sábado, 24 de dezembro de 2011

Cegos Guiando Cegos




    Algo que sempre me incomodou foi a facilidade com que algumas pessoas acham que é fácil falar de espiritismo. Não que seja difícil, pois conhecer espiritismo a fundo em seus meandros, requer conhecimento e estudo, porém a doutrina é algo simples em sua essência, a qual não requer conhecimentos profundos.

     Afinal, na parte das definições dos princípios básicos (Deus, imortalidade, pluralidade das existências,comunicabilidade dos espíritos e pluralidade dos mundos habitados), bem como  conceitos como a lei de evolução , esquecimento do passado e as conseqüências morais que, fatalmente vem para quem estuda o espiritismo, pois mas cedo ou mais tarde, o espírita mais cético de todos, até ele, verá que “fora da caridade não há salvação” e também que Kardec falou, diversas vezes da importância da moral (não confundir moral (costumes, regras) com moralismos).

     E devido a essa obnubilação que acomete muitos dos espíritas chamados místicos (ou religiosos) e não muito menos dos espíritas, que chamo de “ortodoxistas” (os antigos chamados de cientificistas da época de Torterolli), é que  vemos que cada vez mais há cegos guiando cegos,  tal como a frase atribuída a Jesus. Importante lembrar que Kardec nunca falou em espiritas místicos, religiosos ou ortodoxistas. Nem mesmo em espiritismo ortodoxo ele falou, pois espiritismo é apenas espiritismo, sem adjetivações de espécie alguma. Para o Codificador, só havia espiritas experimentadores ou imperfeitos ou verdadeiros (também chamados de espiritas cristãos) e por fim, os exaltados.

     Essa divisão entre cientificistas e místicos passou a existir na época de Bezerra de Menezes e Torterolli, em terras brasileiras, a qual persiste, erroneamente até os dias de hoje, só que atualizada para espíritas religiosos x espíritas ortodoxos, sendo que “ortodoxo” aí está empregado, duplamente errado, pois “ortodoxia” nada tem a ver com a conduta equivocadissima de alguns ditos ortodoxos, os quais chamo de ortodoxistas, pois ortodoxo quer apenas dizer que  o espírita usa a coerência doutrinaria para estudar a doutrina. Já o mesmo não se pode dizer dos ortodoxistas que mascaram idéias pessoais com posições doutrinarias e disseminam o erro, as vezes como conta gotas, as vezes de forma mais agressiva mesmo, eu diria até debochada.

    Há dois tipos de cegueira, ambas achando que enxergam melhor que a do outro, ou melhor, acham que não são cegos também. A cegueira religiosa ou mística, querendo impor sua escuridão a todos e a cegueira ortodoxista que quer tirar a luz de todos que a querem.

     O erro dos religiosos consiste basicamente na adoração de certos médiuns; na crença cega neles e nos espíritos que se comunicam; em não ler e menos ainda em não estudar a codificação e ao contrario, ler apenas as obras complementares ou subsidiarias, que de complementar ou subsidiaria nada tem.

      Já o erro dos ortodoxistas é outro, embora seja bem parecido. 

1) Se os religiosos acham a moral bonita, os ortodoxistas não acham, acham que a moral é algo individual e que nao deve se cobrar postura moral de ninguém. Aqui cabe um comentário: um erro nao justifica o outro. Não é por alguém ser moralista e por isso ficar dizendo o que os outros deveriam fazer (ou seja cobrarem postura moral), que podemos dizer que a mora é algo sem importância ou mesmo algo meramente "individual".. Isso para mim, é desculpa de quem não quer nem mesmo tentar se transformar moralmente e nem fazer esforços para melhorar-se. Também dizer que "moral" é algo individual é limitar (ou então é prova de que nao conhece mesmo o espiritismo) que "Moral" é vista como regra de bem proceder e tem caráter geral, ou seja, de lei, tanto que ocupa toda a terceira parte do Livro dos Espiritos - DAS LEIS MORAIS. E vem dizer que a moral é algo "individual"? Ter moralidade não, ser moralista sim, é algo individual.

     E exemplifico: Moral vem do "latim" 'mos-moris' e quer dizer "costumes, hábitos", por isso não podemos falar em uma moral apenas, a individual, visto que se no Brasil, por exemplo, a moral brasileira (os costumes) dizem que um homem deve se casar com uma mulher, no Oriente Medio, de acordo com a moral islamica, um homem pode se casar com varias mulheres, basta poder sustenta-las.  Diremos que é imoral, só por nao ser a moral deles igual a dos brasileiros? Em absoluto podemos fazer isso, são somente costumes , habitos diferentes.

     Outro exemplo, até imperceptível do que seja hábito moral, ou seja, nascido dos hábitos e costumes, mas é moral, é o hábito de se vestir. Isso mesmo, de se vestir. Quem já teve oportunidade de estudar FILOSOFIA DO DIREITO, deve ter ouvido o professor dizer que nos primórdios  da humanidade, toda a raça humana andava nua para eles, era natural , mas aí houve o frio, a era glacial e o homem teve necessidade de se proteger do frio, cobrindo  seu corpo e usou para isso as peles dos animais.  Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta e o cachimbo foi o uso da roupa (peles) por centenas de anos e a boca ficou torta, ou seja, se habituaram, se acostumaram a usar as roupas, por isso nao usar roupas é visto como algo socialmente imoral hoje.

     Um último exemplo é o escovar os dentes e lavar as mãos, dentre outros. Esses são hábitos morais. Morais? Isso mesmo, pois são hábitos que nascem do costume reiterado.

2) Os ortodoxistas vêem o espiritismo como ciencia. O erro nao está aí. Está em eles darem uma supervalorização ao aspecto cientifico, uma minivalorizaçao ao aspecto filosofico e zero ou proximo de zero ao aspecto moral..Mas vemos nas obras básicas que Kardec (quem tem a codificação e Revistas Espíritas em pdf pode testar a busca por "moral") e ver que essa palavra é revestida de importancia, assim como a ciencia e filosofia também tem as suas.

     PS - Desculpem a inconfidência, mas acho até graça nas "foquinhas" amestradas que ficam batendo palmas para tudo que a "morsa-rei" fala para as pobres foquinhas que ficam a espera de ganhar umas sardinhas (já deu para ver que tem endereço isso, né?)

3)  A obsessâo por retomar o CUEE (Controle Universal do Ensino dos Espíritos). Não haveria nada de mal nisso, mas  eles se esquecem de algo:
     -  “Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros.”(definição contida no ESE).
     
     Digam-me: como eles pretendem controlar isso, ou seja,  a espontanaeidadedas comunicações? Apenas varios espiritos dando comunicaçoes semelhantes e de forma simultanea, sem interferencias  poderia ser de alguma credibilidade, mas convenhamos que com a rapidez tecnologica seculo do 21 tornaria o CUEE algo hoje, algo ultrapassado, pois pairaria duvidas sobre a veracidade do mesmo. E de mais a mais entramos na questao "E Quem Vigia Os Vigilantes?" ou seja, quem garante que a comunicação recebida por eles é veridica? Quem garante que a mesma foi recebida simultaneamente em varios pontos do planeta por mediuns diferentes?

     A resposta é uma só:: NINGUÉM. E as foquinhas seguem batendo palmas para a morsa ,a espera de seu peixe.

4) A quarta e não última observação diz respeito a conduta moral deles em relação aos outros, para ser mais exato a maneira como eles (não) respondem às dúvidas de terceiros, basicamente se resumindo a:
     - "Leia a codificação";
     - "Isso nao é espiritismo";
     - "Estude!"
     E pior que nem o teste que fiz com eles, um teste simples foram capazes de responder. Perguntei a eles:
   " Eu gostaria de "ouvir" os pareceres de vocês do porquê do FCU, ter em seu nome os adjetivos COSMICO e UNIVERSAL, pois os mesmos, à primeira vista parecem sinônimos, pois Cósmico pode também ser entendido como universal, em algumas acepções, já que cosmos e universo, são muitas vezes confundido como a mesma coisa.
Eu tenho uma idéia do porque de o FCU ser chamado de COSMICO juntamente com UNIVERSAL e de cada uma dessas duas adjetivações fazerem sentido e de se completarem, mas gostaria antes de ouvir os pareceres dos senhores"

E a resposta da morsa foi:

"Quantos universos existem?

Quantos cosmos existem?

Nunca ouvi falar de diversos cosmos e sim de diversos universos, inclusive e principalmente na fisica quantica.

Pode estar aí a chave da resposta"

Resposta? Chave pra ela? Só se for a chave enferrujada do famoso "seria melhor ficar de boca fechada pois entrou mosca", ou seja, respondeu nada com coisa nenhuma só pra demonstrar conhecimento e só mostrou que não sabia nada.

     E as focas? Ora bateram palmas para a morsa, a mesma que quer ressuscitar o CUEE e esperam receber o peixe deles.

     Como vemos, tanto os chamados religiosos quanto os chamados ortodoxistas, nas condições citadas. são cegos guiando cegos, com ambos se dirigindo ao abismo do qual cairão, tal como conta a parábola de Jesus. E se citar Jesus é ser místico, então estou em boa companhia, pois nnguém o citou mais como exemplo do que Kardec..

          

Para concluir e fechar o ano (e o artigo) deixarei uma estoria sobre os "CEGOS e O ELEFANTE" para reflexão:

“Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.

Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.

Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:

- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes

- Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…

- Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…

- Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…

- Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.

E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.

Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!”:








FELIZ 2012!!!!

domingo, 18 de dezembro de 2011

E Quem Vigia os Vigilantes? Quem Modera os Moderadores?

Quis custodiet ipsos custodes? é uma frase em latim do poeta romano Juvenal traduzido de várias formas como "Quem vigia os vigilantes?", "Quem vigia os vigias?", "Quem guardará os guardas?", "Quem irá vigiar os próprios vigilantes?", "Quem fiscaliza os fiscalizadores?" , ou ainda "Quem modera os moderadores" ou similares.
O problema essencial foi proposto por Platão em A República, sua obra sobre governo e moralidade. A sociedade perfeita como descrita por Sócrates, o personagem principal da obra (veja Diálogo socrático), depende de trabalhadores, escravos e comerciantes. A classe guardiã para proteger a cidade. A pergunta é feita a Sócrates, "Quem guardará os guardiões?" ou, "Quem irá nos proteger dos protetores?" a resposta de Platão para esta pergunta é que os guardiões irão se proteger deles mesmos. Nós devemos contar a eles uma "mentira carinhosa." A mentira carinhosa lhes dirá que eles são melhores do que os que eles servem e é então, responsabilidades deles guardar e proteger aqueles que são menos do que eles mesmos. Nós instigaremos neles um desgosto por poder ou privilégio; eles irão mandar porque eles acham ser correto, não porque eles desejam.
retirado da Wikipedia

E o que tem Hitler na foto a ver com guardião, vigilante, moderador? Com a pureza dos conceitos, nada, mas com a idéia transviada, deturpada dos mesmos muito, pois Hitler é um simbolo do autoritarismo que toma conta de muitos que detém o poder, real ou ilusório, em suas diversas instâncias, desde o ambito governamental até o âmbito de uma simples comunidade orkutiana, em que o autoproclamado "Fuhrer" se julga o supremo detentor de toda a sabedoria e lei, não admitindo que o contrariem.
Quem conhece a historia do mundo há de lembrar que Hitler fez do povo judeu o bode expiatorio que facilitou sua ascensão ao poder e consequentemente o nazismo. Guardada as devidas proporções, vemos os Hitlers modernos, pretenderem ascender, no campo ideológico, mesmo que para isso tenham que enganar sua S.S. Particular, culpando os demais espíritas que, se tem uma parcela de culpa, não são os unicos responsaveis pelos desmandos do Movimento Espírita que, em boa parte é resultado de erros que nós mesmos cometemos em outras épocas. É portanto justo que pugnemos para corrigir esses erros, mas sem cometer o erro de sermos injustos imputando a outros esses erros, como se fossemos isento deles. E foi o que Hitler fez aos judeus anos atrás.
Na frase tirada da Wikipedia, Platão diz coisas que, transformadas dão o tom de atualidade, triste atualidade pelo qual o movimento passa. pois se por um lado o religiosismo foi e é nefando, por outro o ortodoxismo não faz melhor, pois vemos os moderadores agirem como cães de guarda ferozes a rosnarem ameaçadoramente para quem ousar ultrapassar a linha sagrada que Hitler e sua S.S traçaram e a penalidade para tal afronta é serem desterrados para os campos de concentração do banimento.
Quem é Hitler? Quem são os moderadores sem moderação no falar e no agirão me cabe dizer, so posso dizer que eles são reais, existem e alem de terem a referida "Terra Santa" na qual só o povo eleito podem entrar, tem também um grupo que eu diria invisivel, pois ninguem sabe, ninguem viu nada, nem NEfCA, parece mais esse grupo com aquela musica do Vinicius de Morais que diz que 
"Era uma casa muito engraçada
não tinha teto não tinha nada...

ninguém podia entrar nela não 
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos número zero"

Haja vista que no Estatuto do suposto grupo não consta o endereço da sede e já que foi publicado na internet e o documento é público, então por que guardam tanto segredo desse grupo que mais parece uma sociedade secreta? Por que não tem a exemplo de outros estatutos de grupos espiritas, nos quais constam o endereço da sede? Será que a bendita sede não existe? Ou não passa de endereço pessoal de "Hitler"?


Por ora, fico por aqui, dizendo olhem onde entram, pois podem estar entrando na boca do lobo e de sua matilha disfarçados de cordeiros que dizem que não há nada a temer, e realmente deles não há nada a temer e sim há tudo a temer.



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Reflexão Necessária Sobre Como Alguns Vêem o Natal




Muitos "ortodoxistas" enxergam o Natal como festa anti-doutrinária, atávica e até mesmo repleta de misticismo e desse modo, nem desejam feliz Natal ou aceitam votos de Feliz Natal. Felizmente nem todos pensam desse modo, pois embora o Natal, como nascimento de fato, não tenha existido, quem acredita nele (o Natal) quando deseja Feliz Natal, o está fazendo com sinceridade e não nos cabe sermos juizes da moral de quem deseja boas festas, presumindo que é uma atitude de deboche de quem deseja para quem recebe o desejo de Feliz Natal, pois quem o deseja, invariavelmente o faz de coração aberto.

Já imaginaram o dialogo?
A: - Feliz Natal para você, fulano.
B: - Feliz Natal, o caramba! Você não sabe que Natal não existe? Que é algo anti-doutrinário? Não aceito, por isso, seus votos de Feliz Natal.

Mas, será que rejeitar um simples desejar sincero de Feliz Natal a nós, inclui também rejeitar convite para cear, numa mesa farta ou recusar presentes previamente comprados para quem rejeitou os votos? Se sim, aí sim é coerência entre o que falamos e o como agimos; se não, é tão somente papo-furado. E por falar em festa anti-doutrinaria, o Natal é uma? Seria se houvesse algo na doutrina espírita falando algo contra o Natal, mas não há nem contra e nem a favor do Natal, pois simplesmente a doutrina espírita trata de coisas mais importantes do que essas, com que nos preocuparmos. E caso fosse anti-doutrinaria, mesmo não constando na codificação, teríamos que supor o nosso aniversario, como anti-doutrinario, pois igualmente não consta na doutrina e mais ainda, o “parabéns pra você”, pois seria anti-doutrinario cantarmos essa musica. E no, entanto, cantamos parabéns para você, comemos bolo, doces e não recusamos presentes para nós.



Eu, por exemplo, sei que Jesus não nasceu em 25 de dezembro, e que sequer houve o Natal (nascimento dele), por que creio que ele – como já visto num tópico anterior – não teria existido, mas é “apenas” um arquétipo do ser humano que seremos no futuro, menos imperfeitos, mas não é por não crer no Natal, que não irei corresponder a um voto de Feliz Natal dado por outra pessoa, pois recusar o desejo de boas festas, não me tornará menos coerente com a doutrina e igualmente não serei deselegante nem mal-educado em não aceitar presentes, dados com boa vontade por quem os comprou para mim, e menos ainda serei ingrato em não corresponder ao .presente, tendo condições para isso.

Também é coerência doutrinaria, ler e entender a questão 838 do Livro dos Espíritos, quando esta diz, claramente, que:

“Toda crença é respeitável quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças condenáveis são as que conduzem ao mal.”

E, no que votos de Feliz Natal, festa em que alguns crêem, conduziriam a pratica do mal, se forem sinceros?

Sejamos coerentes, mas coerentes por inteiro e não conforme nossas conveniências e interesses pessoais, pois como diz outra questão da qual raramente nos lembramos (por que será?):

“(...) mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.”

E ambas as questões acima, fazem parte das Leis Morais, constantes do Livro do Espírito, respectivamente da Lei de Liberdade e da Lei de Perfeição Moral. E o Livro dos Espíritos é um dos que a maioria dos espíritos concordam que é obra básica e que tem fundamentos doutrinários, inclusive falando das questões morais (e foram Kardec e os espíritos que falaram e não eu).

sábado, 3 de dezembro de 2011

Nem Religiosismo, Nem Ortodoxismo. Ficamos Com Kardec.



Este pensamento é de Sérgio Aleixo, expositor e estudioso do Espiritismo, com o qual concordamos, pois tanto o religiosismo (vejam que não falei RELIGIOSIDADE, pois todos temos esse sentimento) quanto o ortodoxismo (vejam novamente que não falei em ORTODOXIA, que significa correção no que se crê) são extremismos que se criaram em torno do Espiritismo, ou para ser mais claro, são facções existentes dentro do Movimento Espírita.

Alguns (a maioria) prefere o pensamento místico, religioso, sem usar o bom senso, o pensamento racional, pois escolheram  crerem em fantasias. Preferiram crerem em gurus mediunicos e seus guias espirituais, que lhe serviriam de muletas espirituais. Algo mais ou menos como acontece com os catolicos que vêem no padre, o seu orientador (= guru mediunico) e nos santos (=guias espirituais) ou semelhante aos pastores evangélicos (= guru mediunico) e Jesus (=Jesus mitificado e guias espirituais também). Os gurus mediunicos, que servem de muletas, são / foram Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Raul Teixeira e outros. Já os espíritos que as pessoas tomam por espíritos superiores, verdadeiros santos, são Emmanuel, André Luiz, Joana de Ângelis e outros menos votados, sem lembrarem que tanto mediuns quanto os espiritos citados deveriam ser no máximo estudados e não idolatrados como ocorre.

Saímos de uma ponta e vamos a outra.  Se no religiosismo, a fantasia, que é o oposto da racionalidade, impera; a fé cegam que é o contrario da fé raciocinada prega, fiquemos então na ortodoxia. Se entendermos "ortodoxia" como sendo a crença, opinião, interpretação CORRETA seria ótimo, mas o ser humano desnatura tudo, a ponto da "ortodoxia" virar um ORTODOXISMO,ou seja, ser sinônimo de radicalismos, de exclusivismos,  mais parecido com os movimentos separatistas que há no Oriente Medio.

Não quero dizer com isso que nao haja ortodoxos sério, que buscam interpretar a doutrina espírita como Kardec a recebeu dos espíritos da Codificação. Há sim, "ortodoxos" bem intencionados, que seguem o lado cientifico e filosofico do Espiritismo, mas não se esquecem que há um aspecto moral na doutrina, não se esquecem que Kardec falou em caridade, ou seja, buscam melhorar-s. Não são, em absoluto iguais aos "ortodoxistas", que buscam excluir quem nao partilha dos mesmos ideais,  que são grosseiros e rudes com quem faz perguntas até ingenuas, mas nao para quem as faz; dizem que se você não é ortodoxo, então você é espiritualista, é tudo, menos espírita. Ou seja, os "ortodoxistas" são um gueto, um feudo, separados dos demais espíritas, sejam misticos ou ortodoxos, no real sentido da palavra. Os "ortodoxistas" só não querem se separar de quem aceitar se submeter as regras deles e somente as deles.

Já os ortodoxos, aqueles que sabem respeitar os outros,  se mantendo fieis as bases espíritas codificadas por Allan Kardec, estes podem ser seguidos ou melhor lidos, ouvidos, mas nao fazem questao e nem querem ser idolatrados, como muitos "ortodoxistas" querem (e pior conseguem) ser e falam da idolatria que fazem de Chico Xavier

Por isso, digo que - sigam se quiserem o que direi - passem tudo pelo crivo da razao, se sua inteligencia disser que o que leu do que eu disse, ou se ler algo em outro blog, que alguem disse é correto de acordo com o que Kardec disse, então fique com esse pensamento, confie em sua razão, mas busque conhecer, pois so o conhecimento lhe dará certeza propria. Não confie no que o outro diz só porque ele diz que ele está certo. Nome e numero de amigos ou membros não quer dizer nada.

Tantos religiosistas quanto ortodoxistas são extremistas em suas posições, não aceitam quem pense diferentemente. São radicais. Eu e outros como eu somos ortodoxos e não ortodoxistas, como outros tantos que conhecemos. Somos ortodoxos, no sentido de COERENCIA DOUTRINARIA. Como vemos, o problema não está na ortodoxia e sim na visão estereotipada que alguns ortodoxistas, que se chamam também de ortodoxos, fazem da doutrina espírita.

Na dúvida, nem religiosismo, nem ortodoxismo. Fique com Kardec.




sábado, 19 de novembro de 2011

Nosso Lar (Chico Xavier) e A Vida Além do Véu (George V. Owen): Plágio





O artigo que lerão a seguir foi publicado no blog "Obras Psicografadas" e estou republicando-o aqui, por julgá-lo adequado ao papel de esclarecer sobre a verdade acerca do livro Nosso Lar e outras de Chico Xavier. Apresento-o a titulo de reflexão.



"Neste artigo Eduardo José Biasetto encontra trechos muito semelhantes não em uma, mas em duas obras de Chico Xavier, extraídas da mesma fonte: o livro de Owen chamado “A Vida Além do Véu”.  
Quem diria que eu faria discípulos… 

Esclarecimentos: Frente às inúmeras evidências de plágios apresentadas neste blog, no que se refere às atividades de supostos médiuns brasileiros, incluindo Chico Xavier, e uma vez que estas evidências abalaram profundamente minha crença no espiritismo e, em especial, na mediunidade do Chico, decidi pesquisar por conta própria, me despojando de qualquer crença ou desejo com relação ao desfecho, com o objetivo de pôr fim às minhas inquietações.
Desta forma, fiz a leitura da obra “A VIDA ALÉM DO VÉU”, supostamente psicografada pelo reverendo inglês George Vale Owen. Minha surpresa ao ler a referida obra, foi a identificação de inúmeras semelhanças com o livro “NOSSO LAR”, suposta psicografia de Chico Xavier, recebendo mensagens do suposto espírito André Luiz. Mais ainda, identifiquei em “A VIDA ALÉM DO VÉU”, diversas idéias e “histórias” que, lembrando de minhas “leituras antigas”, já havia conhecido em outros livros de Chico Xavier/Espíritos (?).
Dentro de minhas limitadas análises, em razão de pouco tempo de estudos e outras dificuldades, como a própria seleção de material adequado, confesso que encontrei razoável dificuldades para constatar, evidenciar as devidas “semelhanças”, “plágios” ou adaptações. Porém, pude constatá-las! 
Na matéria anterior, publicada neste blog, de minha autoria, NOVAS EVIDÊNCIAS SOBRE AS CORRELAÇÕES ENTRE “A VIDA ALÉM DO VÉU” DE OWEN E “NOSSO DE LAR” DE CHICO XAVIER, mencionei que concluia que o Chico tinha se inspirado na obra de Owen, para escrever Nosso Lar – e, além disso, havia também feito uso desta obra para escrever outros livros. 
Neste contexto, fiz uma breve, mas acredito suficiente análise de algumas passagens do livro “LIBERTAÇÃO” (Chico Xavier/André Luiz), onde, na minha concepção, pude comprovar o que havia dito. 
Esta análise está exposta em “Quatro Quadros”, sendo que considero os “Quadros III e IV”, as evidências indiscutíveis de que houve influência do livro de Owen, na elaboração de “Libertação”. 
Para aqueles que considerarem as evidências apresentadas, pouco significativas, quero registrar que, em razão do pouco tempo disponível, como já mencionei, dispensei a busca quantitativa, mas foquei na fundamentação qualitativa. Se eu quisesse prolongar minhas pesquisas, certamente, encontraria mais referências, mas pra mim, bastou o que já encontrei.
Minhas indagações e conclusões:
1º) Como explicar que dois livros de Chico Xavier/André Luiz (Nosso Lar e Libertação) apresentem diversas semelhanças, inclusive detalhes e informações tão evidentes à obra A Vida Além do Véu, de Owen? 
- Para alguns, isto se explicaria, porque os livros tratam de assuntos semelhantes. Eu até admito que isto tem fundamentos, mas o problema é que há “detalhes”, “clímax”, “informações” nas histórias que são demais parecidos! 
- Para alguns, o reconhecimento de que houve consulta à obra de G. Vale Owen, não invalidaria a mediunidade do Chico, porque esta consulta poderia ter sido feita pelos espíritos (André Luiz e/ou Emmanuel). Mas, esta possibilidade, me remete à 2ª indagação: 
2º) Se André Luiz e Emmanuel faziam uso da mediunidade de Chico Xavier, para contar histórias relacionadas às encarnações deles próprios, por que eles precisariam consultar obras? 
- Admitindo que o espírito não sabe tudo, o que é aceitável, então seria razoável a consulta de obras terrenas, mas de cunho científico. Não obras “espíritas”, para tirar informações sobre cidades/colônias espirituais, porque para isto, bastaria a experiência deles próprios. 
- E, no caso de consultas a obras terrenas, de cunho científico, como já discutimos muito aqui no blog, e outros que participam destes debates há mais tempo que eu, também já falaram, AS FONTES DEVERIAM SER MENCIONADAS. 
3º) Mas o Chico consultando somente A Vida Além Do Véu, escreveria tantos livros – os livros da “série André Luiz”? 
- É óbvio, que não é exagero, elogiar a brilhante capacidade criativa do Chico Xavier, pois ele ampliou em muito as informações que colheu em A Vida Além Do Véu – de uma pequena passagem, ele fez surgir um capítulo; de um capítulo ele fez surgir vários livros. Ele ampliou as informações, encheu de “novidades”, incluiu personagens, fatos, modificou algumas coisas. Por exemplo: no livro do Owen, o espírito Arnel e companheiros sofrem algumas dificuldades para enfrentar os espíritos perdidos nas Trevas, mas nada tão difícil, porque como espíritos evoluídos, eles têm uma força de luz e um poder, que intimida os espíritos perturbados. Em Libertação, e também na obra “Ação e Reação”, o “André Luiz” narra que os espíritos das Trevas, dos umbrais, têm armas elétricas, são  “poderosos”, coisas assim. Se o livro do Owen, para alguns, já era uma ficção (???) – os livros do Chico foram muito mais além!!! 
- Para alguns, toda esta “inspiração” do Chico – eu já pensei assim – , seria uma prova de que ele era mesmo médium e, neste caso, mesmo que, de uma forma diferente, ele teria, de fato, recebido ajuda espiritual? Neste caso, no mínimo, estaria claro, pelo menos pra mim, que: 
A-) Precisaríamos repensar toda a idéia, o conceito que se tem sobre a mediunidade; 
B-) Precisaríamos repensar toda a idéia, o conceito que se tem sobre Emmanuel e André Luiz.  
Então, fazendo uso da figura de linguagem, “vi com meus próprios olhos”! Na minha concepção só há dois caminhos: 
I – Chico Xavier nunca foi médium e estudou, copiou, adaptou, plagiou, parafraseou, se inspirou em diversas obras, para escrever seus mais de 400 livros, os quais ele atribuiu aos espíritos desencarnados; ou 
II – Chico Xavier foi médium, recebeu ajuda de espíritos, mas de uma forma totalmente diferente daquilo que o próprio espiritismo diz e o próprio Chico afirmava. E, neste caso, Emmanuel e André Luiz não existem do jeito que foram apresentados nos livros e pelo próprio Chico. 
Quero deixar bem claro, que não faço qualquer julgamento no sentido de desmerecer a pessoa Chico Xavier. Muito pelo contrário, acredito na sua bondade, reconheço sua obra beneficente, de grande valia e tudo mais! Agora, quanto às psicografias… 
Eu havia criticado a opinião do José Carlos Ferreira Fernandes, sobre a pessoa do Chico Xavier, em matéria deste blog. Porém, depois de tudo que verifiquei e conclui, acho que ele tem razão sobre muitos pontos. 
Penso que o Chico descobriu no espiritismo, uma chance de “ser alguém”. Ele agarrou com todas as suas forças a doutrina, mas havia um problema: Chico já tinha sido muito influenciado pelo pensamento católico. E esta influência o perseguiu por toda a vida. 
Ao mesmo tempo, em que identificava a proposta progressista da doutrina espírita, defensora do evolucionismo darwinista e idealizada sob o desejo do pensamento científico, Chico tinha dificuldades para lidar com algumas dogmas católicos. 
Ele foi um dissidente do catolicismo, certamente, a partir do momento que aceitou a causa reencarnacionista, mas ele manteve-se fiel à ideia de um Jesus Cristo salvador. Temas como castidade, pecado, céu e inferno nunca deixaram de povoar o seu pensamento. 
Foi assim que ele não viu problema algum em castigar André Luiz, com oito anos de umbral. Afinal, o personagem por ele criado, o médico carioca, havia sido boêmio, infiel e arrogante.
Com toda sua Inteligência, Chico não foi capaz de contextualizar André Luiz numa época, a 1ª metade do século XX, onde o machismo era muito forte no Brasil, e um médico bem sucedido, morando na cidade do Rio de Janeiro, certamente viveria aventuras e prazeres. Puniu-o por toda a existência no plano espiritual – em vários momentos, André Luiz se mostra arrependido, lembra do passado terreno, o passado mundano, e chora, se auto-punindo. Expõe-se, assim, mais uma forte característica do “moralismo cristão” (o arrependimento e a dor pelos atos praticados), característica esta, que se frutificou no pensamento católico medieval, e ainda se manifesta em países como o Brasil. 
Desta forma, Chico ajudou a difundir um “espiritismo cristão-católico”. Se, por um lado, ele fez propaganda da doutrina, por outro, ele distanciou o espiritismo da ciência a que se propunha, aproximando-o, definitivamente, de uma religião, apenas isso! O pior, é que Chico fez escola. A maioria, a esmagadora maioria daqueles que se apresentaram e se apresentam como médium, passou a seguir o “espiritismo cristão-católico de Xavier”. Isto explica, porque eles, em suas “psicografias”, trazem mensagens recheadas de moralismo e justificativas punitivas: “fulana” morreu de câncer, porque fez abortos (se não foi nessa, foi em outra encarnação), sicrano morreu de morte violenta e foi para o umbral, porque foi promíscuo, egoísta e maldoso… ou estava resgatando uma dívida de outra vida! 
Isto explica, também, porque o “espiritismo brasileiro”, fazendo referência às colocações do Gilberto, tem resposta pra tudo! É incrível, como este espiritismo verde e amarelo, gosta de se meter em acontecimentos, qualquer que seja o lugar: atentados de 11 de setembro, terremoto no Haiti, tsunami no Japão. Não faltam “médiuns” e “informantes do além”, para explicar estes desastres, estas tragédias. O que me causa surpresa, fazendo uso das colocações do Juliano, é que estes “informantes do além”, que tudo sabem, rapidamente, não são capazes de informar a algum médium no Rio de Janeiro, que tem um debilóide planejando matar jovens estudantes. Pra isto, que seria algo, realmente útil, eles não estão preparados! 
É curioso, porque o livro de Owen – A Vida Além Do Véu –, apresenta a existência de bons e maus espíritos, indica a realidade de “céu” e “inferno”, mas não fica procurando motivos que justifiquem esta situação, apenas menciona o fato. Chico, se identificou com os fundamentos desta obra, mas quis justificar a situação dos desencarnados – os que vivem em paz, e aqueles que sofrem – e a justificativa veio com todas as suas forças, influenciada pelo catolicismo, do qual ele nunca se livrou. 
Quando se pesquisa a mediunidade de Leonora Piper, por exemplo, não se verifica esta preocupação de “tudo querer explicar”. O mesmo acontece em relação a outros médiuns internacionais famosos. Não sou muito bem informado nesta área, acredito que o Vítor tem conhecimento para concordar ou não com esta opinião, mas o que fica pra mim é a “mania de grandeza” dos ”médiuns” brasileiros, que têm resposta pra tudo! Na verdade, não respondem nada e não contribuem para dar credibilidade à doutrina, muito pelo contrário, fazem dela, motivo de chacota. 
Estas são minha conclusões! 
Saudações… 

QUADRO I 
“A VIDA ALÉM DO VÉU” 
Página 246 – “Daquela colônia fomos adiante às regiões das trevas. (…)” /” Assim chegamos a uma grande cidade, e entramos por um portal enorme onde guardas marchavam de lá para cá.” 
Página 248 – E em seus ouvidos, tão afinados à delicadeza vulgar, minhas irmãs, eu cochicharia uma palavra de conselho também. Crianças não vêm até aqui nestes grandes reinos, dos quais vocês me deram a honra de eleger-meGovernador. 
“LIBERTAÇÃO” – CAPITULO IV – 
Página 49 – Numa cidade estranha 
Página 49 – Após a travessia de várias regiões, “em descida”, com escalas por diversos postos e instituições socorristas, penetramos vasto domínio de sombras 
Página 52 – Na atualidade, este grande empório de padecimentos regenerativos permanece dirigido por um sátrapa de inqualificável impiedade, que aliciou para si próprio o pomposo título de Grande Juiz 
Página 58 – Notei a existência de algumas organizações de serviços que nos pareceriam, na esfera carnal, in­gênuas e infantis, reconhecendo que a ociosidade era, ali, a nota dominante. E porque não visse crianças, exceção feita das raças de anões, cuja existência percebia sem distinguir os pais dos filhos, arrisquei, de novo, uma indagação, em voz baixa.
Respondeu o Instrutor, atencioso:
— Para os homens da Terra, propriamente considerados, este plano é quase infernal. Se a compaixão humana separa as crianças dos crimi­nosos definidos, que dizer do carinho com que a compaixão celestial vela pelos infantes?

QUADRO II
“A VIDA ALÉM DO VÉU” – Página 251 – “Entramos e fomos desafiados peloguarda no portão. Havia uma companhia de dez na guarda, porque o portão era principal e largo, com duas asas. 
“LIBERTAÇÃO” – CAPÍTULO V – Transcorridas longas horas em compartimento escuro, aproveitadas em meditações e preces, sem entendimentos verbais, fomos conduzidos, na noite imediata, a um edifício de grandes e curiosas pro­porções.
O esquisito palácio guardava a forma de enor­me hexágono, alongando-se para cima em torres pardacentas, e reunia muitos salões consagrados a estranhos serviços. fluminado externa e interior-mente pela claridade de volumosos tocheiros, apre­sentava o aspecto desagradável de uma casa incendiada.
Sob a custódia de quatro guardas da residên­cia de Gregório, que nos comunicaram a necessidade de exame antes de qualquer contacto direto com o aludido sacerdote, penetramos o recinto de largas dimensões, no qual se congregavam algu­mas dezenas de entidades em deploráveis condições. 
? Obs.: Neste caso, reconheço que a semelhança é pouco significativa. Mas vejam o contexto: ocorre que em “A Vida Além Do Véu”, o espírito comunicante (Arnel), informa que, juntamente a outros 14 espíritos, visitaram regiões das Trevas, onde chegaram a uma cidade. Nesta cidade, havia um líder, que ele menciona como governador, então ele menciona que a cidade tinha muralhas, cheiro muito ruim, uma casa que se destacava (do governador), havia guardas no “portão” da cidade e em outros lugares… Em “Libertação”, André Luiz narra que, na companhia de outros espíritos, eles visitam local semelhante. Tem uma casa que se destaca também, que é de Gregório, ao invés de “governador”, ele é oGrande-Juiz do local. Também há guardas, cheiro ruim e coisas assim… [Muitas semelhanças!] 
QUADRO III


“A VIDA ALÉM DO VÉU” – Página 252 – “Nós temos uma missão junto aos trabalhadores das minas, os quais seu mestre escraviza”. “Um fim muito atraente para sua jornada”, disse ele com um tom agradável, procurando nos enganar. “Estas pobres almas trabalham muito para estarem prontos para qualquer bom amigo que aja por eles, sua existência e seus problemas”. “E alguns”, eu disse, “estão também prontos para partir em direção à liberdade do jugo de seu senhor, o qual, cada um em seu degrau, está interligado a vocês todos”.
Num átimo sua FACE mudou de risonha para fechada e carrancuda, e seus dentes mostraram-se parecidos com os de um LOBO faminto. Mais ainda, com a mudança de humor, ali pareceu descer uma névoa mais escura e assentar-se sobre ele.”
“LIBERTAÇÃO” – CAPÍTULO V – De repente, parecendo sofrer a interferência de lembranças menos dignas, clamou:
— Quero vinho! vinho! prazer!…
Em vigorosa demonstração de poder, afirmou, triunfante, o magistrado:
— Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?
Em seguida, fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, asseverou, peremptório:
— A sentença foi lavrada por si mesma! não passa de uma LOBA, de uma LOBA …

A medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição do irracional mencionado, notei que a mulher, pro­fundamente influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a cerviz cur­vou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o ROSTO.

? Obs.: A questão envolve nas duas obras, a narrativa de que o espírito mudou sua fisionomia, parecendo-se com um lobo/loba. Além da semelhança nas duas histórias, observem as narrativas: “sua face mudou de risonha para fechada e carrancuda, e seus dentes mostraram-se parecidos com os de um lobo faminto”; e, “não passa de uma loba (…) Entortou-lhe a boca, a cerviz curvou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto.

Enfim, histórias muito parecidas ou, até mesmo, “idênticas”. Seria, apenas uma coincidência?
QUADRO IV


“A VIDA ALÉM DO VÉU”  Página 252 – Nós deixamos isto para trás, e logo chegamos a um lugar onde se abria para nós uma ampla boca de caverna que levava para os lugares intestinos daquela região. Não andamos quase nada e veio em nossa direção, em rajadas, um vento de odor tão nojento e quente e fétido que voltamos e paramos por um pouco de tempo para recuperarmos as forças. Isto feito, endurecemos nosso coração e fomos para dentro e para baixo.
“LIBERTAÇÃO” – CAPÍTULO IV – Passamos a inalar as substâncias espessas que pairavam em derredor, como se o ar fosse consti­tuído de fluidos viscosos. Elói estirou-se, ofegante, e não obstante expe­rimentar, por minha vez, asfixiante opressão, busquei padronizar atitudes pela conduta do Instrutor, que tolerava a metamorfose, silencioso e palidís­simo.
? Obs.: As histórias são IDÊNTICAS – em “A Vida Além Do Véu”, Arnel e seu grupo reclamam do “vento nojento”, que “tirou as forças deles”; em “Libertação”, André Luiz reclama das substâncias que estão no ar, afirmando, ainda, que Elói estirou-se ofegante, isto é, “perdeu suas forças”.
Mais uma vez, simples coincidência?
– Para o exposto nos Quadros III e IV, só haveria, na minha opinião, duas hipóteses para eximir o Chico da acusação de plágio ou “inspiração” pelo livro de Owen:
1º) Considerar que houve coincidências envolvendo as histórias – o que, convenhamos, é muito pouco provável!
2º) Considerar que quem fez as “cópias” foi o André Luiz. Mas, neste caso, pergunta-se: por quê? Ele já não teria experiências pessoais e autênticas para contar?
Apêndice (Semelhanças em A CAMINHO DA LUZ – Chico Xavier/Emmanuel)

“A VIDA ALÉM DO VÉU” (página 302) – “Aqueles grandes mamíferos erépteis, dos quais vocês têm os remanescentes em forma fossilizada, eram maravilhosos produtos da energia criadora muito habilmente empregada. Mas quando vistos do mais avançado ponto de vista deste atual estágio de evolução,eles parecem rudes e fruto de trabalho artesanal desajeitado. Apesar disso, é bom lembrar que alguns deles foram grandes blocos que foram usados no assentamento das fundações sobre as quais um templo muito enfeitado de energia viva e progressiva está ainda hoje sendo construído; e, ao se contemplar estas fundações, pode-se estimar quanto este prédio progrediu em desenho, e também se pode perceber quão alto é o pé direito daquele andar no qual agora vocês estão para admirar a paisagem dos céus distantes naquelas regiões do espaço ondeainda estão evoluindo trabalhos de outras grandes Hierarquias que hoje estão, em seu próprio caminho, mobiliando novos mundos no estágio em que a terra estava quando estas fundações da vida atual foram construídas.”
“A CAMINHO DA LUZ” (páginas 28/29) – “A Natureza torna-se uma grandeoficina de ensaios monstruosos. Após os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas.
Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a combinação das substâncias, na retorta de acuradas observações, analisavam, igualmente, a combinação prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado, executando, com as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as possibilidades e necessidades do porvir.

Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e realizaram-se novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no limite do possível, em face das leis físicas do globo. (…) os animais monstruosos das épocas remotas, que lhe foram posteriores, desapareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do mundo as interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.”

Como disse Sérgio Aleixo certa vez, na comunidade ADE RJ - ESPIRITISMO, do Orkut:
"Toda essa verdadeira "mitologia" foi autorizada no movimento espírita a partir de Chico Xavier/André Luiz... Toda essa literatura é produzida por admiradores inveterados de Chico Xavier/André Luiz...

Os tais "Dragões" surgem no imaginário do movimento espírita na obra "Libertação", a mesma onde surgem os "ovoides", a "licantropia", etc.

Lá está no cap. 8, um filho antagonizando sua mãe ao dizer:

"Ela serve ao Cordeiro, eu sirvo aos Dragões (1).

"(1) Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando líderes de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são, todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos séculos, qual acontece aos próprios homens. — Nota do autor espiritual."

Por isso costumo dizer que analisar as obras que por aí andam é enxugar gelo... a causa está toda em Chico Xavier/André Luiz... Ele é que inaugurou uma série de clamorosas adulterações do pensamento espírita, que têm nessas obras e médiuns mais recentes apenas uma sequência mais do que presumível... 

Eliminada a causa, o efeito cessaria naturalmente.. 
Não quero com isto dizer que seja inútil alertar quanto a tais obras... Vale muito!! É que os espíritas febianos também fazem alertas contra elas, esquecidos, porém, de que são meros apêndices de André Luiz, por sua vez, mero apêndice de obras do final do século XIX e início do XX, como aquela recebida em Oxford pelo rev. Owen, "A vida além do véu"... Tem até cavalinho voando sem asas, e puxando transporte para espíritos..."