Lobo Em Pele De Cordeiro: Fazem Mais Mal Que o Bem Que Dizem Fazer
Allan Kardec afirmou certa vez,
que os piores inimigos do Espiritismo estariam entre seus pares. Pode parecer
declaração demasiadamente dura e radical, mas veio dele mesmo e ele sabia do
que estava falando. Hoje, nesse mundo de tanta confusão, o Movimento Espírita
se vê envolto em um emaranhado de parvoíces que deixam os espíritas sérios
preocupados com o destino da doutrina no mundo. Custa-se a acreditar que uma
filosofia tão racional e desbravadora possa ter gerado pessoas com visão tão
estreita e engessada da vida.
De duas uma: ou a Doutrina
Espírita é defeituosa ou os espíritas não compreenderam seu alcance moral.
Sabendo-se da inverdade da primeira hipótese, resta-nos curvar à realidade da
segunda. A prova disso está na forma como a Doutrina é praticada nos centros
espíritas do país inteiro, com réplicas perfeitas no exterior (principalmente
em Portugal e nos Estados Unidos), "formando" adeptos que de
espíritas só têm o nome. São os espíritas imperfeitos, de que está cheio o
movimento, como por exemplo, os que vêm a público afirmar que Kardec está
ultrapassado e que precisa ser reinterpretado, quando ainda nem se conhece a
fundo dez por cento do seu pensamento. Consideram-se doutos em Espiritismo por
terem lido as obras básicas, e toda a literatura acessória, psicografada ou
não. E ler é uma coisa. Estudar, entender e compreender é outra bem diferente.
Vislumbrando as dificuldades
pelas quais poderia passar o Espiritismo, advindas da falta de maturidade do
homem, Allan Kardec tratou de deixar diretrizes que pudessem garantir a unidade
de vistas dentro do pensamento doutrinário, bem como sua expansão com
segurança. Idealizou um Comitê Central que funcionasse de forma democrática e o
Controle Universal dos Espíritos para as revisões periódicas na doutrina (a
cada 25 anos), de modo que não se perdesse no tempo e pudesse acompanhar a
evolução do planeta. Nada disso foi seguido pelos homens que fizeram a história
espírita.
Os espíritas "modernos"
parecem desconhecer tal coisa. E, se conhecem, não dão a menor importância, pois
defendem idéias esdrúxulas e contrárias aos fundamentos kardequianos, baseados
em escritos ditados por Espíritos enganadores e pseudo-sábios. Essas idéias
infiltram-se com facilidade em nosso meio, porque encontram o terreno fértil da
ingenuidade e da falta do estudo que faz com que tudo se aceite sem exame, sem
critério. É tempo de mudanças. O milênio termina e se inicia uma nova fase para
o planeta. Os centros espíritas precisam se preparar para amparar o homem
dentro de uma filosofia de vida melhor, mais justa e mais plena de compreensão
das coisas divinas.
Para isso, necessita de espíritas
sérios, que compreendam o verdadeiro sentido do Espiritismo, que possam trazer
para dentro das casas espíritas uma nova ordem de práticas e metas, formando
verdadeiramente homens de bem. Que possam retirar dos centros tudo o que não
serve para a edificação do ser. Enfim, mostrar aos fariseus modernos a
verdadeira face da Doutrina Espírita como agente modificador da humanidade e
não como instrumento de gloríolas, de mera promoção pessoal e fábrica de
fantasias.
As casas espíritas, inspiradas
pelo espírito de sistema, optaram por navegar nas águas rasas do conhecimento,
na superficialidade dos ensinos exarados das obras psicografadas de qualidade
duvidosa. É comum, muito comum os espíritas saberem de cor as histórias
romanceadas das vidas de personagens habitantes das colônias transitórias, mas
não sabem sequer de onde surgiu a doutrina que professam. Espalhou-se no meio a
idéia de que a leitura das Obras Básicas é muito difícil, melhor fazer um
cursinho federativo, ou é melhor que se comece lendo romances e livrinhos de
histórias fantasiosas sobre a vida espiritual, que só convencem mentes imaturas
e sem senso de racionalidade.
O resultado disso é que quando a
pessoa se interessa de fato pelo estudo da Doutrina, já se embrenhou num mundo
irreal, já poluiu sua mente com leituras inadequadas e atrapalhadas,
tornando-se muito mais difícil à incursão no conhecimento real do Espiritismo e
atrasando sobremaneira o avanço da criatura na estrada da compreensão. Os
conceitos que já se formaram em sua mente são de complicada reestruturação, e
haja tempo para se formar outra mentalidade. São pessoas com um nível de
fantasia tão grande acerca da vida terrena e espiritual, que misturam conceitos
espíritas com outras doutrinas, terapias alternativas, auto-ajuda, auto-amor e
tudo o que pode fazer uma grande confusão nas idéias.
É provado que quanto mais longe a
pessoa está dos centros espíritas, mais fácil ela compreende os ensinamentos.
Sim, e não é exagero. Mas é sem dúvida um paradoxo. Essa realidade é constatada
pela nossa experiência. Observando varias casas e seus métodos, nos deram bem o
diagnóstico de situações dramáticas existentes nas casas espíritas. Ou seja, os
estudos são escassos, e quando existem são realizados pelos que têm pouco
preparo, e que por sua vez, se "preparam" lendo Luiz Sérgio, Hernani
T Santana, Patrícia, Lúcius, ou jornais e revistas espíritas já viciados com o
espírito corporativista. Não desmerecemos a nobrezas da contribuição destas
pessoas na compreensão geral da Doutrina, mas tais conceitos, pouco devem ser
tomados como referência, mas que infelizmente é o que acontece neste combalido
Movimento.
Os que começam os estudos das
obras básicas, levam anos de leitura e custa a compreender a essência da Doutrina,
por estarem envolvidos num pernicioso espírito de fantasia, idolatria e acima
de tudo num grande equívoco acerca do conhecimento espírita. Mas, perguntamos,
onde está o erro? Sabe-se que grande parte dos espíritas do país estão nas
classes mais favorecidas intelectualmente. Então, qual a dificuldade? O
problema está exatamente na maneira como o sistema está sendo estruturado e
politicalizado. Deixando de lado as orientações do Codificador do Espiritismo,
desde o início formou-se a industria dos cursos um clima propício à fomentação
do irreal, da fantasia esdrúxula transformando-o em Doutrina igrejeira. As
obras básicas não são apresentadas para o iniciante, mas sim um curso disso ou
daquilo ou seja conhece-se o pensamento de Kardec só através de pessoas que nem
sempre conhecem a Doutrina Espírita.
É hora de se fazer algumas
reflexões em torno dessa situação. A Doutrina Espírita, na verdade, tem sido
uma grande desconhecida nos centros espíritas. O que se ensina está muito longe
da realidade. Enquanto se estiver dando importância às histórias contadas pelos
oradores de cátedra, que divulgam suas próprias experiências ou as daqueles que
escolheram como ídolos, não se chegará à compreensão do que seja a Doutrina dos
Espíritos. Bom lembrar que a Codificação é o pensamento do Espírito de Verdade,
enquanto as obras da literatura acessória são opiniões de Espíritos, que embora
tenham seu valor, não podem ser tomadas como parâmetro para quem deseja
adentrar no conhecimento espírita, quanto mais se aprofundar em seu estudo.
O problema é grave e merece
atenção dos que estão alerta para as mudanças que se avizinham. Os centros
espíritas, em sua maioria, não estão em condições de amparar, com o espírito de
fraternidade, racionalidade e disciplina que tanto ensinou o Mestre lionês.
Estão envoltos na grande ilusão que caracteriza o tempo atual e que avassala a
sociedade como uma doença crônica que mina as resistências do organismo para só
então se mostrar quando já causou conseqüências danosas e, por vezes,
irreversíveis. O prejuízo causado pela doutrina de superficialidade ensinada
pelo sistema oficial e perpetrada pelos seus representantes em congressos,
encontros e seminários de toda natureza é enorme e não se pode mais fechar os
olhos a essa realidade sob o pretexto da caridade. Caridade maior é desmascarar
a hipocrisia, a idolatria e o atraso decorrentes do espírito de fascinação que
envolve a maior parte do Movimento Espírita deste e de outros países.
É bastante conhecida a influência
que as elites exercem nos diversos setores da sociedade e, como não poderia
deixar de ser, também na área da religião. Com suas idéias de cunho puramente
humano, elas modificam o verdadeiro sentido dos textos, moldando-os segundo as
próprias conveniências. A história é testemunha deste fenômeno.
No movimento espírita de uns anos
para cá, vêm se observando mudanças de práticas, hábitos e pensamentos em torno
do Espiritismo. Inverteram o papel da casa espírita. Muitos núcleos foram
ironicamente transformados em verdadeiros centros de assistência social, com
graves prejuízos à obra libertadora do Espírito. (...)
A Doutrina do Consolador,
promessa feita por Jesus aos homens, vem sendo interpretada de forma
equivocada, sem qualquer baliza racional. Os responsáveis por esta conduta são
membros das elites que acabaram assumindo postos de comando nas federações e
casas espíritas, formando grupos políticos que só participam quem tem alto
cargo político-empresarial. Embora seus pensamentos sejam relativamente úteis,
quase sempre trazem o cunho das idéias humanas. Amam as gloriolas sociais, os
títulos e o sentar nos primeiros lugares da festa.
Vê-se no movimento espírita uma
poderosa influência deles, que podemos considerar os "doutores" do
nosso tempo. Semelhante ao que ocorreu no passado, estas pessoas estão
interpretando os ensinamentos dos Espíritos à luz do próprio conhecimento e dos
interesses pessoais. As personalidades transitórias vêm sendo cultuadas como
faziam os Fariseus dos tempos do Cristo. Alguns jornais espíritas, editados por
Federações, são verdadeiros templos de vaidades, onde se deleitam orgulhosos
escritores, oradores e médiuns. A maioria dos congressos são meros
acontecimentos sociais e políticos, onde brilha o culturalismo vazio daqueles
que pomposamente dirigem o sistema.
O sistema
de pensamento e investigação desenvolvido por Allan Kardec é o grande ausente
no Movimento Espírita. No final de sua vida, o Codificador estava só. Alguns
detratores seus, que se diziam espíritas, afirmavam que ele queria apoderar-se
da verdade e se fazer dono do Espiritismo. Jean Baptiste Roustaing e seus
seguidores estavam entre eles.
Pouco antes de desencarnar, o
Codificador começou a preparar instruções para salvaguardar o movimento
nascente de falsas interpretações. Não chegou a terminar seu trabalho. Quando
se lê seus últimos apontamentos, nota-se, com tristeza, que suas preciosas
instruções sobre a condução do Movimento Espírita jamais foram seguidas por
seus adeptos. Bom número deles sequer conhece suas obras, instrui-se em livros
subsidiários nem sempre idôneos e, freqüentemente, é vítima de Espíritos
enganadores.
A explícita vaidade que arrasta
os incautos aos palcos dos aplausos fáceis, afastando-os da condição de
humildes servos, pois que não trazem no corpo as marcas do íntimo trabalho de
renovação moral em direção a Jesus. Essas marcas são de sacrifícios e renúncias,
e não de glórias mundanas; são de humildade e não de exaltação; são de
sinceridade e não de hipocrisia, lisonja e soberba; são de abnegação, coragem,
altruísmo e perseverança. Somos os trabalhadores do Mestre Jesus. Examinemos a
nossa consciência e procuremos identificar essas marcas em nós. Certamente
teremos dificuldades em encontrá-las, pois para encontrá-las teremos que
estudarmos.
Hoje os trabalhadores da seara
espírita geralmente julgam-se detentores de muitas luzes. Comportam-se como se
escolhidos fossem para desempenhar sublime missão e, considerando-se seres
especiais, preocupam-se muito pouco com seu aprimoramento, o que leva muitos a
trilhar por caminhos tais que, no mais das vezes, nada de edificante produzem,
tornando-se estéreis como a figueira seca.
A Doutrina Espírita, sendo o
Consolador prometido por Jesus, trouxe de volta as lições do Mestre, a
simplicidade dos núcleos, onde a mensagem divina era ensinada pela inspiração
dos Espíritos de Deus. As casas espíritas necessitam reencontrar esse caminho.
São elas, através de seus ensinamentos, que poderão despertar as criaturas ao
conhecimento da verdade.
O trabalhador espírita,
verdadeiramente compenetrado do seu dever, deverá zelar pela seriedade do seu
trabalho, entendendo que Jesus só precisa de homens de bem para desenvolver a
sublime tarefa de transformação do planeta. Entretanto, enquanto permanecermos
enclausurados em castelos de fantasia, enfeitando os centros espíritas com
plantas que o Pai celestial não plantou, enquanto não compreendermos o quão
pequenos somos diante do poder e sabedoria divinos, infelizmente estaremos
caminhando na contramão. E certamente necessitando da mesma reprovação que
Paulo fez aos Coríntios há dois mil anos.
Mudar essa mentalidade vigente,
conduzindo parte desses seguidores de Allan Kardec ao encontro das instruções
do Codificador do Espiritismo, é tarefa urgente. Espera-se que os espíritas
sérios reúnam forças em torno desse ideal. Hoje, há diversas pessoas dentro e
fora do país que buscam restabelecer essa base doutrinária. Urge estimular os
centros espíritas a se ajustarem conforme as orientações da Codificação,
fazendo com que se instale neles o gosto pelo estudo, pelo raciocínio e pelo
trabalho metódico, faz-se necessário criarmos normas disciplinares, para a
admissão e selecionarmos candidatos interessados em ingressar no estudo para
humildemente servir na seara do Jesus.
As obrigações fundamentais da
vida espírita, o esforço constante para conhecer-se, o estudo regular da
doutrina para o desenvolvimento do raciocínio lógico, foram substituídos por
preocupações de somenos importância. O assistencialismo tornou-se a principal
tarefa dos seguidores de Allan Kardec. Pseudo-professores e falsos líderes
semearam no terreno filosófico as duvidosas sementes de Espíritos enganadores,
chegaram até ao movimento pelo discurso polido dos intelectuais.
O clima de fascinação que tomou
conta do movimento espírita, dando importância excessiva e perniciosa a médiuns
e ou oradores, que estimulados pela vaidade e exaltação da personalidade,
brilham mais que a própria mensagem em suas aparições públicas.
Há hoje
uma natural falta de coragem de grande parte dos formadores de opinião,
dirigentes, líderes e jornalistas, em posicionar-se sobre posturas, práticas e
atitudes discordantes com a coerência dos ensinos de Jesus, de Allan Kardec e
dos Espíritos Superiores.
A irracionalidade criou o
espírito de exclusão que tomou conta do movimento espírita impedindo as pessoas
de pensarem com seus próprios recursos, exercitando a crítica construtiva e
necessária em torno de questões morais e doutrinárias, que considerarem fora do
bom senso e da racionalidade. Somente quem fez a "faculdade espírita"
é que pode tecer comentários. Criou assim, o separatismo, e com isso a idéia de
posições inatingíveis pelo cidadão simples, uma espécie de "vaticano
espírita" onde a plebe só serve para ouvir a rotatória e taxativa ciranda
melodramática de parábolas evangélicas impossíveis de serem naquela forma
colocadas em prática, mas onde oradores elitizados, se deleitam justificando
sua "missão" no mais absurdo igrejismo espírita.
A evidente e talvez irreversível
desagregação do sistema espírita da sua forma original, segue sustentado na
ilusão de uma unificação que só existe em torno da instituição que o representa
oficialmente (FEB e federativas estaduais), e não em torno dos ideais de Jesus e Kardec.
A FEB e muitas afiliadas estudam,
editam e inserem na sua grade de trabalhos e das casas associadas e também
divulga a obra que têm como principal marca derrubar teses kardequianas
racionais sobre a origem de Jesus e dos homens em geral: Os Quatro Evangelhos
de Roustaing. Um dos maiores inimigos do Espiritismo e detratores dos trabalhos
de Kardec.
O pensamento de Roustaing, que
nada mais é que o espiritismo católico representa hoje um sistema fortemente
alicerçado por entidades espirituais que o alimenta, infiltrado com sutileza na
conduta de muitos espíritas e na grande maioria das obras literárias existentes
no meio.
As elites adoram a troca pública
de amabilidades, uma espécie de doença moral da nossa época. Paulo disse em sua
segunda carta a Timóteo que nos últimos tempos haveria criaturas amantes de si
mesmas, soberbas, desobedientes à Lei. Com aparência do bem, mas sem a eficácia
dele. Entre nós, multiplicam-se esses valores. É a decadência dos que seguem a
revelação transmitida pela industria do cursismo espírita.
O trabalho dos centros espíritas
está entregue às interpretações de cada dirigente que, bem ou mal, tenta a
custa de suor e lagrimas fazer a casa cumprir com suas tarefas. Nunca tivemos
um sistema lógico e objetivo a nível nacional ou internacional, que pudesse formar
dirigentes e trabalhadores produtivos, com reais condições de servirem às
necessidades da Seara. Um amadorismo pueril está presente em toda à parte. A
prática doutrinária brilha em letras, discursos e obras materiais, mas em
realizações espirituais e objetividade, mostra-se extremamente pobre.
Kardec nos esclarece e com o
Espiritismo nos ensina sobre uma lei que a tudo governa: a lei da evolução. É
um fato inegável o de que todos nós estamos em constante mutação buscando o
progresso. Tomando como base esta lei, Allan Kardec traçou a linha de conduta
do verdadeiro espírita, para que todos se esforçassem constantemente para
dominar suas más inclinações. Ora, só podemos lutar contra uma tendência ruim
se tivermos consciência dela. Para tanto, temos que nos conhecer. Daí surge à
necessidade do auto-conhecimento, para se saber dos próprios defeitos e só
conseguimos isto através dos estudos das obras básicas, o que muito raramente
se vê nas casas espíritas, e depois, da vivência para corrigí-las.
Allan Kardec dizia que uma
sociedade é um ser coletivo e que todos os princípios aplicados a uma pessoa
poderiam ser igualmente aplicados a ela. Em razão disso, estamos propondo que
dirigentes e trabalhadores façam uma sincera avaliação das atividades de suas
casas espíritas e que tomem providências para melhorá-las. O movimento espírita
vive em estado de apatia doutrinária. Há muito pouco interesse e resultados em
torno dos estudos e das práticas relativas ao Espiritismo. Os centros se
distanciaram de suas finalidades básicas, dando origem a um vazio que se torna
mais patente a cada dia. A Doutrina é o renascimento do cristianismo primitivo
e, para bem compreendermos as finalidades do centro espírita, devemos examinar
o tipo de trabalho desenvolvido pelos Apóstolos e pelo próprio Allan Kardec.
Todos temos consciência que a
obra do Espírito fere mortalmente os interesses terrenos. Entre nós espíritas,
houve um grave descuido do "vigiai e orai", ensinado pelo Mestre. O
mundo agiu e nós fizemos pouco para impedi-lo. Hoje, não é tempo para a
destruição de livros, nem para a perseguição de pessoas, mas queremos chamar a
atenção para os métodos hipócritas que existem pelos quais os simples podem ser
enganados.
Falta-nos o ânimo dos cristãos
primitivos, dos espíritas legitimamente kardequianos. Não é possível
continuarmos ouvindo oradores realizarem polidos discursos ufanistas de
felicidade, enquanto a humanidade agoniza na mais absurda ignorância e pobreza
espiritual, ao lado da FEB. Continuarmos,
assistindo às tolas discussões filosóficas em torno da doutrina de Roustaing ou
da supremacia da Federação Espírita Brasileira sobre os espíritas do mundo. É
chegada a hora dos espíritas sérios pensarem em reunir forças em torno dos
ideais de Allan Kardec(...)
O movimento espírita tornou-se um
meio contaminado por idéias e práticas estranhas, vindas das mais variadas
vertentes do pensamento humano. Hoje grande parte das idéias divulgada pela FEB
é a expressão do pensamento católico roustainguista, portanto, a antítese do
pensamento kardequiano. A Federação Espírita Brasileira responsável oficial
pelo sistema espírita Brasileiro, não seguiu as orientações do mestre Allan
Kardec, resultando daí um movimento sem organização e controle devidos.
Para o iniciante, a palestra e o
estudo, é a nosso ver depois do exemplo vivo, a mais importante forma de se
ensinar Espiritismo. Através do diálogo, acontece as exposições dos fundamentos
da doutrina nas reuniões públicas, os espíritos nos brindam com intuições
amorosas a luz do Evangelho, com técnica, razão, delicadeza, sentimento,
simplicidade e calcados pela ascendência moral.
O momento atual, exige do
espírita muita responsabilidade.
E para pré-concluir, cuidado não
apenas com as hordas místicas que estamos enfrentando, mas cuidado também com
grupos disfarçados de não místicos, mas que se isolam dos demais querendo fazer
um espiritismo separatista, alegando um exagerado cientificismo. Ciência espírita
não é cientificismo e espiritismo é para todos, não para uma elite, não para
uns poucos que se acham o supra-sumo, a ultima bolacha do pacote espírita.
Combatemos o misticismo sim, mas eles são arrogantes e destratam os místicos e
os espiritas em geral que não pensam como eles.
Pensem nisso!
"Fé inabalável é somente
aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da
humanidade."
"Nascer, Morrer, Renascer
ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei".
"Todo efeito tem uma causa;
todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; a potência de uma causa está na
razão da grandeza do efeito".
"Sejam quais forem os
prodígios realizados pela inteligência humana, esta inteligência tem também uma
causa primária. É a inteligência superior a causa primária de todas as coisas,
qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe".
"Reconhece-se à qualidade
dos Espíritos pela sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e
superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; respira a
sabedoria, a benevolência, a modéstia e a moral mais pura; é concisa e sem
palavras inúteis. Nos Espíritos inferiores, ignorantes, ou orgulhosos, o vazio
das idéias é quase sempre compensado pela abundância de palavras. Todo
pensamento evidentemente falso, toda máxima contrária à sã moral, todo conselho
ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim,
toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais
incontestáveis de inferioridade num Espírito".
"Reconhece-se o verdadeiro
espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar as
suas más inclinações".
"Caminhando de par com o
progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas
lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria
nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ela a aceitará"
"Melhorados os homens, não
fornecerão ao mundo invisível senão bons espíritos; estes, encarnando-se, por
sua vez só fornecerão à Humanidade corporal elementos aperfeiçoados. A Terra
deixará, então, de ser um mundo expiatório e os homens não sofrerão mais as
misérias decorrentes das suas imperfeições".
"Onde quer que as minhas
obras penetram servem de guia, e o Espiritismo é visto sob o seu verdadeiro
aspecto, isto é, sob um caráter exclusivamente moral".
"Pelo espiritismo a
humanidade deve entrar em uma nova fase, a do progresso moral, que é a sua
conseqüência inevitável".
"Antes de fazer a coisa para
os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros,
antes de lhes confiar um trabalho. Antes de construir, é preciso que nos
certifiquemos da solidez dos materiais. Aqui os materiais sólidos são os homens
de coração, de devotamento e abnegação".
Se souber de quem são estas
palavras, tire suas próprias conclusões.
Texto brilhante. Um verdadeiro manifesto para ser lido com atenção, divulgado e seguido. Concordo com tudo que foi escrito e me proponho a participar dessa jornada pelo respeito ao que foi dito pelo codificador. Parabéns!
ResponderExcluirParabéns Jorge. Excelente texto que merece ser divulgado para despertar a reflexão dos espíritas. Precisamos realmente tentar resgatar a Doutrina dos Espíritos. Como disse você com muita propriedade em seu texto - trazer o pensamento do Espírito de Verdade que acompanhou e conduziu de forma efetiva todo o trabalho do Codificador. Abraço.
ResponderExcluir