quinta-feira, 21 de julho de 2011

Queremos Um Espiritismo Sem Jesus?

Uma das acusações mais feitas aos ortodoxos é a de que querem tirar Jesus do Espiritismo e que por isso, os mesmos estariam sendo instrumentos das Trevas (Ui! Fiquei com medo! rsrs). Analisemos estas acusações e vejamos se ela é verdadeira ou não:

Primeiro que os espíritas ortodoxos são reconhecidos pela fidelidade a codificação e Jesus é constantemente citado nela, logo não podem ser contra algo que está na codificação, sob pena de contradizerem-se. O que os que acusam os ortodoxos de quererem tirar Jesus do Espiritismo é, na verdade, uma tentativa desesperada dos espíritas místicos ou religiosos, de desacreditarem os ortodoxos e assim, desviarem o foco de outras crendices que se instalaram no Movimento Espírita Brasileiro, tais como “espiritismo religioso”, “médiuns perfeitos e endeusados”, colônias espirituais e muito mais, que não está na codificação, e que os ortodoxos vem desmentindo, com bom senso, lógica e crivo da razão e argumentando sempre baseados no que a codificação diz.

O que se é contra, não é a figura de Jesus, mas sim contra o misticismo que a maioria dos espíritas brasileiros envolveu a figura de Jesus, misticismo esse que não está presente nas obras da codificação, mas que surgiu em terras brasileiras, principalmente graças ao livro anti – doutrinário, “Os 4 Evangelhos”, de Roustaing, que algum mentecapto, trouxe para ser publicado em terras brasileiras e que ganhou força, graças a um espírita da época, muito famoso, até hoje, ninguém menos que Bezerra de Menezes, o qual era católico até bem pouco antes de se declarar espírita.

E outros espíritas da época, fosse por terem vindo do catolicismo, fosse por influencia do livro roustainguista, passaram a ver Jesus não como “Guia e Modelo da Humanidade” (questão 625 do L.E), mas como Nosso Senhor Jesus Cristo e essa visão dos espiritas do século XIX ganhou força no século XX, com outra figura conhecida, Chico Xavier, que não obstante ter sido alguém muito bom e caridoso, carecia exatamente de uma visão mais apurada da doutrina espírita e era, como Bezerra, oriundo do Catolicismo, do qual na verdade, nunca parece ter se afastado e muitas de sua obras, são revestidas de uma linguagem católica, travestidas de espiritismo, que os demais espíritas, que também não tinham (e não tem) o crivo da razão, para analisarem o que lêem, aceitaram como parte da doutrina espírita, sem no entanto serem.

E assim, criaram-se algumas lendas espíritas, a do Supermédium, perfeito e incontestado por muitos; a de espíritos guias, infalíveis e incontestáveis (será que se fossem contestados, os contestadores iriam para o “umbral”?); a dos espíritos santos, a quem eram e são dirigidas preces pedindo intervenção nas coisas da vida, inclusive doenças (to me sentindo numa igreja evangélica), a do corpo fluídico de Jesus, o Culto (epa! Espiritismo não tem culto!!!) no Lar e a de Maria, numa conceituação puramente católica, como a Mãe Santíssima, tal como era chamada por Chico e que permeou muitos espiritas ate hoje.

Dirão alguns: E o que tem Chico chamar Jesus, de Nosso Senhor Jesus Cristo ou Maria, de Mãe Santíssima? Respondo eu: Nada, se pensarmos a nível de opinião individual, mas tudo, se pensarmos que tal opinião foi externada e influenciou milhares de espíritas e tal como as demais lendas, deturpou a doutrina espírita, que graças a preguiça e comodismo de muitos, passou a ser vista com elementos que, em verdade, ela não possui.

Mas, voltemos ao tema do tópico, embora não tenhamos saído dele. O primeiro a levantar a calúnia de que querem tirar Jesus do Espiritismo foi.... Chico Xavier! Isso mesmo, e que depois, outra pessoa, Jorge Hessen, que escreve no Reformador (órgão da FEB), aproveitou para descer a lenha no movimento ortodoxo. Vejamos o trecho de Chico Xavier:

"As falanges das trevas são muito poderosas, organizadas. O que elas desejam é expulsar Jesus do Espiritismo, e se tirarem Jesus do Espiritismo, este desaparecerá. Têm surgido, ultimamente, muitas práticas estranhas no movimento kardeciano. Estou alertando vocês porque eu tenho pouco tempo de vida e vocês devem defender esse tesouro".
"Se tirarmos Jesus do Espiritismo, vira comédia. Se tirarmos Religião do Espiritismo, vira um negócio. A Doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica? Jesus está na nossa vivência diária, porquanto, em nossas dificuldades e provações, o primeiro nome de que nos lembramos, capaz de nos proporcionar alívio e reconforto, é Jesus"

Só uma pergunta: onde foi que Chico viu que o Espiritismo é religião? Eu não vi escrito isso em nenhuma obra da codificação, ao contrario, eu vi Kardec dizer, não uma, mas varias vezes, que o ESPIRITISMO NÃO É RELIGIAO. O que Chico deve ter dito é que seu guia Emmanuel, disse isso, em flagrante contradição aos postulados espiritas, quando inventou o tal triangulo, com primazia do aspecto religioso (que nunca existiu de fato).

Mas, quem perdeu as estribeiras mesmo, foi Jorge Hessen, Emmanuelista de carteirinha assumido, ao dizer:

“É evidente que há um estranho movimento de alguns confrades, para expulsar Jesus do Espiritismo ou, pelo menos, reduzi-lo a mera figura de segundo escalão no ideário espírita, iniciativa infeliz que esbarra na firme convicção do próprio Kardec, que o reconhece como a figura mais importante da Humanidade”. (...)

“As trevas são poderosas? Claro! Atualmente, essas tropas, disfarçadas de espíritas, infiltradas no movimento doutrinário brasileiro, querem separar a parte científica, filosófica e religiosa da Doutrina, afirmando que o Espiritismo não é religião, ou seja, estão querendo colocar Jesus como coadjuvante do projeto do Espiritismo. "

As hordas das regiões densas são poderosas e se "organizam", uma vez que têm, como meta, a retirada de Jesus dos estudos espíritas. Se conseguirem retirar o Cristo da Doutrina Espírita, a casa espírita se transforma em escola de fantoches da ilusão, vira circo mesmo, vira comédia! Se abolirmos os estudos evangélicos do projeto espírita, vira negócio estranho, lembrava nosso velho Chico.”

E nós somos as trevas, ele diz. Bom, se somos trevas, então você e todos da FEB são anjos de luz. O senhor Jorge Hessen, como bom espírita evangélico que é, não deve desconhecer o que os evangélicos pentecostais dizem: “Satanás se disfarça em anjo de luz”. Não é tirando Jesus, se verdadeira fosse a acusação, que as chamadas trevas iriam acabar com o espiritismo, mas sim deturpando-o, aleijando-o, descaracterizando-o, tal como os espíritas místicos estão fazendo:
• Dizendo ser o espiritismo uma religião
• Dizendo que o aspecto intelectual é menos importante que o aspecto moral
• Inventando que Jesus é Governador da Terra
• Dizendo que o CUEE não tem mais vez
• E mais, muito mais...

• Dizendo, enfim, tudo que os chamados espíritas religiosos dizem.


Felizmente, ainda há espíritas conscientes, que sabem distinguir entre verdadeiro espiritismo e o “espiritismo” pré-moldado, catolicizado, pelos que querem matar a pesquisa, a lógica, a razão e o conhecimento. E para demonstrar que eu não quero, assim, como os demais também nao querem, tirar Jesus do Espiritismo (e sim o misticismo que tomou conta dele), eu cito duas frases de Jesus:

Se “o amor cobre a multidão de pecados”, só “ a verdade liberta (da ignorância)”. E o texto escrito por Jorge Hessen, está eivado de ignorância (nos dois sentidos: de educação e de conhecimento espírita), e a verdade que liberta, são os ortodoxos que estão recuperando e não os religiosos, alem de no texto dele, ele fazer mais acusações as discordâncias embasadas que se faz aos espiritas religiosos, do que realmente provas que se quer tirar Jesus do Espiritismo.

Texto completo de Jorge Hessen (para quem ainda quiser ler as bobagens que ele fala):

2 comentários:

  1. Acredito que,o Espiritismo não prega a ortodoxia, mas sim a reforma íntima a todos nós. Sou Espírita, e sei que a batalha não é fácil, mas não é impossível, precisamos é, como o próprio Mestre Jesus Cristo disse: Orai e vigiai, porque os adversários do bem não são poucos, são muitos, no entanto, inúmeras vezes, as adversidades inciam em nós mesmos, por insuficiência de tentar contínuamente a reforma íntima. Os livros de Kardec são ótimos, mas também existem outros que completam e que dão uma explicação mais detalhada. O importante é, antes de tudo, vigiarmos a nós mesmos.

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  2. Infelizmente muitos espíritas saem das casas espíritas porque são assediados pelos irmãos espíritos trevosos, mas pergunto: Será que eles, os espíritos trevosos,são os únicos culpados pela saída dos irmãos das casas espíritas? Será que, não existe uma ausência de persistência dos irmãos espíritas que saem das casas espíritas, diante dos problemas materiais e espirituais que abarcam em si mesmos? Todos nós temos problemas, até porque estamos entre a ponte da expiação para a transição, e transição significa sair das ruínas, que são as nossas imperfeições que ainda repercutem em todos nós como miasmas, no entanto tudo depende de cada um de nós, com a permissão contínua de Deus - nosso Pai

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