O texto abaixo é adaptado dos artigos de Moura Rego no site Forum Espírita.
Muitos são os espíritas
que dizem que as palavras tem poder, vibração, que impelem a isso ou aquilo.
Isso não é verdade, pelo menos não nessa explicação restrita. E isso é visto
quando um personagem televisivo de O Bem Amado, Odorico Paraguassu, afirma que
“palavras são palavras, nada mais do que palavras”, no que estava absolutamente
correto, pois as palavras são absolutamente o que são, apenas palavras, sem
poder algum, sem vibração alguma; não tem peso maior ou menor.
E isso é demonstrado em
diversas páginas de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, quando afirmam que “Deus julga mais pela
intenção que pelo ato sem si mesmo”. Então por que que se diz tanto que as palavras podem fazer mal
ou bem? Porque assim que o é, mas não pela palavra em si, mas pela intenção que
orienta o pensamento que faz com que certas palavras, dentro de um contexto
específico, sejam ditas.
Vou lhes dar dois
pequenos exemplos das palavras e de como elas podem ser ditas, na má ou boa
intenção:
1.
Falo apenas a frase, “a jamanta estacionou”,
numa situação em que se está num posto, e se vê encostar um caminhão ou mesmo
um ônibus. Qual o mal que possa conter essa assertiva? Nenhum, não é
mesmo?
Agora mudando de
situação, vemos uma mulher extremamente gorda, encostar-se num balcão qualquer,
de farmácia, de bar, ou de uma repartição pública, por exemplo. Ai, alguém diz a mesma frase de antes "a jamanta estacionou".
Haverá, ali um posto? ou mesmo um caminhão? O que aquela pessoa quis atribuir à
palavra "jamanta", foi um sentido pejorativo, ou seja, uma
adjetivação nociva.
Está claro que dita
nesse contexto, a frase "a jamanta estacionou" trás a intenção de
diminuir, adjetivar malevolamente, colocar em posição vexatória a mulher gorda,
que com certeza, pelo extremo peso, nos da conta de estar acometida de
obesidade mórbida, que é uma doença grave que leva à morte. É a intenção que
patrocinou o pensamento na frase que está viciada, de maldade, falta de amor ao
próximo, de insignificância Espiritual, não a frase em si ou mesmo o vocábulo
"jamanta"
Todavia vemos freqüentemente
em palestras o ensino errado perante a lei de Justiça, Amor e Caridade, ser
ministrado pasmem, numa casa espírita ou mesmo em auditórios, por palestrantes
que se dizem Espíritas. Há maldade neles? Não, apenas ignorância doutrinária;
apenas mau entendimento da língua que usam para falar.
Cada palavra em si pode
ter uma fieira de significados que se lhes apõem os que as dizem, segundo a
intenção com que queiram urdir o comentário que fazem.
Tomemos por exemplo, em outro caso, a palavra "mina". O que é uma
mina? No sentido mais empregado é o local de onde se extrai qualquer minério,
não?
Pode ser também, segundo o caso, um artefato bélico de fim destrutivo ao homem.
Ora, ainda nesse exemplo, é a intenção que comandará a compreensão do vocábulo
"mina", se o contexto da exposição ou da frase tem como
imagem um campo de guerra, o vocábulo "mina", estará indicando o
artefato.
Se, noutro contexto, a idéia a ser passada é a de noticiar-se o caso dos mineiros do Chile, o vocábulo estará sob a intenção do locutor, de trazer o conteúdo dos acontecimentos que se acometeram sobre aqueles 36 mineiros chilenos e nada mais. Porém, há um outro exemplo, com o mesmo vocábulo, "mina", que não se pode deixar passar pois vai demonstra tento a intenção quanto o contexto e mais, o valor de uma língua, como a portuguesa, no campo da gíria, por exemplo. A banda tão conhecida e amada, até hoje reverenciada por seus fãs, "Mamonas Assassinas" Tinha uma canção, bem humorada, que trazia na letra a palavra "mina" não é mesmo?
Vale lembrar o logo o
comecinho desta canção:"Mina, teus cabelos é da hora, teu corpão violão
(...)"
Aqui temos o mesmo
vocábulo utilizado nos dois exemplos anteriores, "mina", mas
traduzindo uma idéia completamente diferente dos dois exemplos acima.
É que o letrista aproveitando-se do que chamamos gíria, usou do vocábulo "mina', coma intenção de chamamento a uma mulher, uma garota, pois "mina", na gíria brasileira, quer dizer garota, menina, tal com se ele tivesse usado "gatinha", por exemplo. E lembramos ainda, uma terceira acepção para o vocábulo “mina”: o das minas terrestres, tão combatidas pela Lady Di, pelas amputações causadas nos países onde haviam sido enterradas.
Há mal nos três últimos
momentos de uso do vocábulo "mina"? Vocês decidem...
Intenção, hora e lugar
meus amigos .
Eu digo por exemplo,
sou um filho da mãe, querendo indicar minha progenitora, há mal nisso? Seria
eu, por acaso filho de minha avó? Ou de minha tia?
Se por outro lado, eu
uso da mesma frase, num momento em que estou chateado com minha mãe e exclamo,
"sou um filho da mãe", ai sim haverá um contingente de maleivosia a
acompanhar a frase dita., nesse momento de ira, uso das mesma frase atribuindo
à expressão "filho da mãe" um forte contingente de intenção que
explicará a expressão usada como pejorativa, ou seja coberta pelo ódio sentido,
querendo mostrar minha progenitora como mulher vulgar etc. Nesse contexto há o
mal falar, o resmungo, o murmúrio e sob o olhar da doutrina espírita o
murmúrio, é um momento de menos valia passado pelo Espírito.
Portanto meus amigos,
vamos prestar atenção, como ensina a doutrina, não à forma, mas ao conteúdo, ou
seja ao contexto no qual estão inseridas as palavras.
Num show de humor, não
há qualquer mal, em ouvir-se um palavrão, visto que este é apenas um ponto de
atração que dá mais ou menos força à piada contada, apenas isso. O humorista
Renato Aragão vive dizendo uma palavra que era até bem pouco tempo considerada
palavrão: “porrada!”, o que para alguns é considerada normal dentro da
moral social em que é dita. Como nas palavras encontradas no Velho Testamento,
citando a prática sodomita, também não há mal no uso das expressões ali
contidas, que mesmo não contendo a intenção de diminuir, querem por seu uso
apontar para uma situação desconexa da moral daquele tempo.
E há palavras consideradas
palavrões por uma cultura e são de uso corrente e normal por outra cultura. Por
exemplo, no português falado em Portugal, “puto”, que seria considerado um
palavrão pelo português falado no Brasil, quer dizer em terras portuguesas, tão
somente garoto; jovem espertalhão; ou ainda catraio; miúdo, enquanto que no Brasil quer dizer o mesmo que
dissoluto, devasso, corrompido.E o inverso se dá com a palavra "paneleiro", que se no Brasil quer dizer apenas armário onde se guardam panelas ou mais antigamente, homem que conserta ou vende panelas, em Portugal significa homossexual masculino.
Há hora,
local e intenção. A cada hora, para cada local, a mesma palavra pode significar
outra coisa, para não falar sobre a intenção com que sejam ditas. Creio
que tenha sido pelo óbvio motivo de que um palavrão ilude quem o fala com um
uma aura de tenacidade, segurança, força mesmo, forjada já no nascedouro da
manifestação assim veiculada.
A maioria das palavras chulas já se desvinculou do significado original... No Brasil muito pouca gente hoje em dia sabe qual a exata origem de termos como "sacanagem" - virou sinônimo de "atitude traiçoeira", molecagem, brincadeira de mau gosto ou, voltando mais um pouco no tempo, "aleivosia”...
A maioria das palavras chulas já se desvinculou do significado original... No Brasil muito pouca gente hoje em dia sabe qual a exata origem de termos como "sacanagem" - virou sinônimo de "atitude traiçoeira", molecagem, brincadeira de mau gosto ou, voltando mais um pouco no tempo, "aleivosia”...
Outros
termos também perderam muito de sua acidez se ditos de maneira geral. Nossa
língua é uma das mais difíceis de ser bem falada e compreendida, tem, para uma
palavra uma quantidade de sinônimos que não ocorre na língua inglesa, por
exemplo.
Há momentos, lugares, e situações onde nem mesmo o emprego de um palavrão trás
qualquer baixeza, má educação, ou mesmo um sentido chulo. Contudo, há de se
preocupar com o todo, ou seja, se estamos num local público, haverá sempre
alguém que não queira escutar um palavrão e este tem o seu direito assegurado.
Mas
como tudo e em tudo há de ter o gosto do "freguês", imaginemos nossa
vida sem a TV, sem o teatro, o cinema ou os livros, mesmo os de poesia
moderna... quem não gosta ou quem acha ruim não deveria ligar seu televisor,
nos canais abertos ou pior ainda nos a cabo, pois ali está eles a serem
reverberados. Todos estes veículos da comunicação e da educação trazem
palavrões.
Sobrariam
então os canais religiosos de qualquer denominação, culto ou filosofia.
Quem vai a shows de humor de qualquer categoria teatral os ouve.
Se vão sabendo que eles lá existem das duas uma: Ou são permissivos ou
hipócritas.
E dizem: “Meninos e meninas, cuidado com esse tipo de pensamentos.”
São eles retrógrados, bobos e muito, mas muito mesmo, preconceituosos, pois o
palavrão, é uma palavra como outra qualquer, no ver da doutrina é a intenção
que comanda o ato de dizer ou falar ou mesmo pensar, que faz a coisa ficar
pesada, por isso mesmo é o ditado popular, que dizer ser a voz do povo e
se o é é, por outro ditado popular, "a voz de Deus", mesmo o ditado
popular nos ensina mais uma vez: "Em cada cabeça uma sentença" ou
mais, "sua cabeça é o seu mestre".
Logo, generalizar-se uma idéia que se sabe pueril e retrógrada, é o
mesmo que se andar na contramão da história, do saber e da vida. É o mesmo que
dizer que Espíritas são santos, iluminados, ou seres a parte num mundo de
provas e expiações.
Hora e lugar, situação ou acontecimento... Vocês não dizem "graças
a Deus", quando dão uma topada com o joanete dolorido ou com o calo de
estimação, dizem?
Também não rendem aleluias quando dão uma martelada no dedo, dão? Palavras por
serem apenas isso não contêm como alguns explicam e erradamente, vibração
alguma, é mesmo como aquele dinheirinho ganho de um número acertado no jogo do
bicho. Dinheiro não fica sujo senão quando cai numa poça de lama ou quando é
prática de suborno. O que você faz como dinheiro que ganhou num jogo é o que
você tem como correto fazer, vai da sua moralização. Sendo assim se pode
afirmar sem medo de erro que o palavrão sem dito sem intenção de ataque,
acicate, injuria ou xingamento a outrem nada tem a mais do que a palavra, por
exemplo, jamanta.
O que há e em demasia é o falso moralismo, uma atitude reprochada pela
doutrina, há ainda a hipocrisia, uma atitude das mais criticadas e combatidas
por Jesus.
O que imanta o pensamento é a intenção com que o pensamento é urdido, só isso. A palavra não tem qualquer poder senão quando movida por uma intenção
se esta é boa, ótimo, é uma causa que gerará um efeito benéfico, se, por outra,
o pensamento é impulsionado por uma má intenção surtirá, logicamente um efeito
negativo, só isso. A doutrina e não eu é, quem ensina assim. Sigamos a
doutrina.
Que ninguém ache que fazemos apologia dos palavrões. Apenas vemos que determinados termos se incorporaram ao idioma e se tornaram normais dentro da moral social de uma época. Hora e lugar meus amigos, sem intenção malévola, esta a questão.
De fato, há palavras que são ditas apenas por dizer, que perdem totalmente o seu sentido. Quantas vezes já dissemos ‘desculpe’ sem um pingo de remorso pelo que fizemos, ou já dissemos ‘te amo’ sem tanta certeza do sentimento, ou afirmamos ‘sim’ mesmo que por dentro estejamos nos mordendo por concordar com algo que a palavra ‘não’ expressaria mais perfeitamente. Por outro lado, ninguém vai dar uma ‘cantada’ numa garota falando palavras grotescas, ou fazer uma declaração de amor cheia de palavrões: escolheremos sempre palavras agradáveis que inspirem um bem querer, certo?
ResponderExcluirComo o Jorge bem retrata no artigo, sem dúvida alguma muito importa o que a palavra pronunciada carrega: há o ‘eu te amo’ vazio e o ‘seu filho da égua’ amigável.
Apenas lembrando que há tempos um grande mestre nos ensinou que ‘a boca fala aquilo de que o coração está cheio’, o que me leva a crer que o uso constante de palavras chulas retratam um coração cheio de sentimentos negativos, como raiva, ressentimento, impaciência, egoísmo, entre outros inúmeros que só fazem mal a quem os carrega e os despeja em cima dos que o rodeiam. Às vezes nem usam palavrões, mas palavrinhas que ferem e ofendem.
Adorei seu convite para abandonarmos o falso moralismo e hipocrisia, e tomo a liberdade de prolongar o convite para que cada um seja um pouco mais responsável com suas palavras, afinal, ‘respeito é bom e conserva os dentes’.
Abraço!