É comum, hoje em dia, vermos espíritas se arvorando em defensores do espiritismo, mesmo que para isso tenham que ir contra... o espiritismo! Espiritismo que diz “Espíritas, amai-vos e instrui-vos”, mas ao que parece o amai-vos passa longe e o instrui-vos passa mais longe ainda.
Alguns chegam mesmo a advogar que a moral é que importa e não o desenvolvimento do intelecto também, ou seja, chegam a menosprezar o intelecto e por conseguinte, também aos que reflexionam com base em dados, fatos e em lógica, ou seja, os que desenvolveram ou tentam desenvolver o intelecto. Tal postura é, ao nosso ver, totalmente errada por parte dos que rejeitam o intelecto em favor da moral, pois os mesmos se esquecem da base codificada por Kardec, em que ele fala que o progresso intelectual engendra o progresso moral. E se por progresso intelectual não se depreende cultura, conhecimentos gerais, e sim a capacidade de discernir entre o bem e o mal, nos parece que igualmente não se pode ter desenvolvimento moral sem antes ter o desenvolvimento intelectual e portanto, não há que se falar que a moral é mais importante que o intelecto.
Os EUspíritas são adeptos do “é assim por que eu creio que é assim” e do “é assim pois o médium X ou o espírito Y assim disse” e se esquecem de passar mensagens mediúnicas e conseqüentemente, as obras psicografadas, por Chico inclusive, pelo crivo da razão e pelo bom senso, talvez por pensar que alguém, a FEB provavelmente ou mesmo Chico, a quem tem como médium infalível, já fez isso por ele. Só que o Kardec dizia em O Livro dos Médiuns não haver médiuns perfeitos ou infalíveis.
Mas, os guardiões do EUspiritismo não querem saber disso, pois isso contraria suas crenças, e se um só um espírito vier por um só médium em um só lugar do planeta e falar que os espíritos só começaram a reencarnar depois de falharem uma única vez no plano espiritual, eles acreditarão e assim será, por que eles querem. E esse exemplo que dei não é fictício, ocorreu mesmo e é o gérmen do espiritismo brasileiro ou melhor do movimento espírita brasileiro ou melhor ainda, do EUspiritismo, gérmen que se chama Roustaing, que re-criou a tese dos anjos decaídos no espiritismo, pois o cair no ciclo das encarnações após a primeira falha no plano espiritual, nada mais é do que o mito dos anjos decaídos, aqui colocado como verdade por Roustaing, que chamou sua obra, “Os 4 Evangelhos”, de “A Revelação da Revelação”. Muito sutil e humilde ele, não?
E isso foi apenas a ponta do iceberg EUspírita que tentaria afundar o navio espírita, pois Roustaing falava também numa evolução em linha reta de Jesus, ou seja, Jesus teria sido um espírito que nunca errou desde a sua criação por Deus e que Jesus por essa razão, seria o Governador da Terra e embora, Roustaing não seja conhecido pela maioria dos EUspíritas (que aliás não conhecem nem Kardec), os casos de lesa-doutrina se multiplicaram como vírus e os EUspíritas foram os portadores perfeitos desses vírus e adoram combater toda e qualquer tentativa de profilaxia doutrinária. Preferem permanecer no erro, tudo bem. Permaneçam, mas precisa querer levar outros pro caminho da obtusidade?
Os espíritas debatem, os EUspíritas rebatem; os espíritas pensam para melhor informar, os EUspíritas absorvem informações nem sempre boas e as repassam sem pensar. Os espíritas verdadeiros sabem que para se ser verdadeiro espírita é um processo, pois o verdadeiro espírita é reconhecido “pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más tendências” e o EUspírita, já se acha um verdadeiro espírita, pois acha, mesmo que não diga, que já se transformou moralmente e que domou suas más tendências e se não age, pelo menos se comporta como se achasse que assim age.
O EUspírita, enfim, é aquele que bate, rebate e nunca debate (só combate) a posição do outro e menos ainda se propõe a estudar a fundo a doutrina, pois um estudo a fundo, o levaria a conclusões bem mais acertadas do que as em que ele, erroneamente, acredita até agora, e isso ainda eles não podem aceitar, pois o que importa para eles é serem guardiões do EUspiritismo, só que se é para sermos guardiões de algo, que seja do Espiritismo, mas não apenas do espiritismo fora de nós, mas sobretudo do espiritismo dentro de nós, que nos ajuda a nos transformar moralmente e a domar nossas más tendências.
Sei que algum EUspírita deve estar lendo isso agora para nos criticar alhures, mas não me importa, pois “...eu fico mais convicto de duas coisas que aprendi a aprender ao longo das minhas experiências... Primeiro: O nível de convicção de uma pessoa não é nenhuma garantia de que ela esteja certa e Segundo: Estou cada vez mais convencido de que as pessoas só acreditam naquilo que querem e naquilo que podem.”
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