dessas virtudes enfim. Até porque a palavra "cristão" foi criação de Lucas e não de Jesus, e com o tempo se desnaturou.

Já a moral do Cristo, significa viver segundo o Cristo vivia, seguindo os seus ensinamentos e exemplos, pois a própria palavra moral, na sua origem latina, mos-moris, significa hábitos, usos, costumes, atos repetitivos e ordinários, sendo sinônimo de habitual, comportamental, usual. 

Moral cristã restringe a idéia; moral do Cristo, ao contrário, alarga, amplia, estende a idéia, pois o espiritismo veio relembrar a mensagem do Cristo que estava esquecida pelos homens. Entre a moral do Cristo e a moral espírita, não há diferenças, assemelham-se, são convergentes, já dizia Kardec.

Kardec fala dos espíritas cristãos, ao se referir aos espíritas verdadeiros, ou seja, àqueles que se esforçam por domar as suas más tendências e são reconhecidos pela transformação moral, unicamente como disse Krishnamurti, para sugerir o grau de sinceridade com que o espírita vive a moral espírita, que nada mais é do que a moral do Cristo, o qual segundo a questão 625 é o guia e modelo oferecido aos homens e a moral do Cristo é a escolhida, porque segundo Kardec, não há outra melhor (subentendendo-se que se houvesse outra melhor, não seria a do Cristo, a escolhida).

Então não usemos a fé exarcebada para nos dizermos espíritas cristãos, pois dizer isso seria dizer que nos esforçamos por domar nossas más tendências. Nos esforçamos mesmo? Ou não nos contemos quando alguém pensa diferentemente de nós em assuntos espíritas e soltamos os cachorros?

Não usemos a fé exaltada para nos dizermos espíritas cristãos, pois seria dizer que somos reconhecidos pela nossa transformação moral. Alguém poderá dizer que já se transformou moralmente a ponto de não falar hoje o que falaria de impropérios a outros espíritas só por pensarem diferente?

E nunca mais digam que outros querem tirar Jesus do Espiritismo, pois ele é citado na codificação, por Kardec e pelos espíritos superiores, mas pensem se cada vez mais, imperceptivelmente, não estão tirando Kardec do Espiritismo, com a mania que alguns tem de amoldar o pensamento dele segundo as conveniências, em tentar metamorfizar o Espiritismo, que é universal, num espiritismo à moda da casa, numa palavra em um EUspiritismo.