domingo, 30 de setembro de 2012

A Água Fluidificada e o Espiritismo




O que é água fluidificada?


Kardec nos diz em O Livro dos Mediuns: "Esta teoria nos dá a solução de um fato bem conhecido do magnetismo, mas inexplicado até hoje — o da mudança das propriedades da água através da vontade. O Espírito agente é o do magnetizador, na maioria das vezes, assistido por um Espírito estranho; ele opera uma transformação com o auxílio do fluido magnético que, como já foi dito, é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. Se ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode, igualmente, produzir um fenômeno análogo sobre os fluidos do organismo e, daí, o efeito curativo da ação magnética convenientemente dirigida."


Água fluidificada, então existe?   


O que seria "fluidificar" água? Que conceito científico é aplicado nesse caso?


Lembro que Kardec chamou acima de "TEORIA" e deste modo não trata o assunto como POSTULADO DOUTRINARIO.


EXATAMENTE por conta das propriedades da água e das propriedades magnéticas, é impossível fluidificar a água como se afirma nos CE´s.


O termo "água fluidificada" é um pleonasmo. A água em estado líquido ou gasoso (vapor) é um fluido porque não "resiste de forma permanente às mudanças de formas provocadas pela pressão". Como se “fluidifica” algo que já é um fluido, ou seja, a água?
Allan Kardec utilizou, na Revista Espírita de 1860, o termo "água Espiritualizada" ('eau Spiritualisée'), mas é comum também vermos em Léon Denis "água magnetizada". Todos os termos têm seus inconvenientes.

E por quê?


Porque isso significaria a criação de um campo magnético mensurável. As moléculas de água também se alterariam, pois fluidificar - que é a mesma coisa que ENERGIZAR - alteraria as propriedades materiais da substância.

Uma coisa é certa, não se pode alterar a molécula da água (H2O), o que se pode fazer é alterar a composição atômica de cada átomo da molécula da água como um Hidrogênio mais pesado ²H (D2O) ou super-pesado ³H (T2O) ou 18O.

O T2O (³H2O) é corrosivo e prejudicial a saúde.


O D2O (²H2O) em ratos e cães causaram esterilidade irreversível e se dadas em altas doses causavam até a morte. Em seres humanos não há perigo a não ser que haja ingestão exagerada de D2O por longos períodos.

A fluidificação ou magnetização da água:
- não altera a molécula da água, pois se alterasse não seria mais água.
- não cria isotopos de Hidrogênio nem de Oxigênio senão teríamos casos de pessoas passando mal por ingestão de T2O (³H2O) ou, sem ironia, teríamos fábricas, espalhadas pelo mundo, de D2O (²H2O) com médiuns de magnetismo na linha de produção

Energia não se cria, nem se esgota. Energia se transforma - ESSE é o principio físico. E a doutrina nos manda sempre respeitar a ciência.


Se você energiza um copo de água - que não é espírito (e portanto não guarda a mesma receptividade como num passe) ela teria obrigatoriamente que apresentar as seguintes condições alternativas:


- Teria que ficar aquecida, ou;


- Teria bolhas provocadas por alguma ionização, ou;


- Teria um campo magnético capaz de ser medido por um simples voltímetro, ou;


- Emanaria radiação passível de ser mensurada em escalas de espectros de radiação.



Desconheço qualquer estudo que tenha apontado alterações nestas condições.


Não podemos crer em magia ou misticismo apenas porque ocorrem em uma casa espírita. 


Como uma "pilula" espiritual pode curar alguém, se a doutrina espírita nos ensina que toda "cura" espiritual depende exclusivamente do MÉRITO?


Exatamente por isso mesmo temos que ser criteriosos. Um copo de água não é algo etéreo que não possa ser visto nem analisado. Não é como um fenomeno mediunico, onde se lida com a vontade humana e equilibrio psicológico tênue com forças espirituais.


Um copo de água é um recipiente de sílica vitrificada contendo quantidade qualquer de H20. Tanto as propriedades da sílica quanto da água são largamente conhecidas no meio científico.


Sendo assim, dados os parâmetros físicos e materiais da água - e do copo - não seria de se esperar que ALGUEM já tivesse tido a curiosidade de fazer uma análise fisico-química da tal "água fluidificada"?


A Genese é uma obra já conhecida por conter algumas inverdades científicas, pois Kardec a aproveitava para publicar algumas de suas teorias.


Mas, podemos começar pelo começo: fala-se em "magnetização" da água. Ora, magnético é o objeto capaz de reter ou produzir campos magnéticos.


A pergunta inicial seria: a água é capaz de reter campos magnéticos?


Andei pesquisando sobre as propriedades da água e tive alguns dados para complicar essa história.


Para começar, de que água falamos?


A água já não é mais apenas H2O. Infelizmente, para complicar para o lado do A Genese, a água moderna vem repleta de sais minerais, cloro e flúor.


Portanto, enquanto a água realmente possua capacidade de condutividade elétrica, ela se torna cada vez menos "magnetizável", ou seja, tem ZERO de chance de reter campos magnéticos pelo fato de conter substâncias misturadas que são notáveis não condutores elétricos.


Em cada região, em cada cidade do Brasil, a água apresenta diferentes configurações. Já não falamos mais de água, desta forma e sim de alguma outra coisas que sai de nossas torneiras.


Pois bem... Se a água é incapaz de reter campos magnéticos, ela não é magnetizável. 


Tem o mesmo efeito da hóstia ou da água benta.


A questão aqui é mesmo de natureza científica. Com água ou sem água o resultado depende do mérito moral.


Se começarmos a acreditar que uma substância material pode efetuar a cura, vamos ter que esquecer, então, o que a codificação nos informa que a cura espiritual advém do mérito moral...


Qualquer jarro de água que você deixar em qualquer lugar vai liberar bolhas de água derivadas das diversas reações físico-quimicas que ali ocorrem.


Bolhas em um copo de água significam liberação de gases (CO2, por exemplo, se ali contiverem elementos para tal). Ou ainda sinal de aquecimento da água. Verifique a temperatura da água quando isso ocorrer


Eu vejo o copo de água que fica no meu criado mudo sempre amanhecer com bolhas.

Isso seria fluidificação?


Não creio


Se a água fluidificada, em tese, é água magnetizada e se objetos ou substancias magnetizadas irradiam um campo magnético e se um campo magnético pode ser medido por qualquer instrumento da Terra, pergunto:


- Alguém já mediu o campo magnético da tal água fluidificada?


Ou as pessoas só acreditam por acreditar?


Afinal, se falou-se em magnetismo, falou-se em física. E física é uma ciência...


O que estou dizendo é que tanto a água benta como a fluidificada funcionam para quem tem fé !!! 



Não adianta nada eu tomar um litro de água fluidificada se não acredito que vá me fazer bem. Da mesma forma, ocorre com a água benta ! Não é só porque um padre coloca as mãos em cima do "pote com a água" que ela fará algum efeito, se a pessoa não acreditar .Isto me foi dito por um padre com mais de 25 anos de sacerdócio, ok ?


Sua fé não agiria independente da água?


Eu tomo Captopril e Benzilato de Anlodipino sem fé e me curo da pressão alta quando ela sobe..   


A água fluidificada não está cientificamente demonstrada. De todos os supostos fenomenos nomeados pelo Espiritismo é justamente o mais material de todos, o que lida diretamente com matéria fácil de ser encontrada e manipulada.


Sendo assim, é de se estranhar que justamente algo tão material não tenha deixado conclusões contundentes para a ciência academica. O que é "mudar as propriedades da água"? O que acontece com os dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio neste processo? E de que água estamos falando? Daquela que contém elementos quimicos retendores de magnetismo das fontes de que lugar? A água destilada pode ser fluidificada? A água do mar pode ser fluidificada? Quando alguém magnetiza a água as demais substancias nela contidas ficam inertes?


Muita matéria, muitos anos de estudo e... nada.


Isso é MUITO DIFERENTE do que tentar provar a existencia do espirito imaterial.
Seguir a codificação também significa "avançar com a ciência", pois esta é a recomendação do mesmo Kardec.


Fonte: Comunidade Eu Sou Espírita - Espiritismo

sábado, 29 de setembro de 2012

CONVITE: Fórum Espiritismo Com Profundidade

O motivo pelo qual passamos os 2 últimos meses em velocidade reduzida quanto ao número de tópicos que compõem o Blog foi o envolvimento com o projeto do FORUM DE DEBATES ESPIRITAS ESPIRITISMO COM PROFUNDIDADE, ppara o qual estamos agora convidando a todos os interessados em estudar e debater com seriedade os pontos da doutrina espírita.

Espiritismo Com Profundidade é um fórum onde o importante não é impor, mas sim estudar e expor idéias com racionalidade e sem achismos, de modo a debater a doutrina espírita com a profundidade que ela merece e assim esclarecê-la e divulgá-la.

O fórum será um lugar onde dúvidas poderão ser postas sem receio, mas as opiniões serão tomadas apenas como opiniões de um ou de outro, caso não tenha sido referendada pelo controle universal do ensino dos espíritos, o CUEE.

Isso mesmo:

**Agora Temos Um Forum Próprio**

IMPORTANTE: - Ele Será Aberto Para Postagens Nos Tópicos a Partir Do Dia 03/outubro/2012 (Dia do Nascimento de Kardec),
- Mas, Já Está Aberto Para Cadastramentos.

- Venha conhecer e fazer parte.

- Venha perguntar, responder e debater o espiritismo com profundidade. O Link é: http://espprof.omeuforum.net

sábado, 15 de setembro de 2012

Amazonas Hércules e Luiz Antônio Millecco: Homenagem a 2 Espíritas Com "E" Maiúsculo


Luiz Antônio Millecco Filho

Luiz Antonio Millecco Filho (Rio de Janeiro, 30 de junho de 1932 - 5 de fevereiro de 2005) foi musico-terapeuta, médium, escritor e conferencista espírita brasileiro

Último dos quatro filhos de Luiz Antonio Millecco e de Rosa de Carvalho Millecco, foi autor de mais de duzentas músicas e se graduou pelo Conservatório Brasil
eiro de Música, do Rio de Janeiro.

Criador da primeira técnica brasileira de trabalho clínico musico-terapêutico, denominada "Músico-verbal", tornou-se ainda escritor e médium psicógrafo, especialmente dedicado à literatura espírita. Era portador de deficiência visual, sendo cego de nascença, e ativo no combate aos direitos dos deficientes visuais.

Atuante personalidade do movimento espírita fluminense, orador, escritor e médium, trabalhando ativamente também pelo respeito e defesa do interesse dos deficientes visuais, Millecco é fundador e, foi Presidente do SPLEB (Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille), um dos quatros centros no Brasil que se ocupam da publicação de livros destinados aos deficientes visuais. É também fundador e dirigente do Grupo dos Samaritanos, onde desenvolve importante trabalho de atendimento, pelo telefone, às pessoas que buscam consolo e pacificação.

Casou-se com Iza de Oliveira Millecco, esta cega a partir da primeira década de vida, com quem teve dois filhos. Magali, falecida logo após o nascimento, e Luiz Cláudio, que seguiu a carreira musical. Ao ficar viúvo, Millecco casou-se com Maria de Fátima Rossi, com quem viveu até falecer.

Funda, juntamente com o marechal Mário Travassos e com Marcos Vinícius Teles, a Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille no Rio de Janeiro (30 de junho de 1953).

Em 2003, presidiu o 1° Congresso Internacional de Cegos Espíritas. Foi fundador e dirigente do Grupo dos Cireneus, onde através do Tele Cristo se desenvolve trabalho de atendimento, pelo telefone, às pessoas que buscam aconselhamento.

Foi também professor de Ensino Especializado, cargo que ocupou no Instituto Oscar Clark até aposentar-se. Foi ainda fundador e presidente da SPLEB (Sociedade Pró-Livro Espírita em Braile).

Entre suas obras, conta-se:
1988 Meu além de dentro e de fora;
2000 Doze passos rumo à paz interior;
2004 Olhos de ver – o desafio da cegueira;
A música “Ele Veio”;
Etc...






Amazonas Hércules

Amazonas Hércules nasceu em Manaus, no dia 5 de setembro de 1912, ficou órfão do pai antes de nascer e da mãe aos quatro anos de idade, sendo criado por sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes que por ser espírita, deu-lhe as primeiras noções do Espiritismo, conduzindo-o às reuniões da Federação Espírita do Amazonas, de cujas atividades participava como voluntária. Em 1954, Amazonas, portador da doença causada pelo bacilo de Hansen, antigamente chamada de lepra, internou-se na Colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde desencarnou em 28 de abril de 2004, aos 91 anos de idade.

Amazonas Hércules fez jus ao seu nome e sobrenome. Muitas pessoas sadias o procuravam em busca de ânimo para as lutas da vida. Inúmeras vezes, mesmo sofrendo, escondeu suas próprias lágrimas para confortar aqueles que precisavam do seu coração amigo e generoso.

No Centro Espírita Filhos de Deus, que funciona nas dependências da Colônia de Curupaiti, Amazonas Hércules foi secretário por muitos anos. Com as falanges dos dedos das mãos atrofiadas pela hanseníase, ele datilografava toda a correspondência pressionando as teclas da máquina de escrever com um lápis que segurava entre a parte superior do dedo indicador e a do dedo médio. Tendo amputado a perna esquerda, também em conseqüência da enfermidade, Amazonas se locomovia de muletas para proferir palestras em diversos Centros Espíritas do Estado, e participar do programa “Educar para Crescer” da Rádio Rio de Janeiro.

Ao longo dos 50 anos internado em Curupaiti, desenvolveu, no “Filhos de Deus”, amplas atividades assistenciais para o amparo dos familiares carentes dos hansenianos, mantidas até hoje, sendo uma delas a sala de curativos “Maria de Nazaré”.

Era poeta, e declamava com muita propriedade poesias suas e de diversos autores.


sábado, 1 de setembro de 2012

Vampirismo e Licantropia


Na literatura andreluizina vamos encontrar em “Libertação”, um processo de licantropia através do hipnotismo. Diz o mentor Gubio que através do hipnotismo é mais velho que o mundo, lembra o caso de Nabucodonosor que se encontra na Bíblia, durante sete anos viveu como um animal. O mesmo ocorrendo com um espírito feminino que pressionada por violento remorso sentia-se como se fosse uma loba, pois quando encarnada assassinara o marido e os quatros filhos. Gubio explica a André Luiz que o hipnotismo pode ser usado pelos bons e pelos maus, todos o possuem..

Quando André Luiz se refere aos vampiros, não fala de seres mitológicos com dentes agudos, adaptados para sugar o sangue das pessoas saudáveis, mas sim, de encarnados e desencarnados, que, desrespeitando as leis de Deus, se munem de sentimentos de vingança contra desafetos do passado, ou mesmo de sentimento oportunista e passam a viver à custa de energia vital de outrem.

 O termo vampiro é usado analogamente para definir o ato do espírito que suga intencionalmente as energias do outro, em alusão à figura mítica de Drácula que hipnotizava suas vítimas e lhes sugava o sangue até a morte. No mundo espiritual encontram-se figuras distintas deste ser mas que atuam de forma muito parecida com as artimanhas do conhecido ser das trevas do folclore. 

Há espíritos que sugam as energias sutis de seus hospedeiros a ponto de lhes causar sérios danos à saúde física e psicológica, uma vez que, além de lhes enfraquecer as forças, lhes envolvem em formas mentais grosseiras, que os martirizam mentalmente levando-os, às vezes, a casos de loucura. André Luiz chamou este processo de infecção fluídica, tão grave é o dano causado a vítima.


Mas, esqueça tudo isso, pois  o que existe de fato, em se tratando de vampirismo e licantropia é algo bem mais orgânico e psicológico também e se você souber se manter em um nível moral constante e seguro não haverá risco de obsessões, sejam elas simples, possessões ou fascinações mas vejamos o que existe segundo a ciência nos diz sobre vampirismo e licantropia.

O mito do Homem-Lobo se registra desde a Idade Média até nossos dias. Na Idade Média se cometia grande quantidade de crimes sádicos e sexuais que sempre terminavam por ser atribuídos a seres sobrenaturais, devido à superstição e ao medo da gente.

Alguns trabalhos curiosos comparam esses delitos sobrenaturais antigos com oscrimes sexuais seriais executados por criminais contemporâneos, identificando as violações e os assassinatos atribuídos aos temidos homens-lobo com as barbaridades e sevícias levados a cabo pelos assassinos de hoje.

Em psiquiatria, a Licantropia aparece como uma enfermidade mental com tendência canibal, onde o doente imagina ter se transformado em lobo e, inclusive, imitando seus grunhidos. Em alguns casos graves esses pacientes se negam a comer outro alimento que não seja carne crua e bem sanguinolenta.

Isoladamente, tanto as tendências eminentemente sociológicas, quanto as psicológicas e orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento bio-psico-social. Volta a tomar força os estudos de endocrinologia, que associam a agressividade do delinqüente à testosterona (hormônio masculino), os estudos de genética ao tentar identificar no genoma humano um possível "gene da criminalidade".

Esses transtornos, normalmente diagnosticados como severas psicoses, apresentam concomitantemente um alto grau de histerismo, cursando com idéias delirantes e mudança total da pessoalidade e, como outras psicoses, não sendo possível separar a realidade do imaginado.

Antigamente, sendo as psicoses de difícil tratamento, proliferavam psicóticos esquizofrênicos e outros doentes mentais, como os sádicos, necrófilos e psicopatas em geral, os quais ocorriam à licantropia como via de saída para seus delírios ou seus instintos mórbidos.

Estes doentes se inspiravam, como ainda hoje, dos personagens da cultura e do folclore para solidificar a crença em poder transformar-se em lobo, e que, nas noites de lua cheia, seu corpo se cobria de pelo, seus dentes se tornavam pontiagudos e suas unhas cresciam até converter-se em garras. Possuídos por tais delírios, os doentes vagavam pelas ruas assediando suas vítimas, atacando, mordendo e, em algumas ocasiões, esquartejando e comendo partes de seu corpo.

Hoje em dia a medicina conhece outros tipos de doenças que poderiam explicar parte do mito da Licantropia, como por exemplo a Porfiria Congênita. Esta doença se caracteriza por problemas cutâneos, foto-sensibilidade e depósitos de porfirina, um pigmento dos glóbulos vermelhos que escurece os dentes e a urina, dando a impressão que o paciente esteve bebendo sangue.

Outras doenças, como por exemplo a Hipertricose ou o Hirsutismo, as quais provocam o crescimento exagerado de pelos por todo o corpo, incluindo a face, eram interpretadas, antigamente, como qualidades sobrenaturais onde os pacientes podiam converter-se em bestas. Mas, por outro lado, ao longo da historia tem surgido alguns criminosos considerados "homens-lobo" devido aos seus métodos canibais de matar a vítima.

PORFIRIAS (Lobisomem e Vampiro)

As Porfirias são um grupo de doenças genéticas cuja causa é um mau funcionamento da  seqüência enzimática do grupo Heme da  hemoglobina (a hemoglobina é o pigmento do sangue que faz que este seja vermelho e é composta pelo grupo Heme e varias classes de globinas, segundo circunstâncias , normais, que agora não vêem ao caso). O grupo Heme é quem transporta o oxigênio dos pulmões ao resto das células do organismo e é um complexo férrico (em estado ferroso). Qualquer erro na hereditariedade que interfere na síntese do grupo Heme é capaz de produzir as doenças chamadas Porfirias.

Os sintomas das Porfirias são:

1) Fotosensibilidade, que se apresenta em todos tipos, menos na chamada Forma Aguda Intermitente. Esta fotosensibilidade é o resultado do acúmulo de porfirinas livres de metal na pele produzindo sérias lesões:

2) Hirsutismo. Para o organismo proteger-se da luz, o pelo cresce exageradamente e em lugares não habituais, como no vão dos dedos e dorso das mãos, nas bochechas, no nariz, enfim, nos lugares mais expostos à luz. Evidentemente esses pacientes devem sair quase que exclusivamente à noite.

3) Pigmentação. A pele pode apresentar também zonas de pigmentação ou de despigmentação e os dentes podem ser vermelhos fazendo que o aspecto do doente se afaste cada vez mais do ser humano normal e se aproxime da idéia de um monstro.

4) Evitam o Sol. As porfirinas acumuladas na pele, podem absorver luz do sol em qualquer longitude, tanto no espectro ultravioleta, como no espectro visível e logo transferir sua energia ao oxigênio que provêem da respiração. O oxigênio normalmente não é tóxico, mas com o excesso de energia transferido pelas porfirinas, o oxigênio se libera sob a forma de oxigênio altamente reativo.

Este oxigênio altamente reativo, produz destruição dos tecidos, predominantemente os mais distais e mais expostos, como é o caso das pontas dos dedos, orelhas e o nariz, etc, oxidando essas áreas de forma violenta, com severa inflamação em forma de queimação.

Assim sendo, quando esses pacientes se expõem à luz, suas mãos se convertem em garras e sua face, peluda em sua totalidade, mostra uma boca permanentemente aberta por lesões repetitivas dos lábios. Estando os dentes descobertos, adquirem aparência maior, sugerindo presas. As narinas, pelos mesmos motivos das lesões, se apresentam voltadas mais para cima e como orifícios tétricos e escuros.

Dessa forma teremos o lobisomem tal qual descrito pelo mito do Homem-Lobo. Imaginemos agora, na metade do século XIV, a possibilidade de encontrarmos em meio de una noite escura, esse tipo de paciente que sai de noite para evitar o dano que produz a luz, com a aparência descrita acima.

O Sangue da vítima

As Porfirias são doenças genéticas e sem cura, atualmente. Mesmo que alguns dos sintomas não possam ser aliviados, atualmente o principal tratamento para algumas porfirias, é a injeção de concentrados de glóbulos vermelhos (hemácias) ou soluções deGrupo Heme. Além disso, recomenda-se ao doente o uso continuado de filtros solares.

Mas, na Idade Media, a injeção do pigmento Heme ainda não era possível, e nem havia sido descoberto. Podemos das asas à imaginação e supor que, em algum momento, algum paciente mais desesperado tenha sido induzido ou orientado por algum curandeiro a comer ferro ou carne crua, senão a beber sangue. A própria carência de Heme ou ferro pode desenvolver essa inclinação alimentar.

Na realidade não se sabe como, mas não é difícil imaginar a pulsão que algum porfírico deve ter sentido em beber grandes quantidades de sangue e melhorar seus sintomas com isso. Nascia assim, não apenas o Lobisomem, como também o Vampiro. As descrições literárias e folclóricas da época (e até hoje) se incumbiram em oferecer um conteúdo cultural suficientemente denso para compor o cenário do delírio licântropo de muitos doentes mentais.

A Maldição

A natureza genética das porfirias, juntamente com alguns costumes endogâmicos (casamento entre membros de uma mesma família) em alguns grupos étnicos da Europa Oriental e entre a nobreza européia em geral, poderia ter desencadeado a doença em pessoas geneticamente ligadas. Pode vir daí a lenda da maldição familiar dos Lobisomens e/ou de ser Lobisomem o sexto ou sétimo filho do 
casal ou coisas assim.

O Alho, Vampiros e Lobisomens

Há uma crença folclórica sobre o poder do alho para afugentar vampiros. Quais seriam os fundamentos dessa crença?

Existe no fígado uma enzima chamada de Citocromo P450, cuja função seria, junto com outras enzimas, remover do organismo substâncias não solúveis em água produzindo produtos xenobióticos hidrossolúveis, cumprindo assim uma das funções desintoxicantes do fígado.

Como acontece com a hemoglobina, o Citocromo P450 possui o grupo Heme que, neste caso, cumpre uma tarefa diferente. Quando o Citocromo P450 hepático está metabolizando uma amplia variedade de drogas e outros compostos orgânicos, seu grupo Heme pode ser destruído.

Muitas drogas e compostos orgânicos que destroem o grupo Heme do Citocromo P450 hepático, têm muito em comum com um dos principais componentes do alho, o dialquilsulfito, que além de tudo é volátil. Isso sugere que a ingestão ou aspiração de alho aumenta a severidade de um ataque de porfiria, pois o complexo Heme, modificado pela destruição do Citocromo P450 hepático, é um potente inibidor da  enzima ferroquelatase, portanto o alho não só destrói o grupo Heme, mas também decompõe o aparato biosintético do mesmo.

Assim sendo, se o Heme não é sintetizado no organismo, não poderá inibir o excesso de síntese de porfirinas por retroalimentação negativa (feed-back) e, essa ruptura do equilíbrio é o que agrava o ataque de porfiria. Essa seqüência química faz com que o alho seja extremamente danoso aos portadores de porfiria.

Como podem ver, espiritismo também é cultura, por isso não acreditem em tudo que disserem que vieram dos espíritos.

Fonte: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=134