segunda-feira, 14 de maio de 2012

Crianças Índigo e Crianças Cristal




No Movimento Espírita Brasileiro há de tudo, fala-se de tudo, menos de espiritismo. Fala-se de teorias as mais loucas e absurdas possíveis nas quais alguns “espíritas” acreditam, desde que, é claro, não sejam espíritas conscientes e esclarecidos. Acreditam, por exemplo em cidades no além, tal como dito por Chico Xavier e Heigorina Cunha; crêem  em um Jesus, Governador Planetário que comanda espíritos puros iguais a ele; acreditam também em fins do mundo que, supostamente fora predito por Chico Xavier para 2019 ou crêem tambem que Jesus teve um corpo fluidico e evoluiu em linha reta. Em tudo isso e muito mais se acredita no Movimento Espírita apenas por que alguém disse ou referendou baseado apenas no seu nome ou importado de doutrinas alienígenas ao espiritismo, tais como o esoterismo, a teosofia ou rosacruz, por exemplo. E uma dessas doutrinas alienígenas inclui a chamada Nova Era com seus livros de auto-ajuda e misticismos nas crenças, tais como a crença nas Crianças Índigo e Cristal ou as chamadas Crianças das Estrelas, por aí voces vêem.

E o que seriam essas Crianças Índigo e Cristal que tão divulgadas foram em palestras de Divaldo Pereira Franco, embora, sejamos justos não foram inventadas por ele mas apenas divulgadas e encorpadas por ele no meio espírita de maneira irresponsável?.

Vamos a um pouco de ficção sobre elas.  As Crianças Índigo têm estado a encarnar na Terra nos últimos 100 anos. Os primeiros Índigos eram pioneiros e mostradores de caminho. Depois da Segunda Guerra Mundial nasceram um numero significativo delas e estes são os adultos Índigo de hoje. No entanto, na década 70 uma onda grande de Índigos nasceu e por isso agora temos uma geração inteira de Índigos que estão a atingir o fim dos vinte anos e no principio dos seus trinta anos e que irão tomar o seu lugar como lideres deste mundo. Os Índigos continuaram a nascer até mais ou menos o ano 2000 com mais habilidades e maior grau de sofisticação tecnológico e criativo.

Já  as Crianças Cristais começaram a aparecer no planeta a partir de 2000 embora alguns digam que começaram a aparecer um pouco mais cedo. Estas crianças são extremamente poderosas e o objetivo principal delas é levar-nos ao próximo nível de evolução para revelar-nos o nosso poder interior e divindade. Elas funcionam como uma consciência de grupo em vez de individuais e vivem pela "Lei da Unidade" ou Consciência de Unidade. Elas são uma poderosa força de amor e de paz no planeta.

Quem já assistiu a novela “Amor, Estranho Amor” da Rede Globo de Televisão tem uma idéia do caráter ficcional que envolve a estória do personagem de Gabriel Braga Nunes que seria um adulto índigo, cuja habilidade é a de “falar” com os animais. A novela é pretensamente espírita.

Mas, se quer inventar uma mentira, que ela seja bem feita, e o aspecto ficcional dos índigos e cristal foi bem construído, ao menos para os crédulos. Por exemplo, por que se chamam Índigos e Cristal? Simples. Os termos "Índigo" e "Cristal" foram dados a estas gerações porque elas descrevem com precisão as suas cores de aura e de padrões de energia. As Crianças Índigos têm bastante azul-índigo nas suas auras. Esta é a cor do "chakra do terceiro olho", que é o centro de energia localizado na cabeça entre as sobrancelhas. Este chakra regula clarividência ou a habilidade de se ver energia, visões e espíritos. Muitas das Crianças Índigos são clarividentes. Já as Crianças Cristais teriam auras opalescentes com matizes lindas de pastel com cores múltiplas. Esta geração também demonstra uma fascinação por cristais e pedras.

Cor de aura. Cor do chakra. Cor do que não existe seja a aura seja o chakra. Não é preciso dizer que estes são termos alienígenas ao espiritismo. E quem inventou – essa é a palavra – essas crianças, Índigo e Cristal?  Inicialmente, a existência dessas "crianças" partiu de uma seita norte-americana criada por Lee Carrol, e sua mulher Jan Tabber que vendem sessões de energização para mudar DNA das pessoas. Portanto onde entra o interesse financeiro apanágio de um povo sempre envolvido com dinheiro ligado às questões espiritualistas, exige, tem de merecer de todos nós o máximo de cuidados e mais tarde, divulgadas pela vidente americana Nancy Ann Tappe.

Quem nos traz esclarecimentos sobre a fantasia Indiga/Cristal é o autor Edesio Alves Machado no artigo “Crianças Índigo e a Falta de Lógica” e atentem para mais um personagem - esotérico? - chamado KRYON (Esse é de morrer de rir):

Inicia Edesio.

“Bons espíritos são identificados pela prática da justiça, da paz e da fraternidade O movimento espírita mostra-se, em muitas ocasiões, muito infantil, invigilante mesmo e esquecido do que tanto apregoou Allan Kardec, "o bom senso encarnado". Disse ele:

"Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espírito bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam; a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade. A Terra, no dizer dos Espiritos não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas”.

Aí estão, meus irmãos e minhas irmãs, breves palavras do Codificado-. extraídas do seu livro A Gênese. mostrando a mecânica da transformação moral desta Humanidade. Vejamos o que existe a respeito das Crianças Índigo e vejamos se coincidem com o afirmado pelo Codificador.

Inicialmente, a existência dessas "crianças" partiu de uma seita norte-americana criada por Lee Carrol, que vende sessões de energização para mudar DNA das pessoas. Portanto onde entra o interesse financeiro apanágio de um povo sempre envolvido com dinheiro ligado às questões espiritualistas, exige, tem de merecer de todos nós o máximo de cuidados.

A verdade é que vamos ferir suscetibilidades, magoar o amor próprio de amigos e companheiros, granjear inimigos gratuitos e atiçar revides apaixonados. Contudo, temos de nos definir: estaremos sempre com a verdade ou com a mentira, defendemos a Doutrina abraçada ou nos tornamos tolerantes num grau que só pede prejudicar a divulgação espírita tudo em nome de uma falsa caridade. Vamos permitir, sem fazer nada em contrário, que a mentira doutrinaria trafegue impune pelos nossos caminhos espiritistas?

O 1º livro best-seller "Crianças lndigo" foi publicado nos EUA em 1999, e no Brasil em 2005. Segundo seus autores entre eles uma vidente de nome Nancy Ann Tappe, "elas", as Crianças índigo, apresentam estas alarmantes características: "Nascem, sentem-se e agem com realeza. (. .. ) Conseguem inverter as situações, manipulando ao invés de serem manipuladas, especialmente seus pais. (. .. ) Não se relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (. .. ) Algumas têm propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência".

Meu Deus! Será desta forma que a Espiritualidade Superior irá realizar a transformação moral da Humanidade? Ela teria perdido totalmente o juízo? Nem eu faria tal coisa, quanto mais os Espíritos Superiores, representantes que são de Jesus, o Mestre dos mestres!

Uma vidente de nome Nancy Ann Tappe, supostamente a primeira a reconhecer a aura azul dessas crianças, fez um incrível relato sobre "elas": "Todas as crianças que mataram colegas de escola (nos EUA isso já se constitui num hábito, desgraçadamente) ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos.

Elas tinham uma visão clara de sua missão, mas algo entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá-lo em prática. Já os índigos não têm esse tipo de medo".

“Ora, meus irmãos e minhas irmãs, a fraternidade e a caridade hão de ser sempre a pedra angular da nova humanidade que está sendo construída, ou o Espiritismo não passa de uma doutrina quimérica, oferecendo sonhos e fantasias para todos nós que o abraçamos.

A nova geração que se apodera lentamente da Terra sem estardalhaço, mostrará uma inteligência precoce, o uso natural da razão, juntos à prática do bem e do amor aos mais carentes, não pode ter outras características. Cada criança que nascer, nessa nova era, não demonstrará propensão ao mal, mas ao bem, será conseqüentemente mais adiantada do que as que aqui já estão.

Acontece que as crianças índigo mostradas pelos autores dos livros que falam sobre "elas", são descritas como revoltadas, agressivas e prepotentes, nada tendo, pois, a ver com os anunciados espíritas descritos aqui na primeira página por AlIan Kardec.

Lee Carrol, um dos autores do livro "Crianças Índigo", é formado em Economia pela universidade da Carolina do Norte. Tudo começou quando um sensitivo (médium) afirmou estar vendo uma entidade extraterrestre junto a ele que se identificou como "Kryon". Acreditando, inexperiente como deve ser sobre a influência dos Espíritos em nossas vidas (mediunidade), ele começou a "canalizar" (essa a denominação encontrada por ele substituindo o verbo psicografar), como partícipe que é de reuniões num grupo esotérico.

Sua ex-mulher, Jan Taber, o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo Iluminação "Kryon", em 1991, aí tendo início, como sabemos muito bem através da Doutrina Espírita, um terrível processo obsessivo. Os lucros do casal renderam, durante 10 anos, a publicação de 12 livros com as edições traduzidas para 23 línguas, com uma vendagem de Um milhão de exemplares.

O Lee CarrolI oferece consultas pagas, conseguindo reunir uma assistência de mais de 3.000 pessoas, lotando caríssimos salões e teatros da Europa e Estados Unidos. Nesses encontros são vendidos, além dos livros, bijuterias, filmes, souvenires.

As mensagens de "Kryon" pela internet alcança um público de 20 mil pessoas por dia. O site oficial da seita dá uma versão sobre a identidade de "Kryon", dizendo que "Ele é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso. Proveniente do “Sol Central”, com a função primordialmente técnica ligada ao 'serviço eletromagnético'. Foi enviado por um grupo de 'Mestres Extrafísicos', chamado 'A Irmandade'. Veio dessa vez para reordenar a 'rede magnética planetária', visando uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano 2012".

Perguntamos, diante de toda esta baboseira: "Como ficaria Jesus se isso fosse uma verdade, Ele que se acha plenamente definido e devidamente apresentado na pergunta 625 de "O Livro dos Espíritos", como o ser mais perfeito que Deus há enviado à Terra para nos servir de Guia e Modelo? Mas os absurdos não ficam só nisso, não, vão muito mais além.

Vejamos. O "Kryon" afirma que Deus não existe, propondo a idéia panteísta negada peremptoriamente pelo Espiritismo, como se encontra no livro básico nas perguntas 14,15 e 16. Destaquemos, diante da pergunta feita por Kardec, segunda a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo, seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta, os Espíritos responderam: "Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte der Deus".

Irmãos e irmãs, não é exatamente o que esse "Kryon" deseja ser?

Assim são todos aqueles que aportam na Terra trazendo suas idiossincrasias religiosas, suas ambições estampadas em suas palavras e comportamento. Notem mais o que disse o tal "Kryon": "Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos que assinaram um contrato (sic) para vivenciar uma experiência humana no planeta Terra, motivo pelo qual seríamos honrados e celebrados em todo Universo" Disse mais: "A Humanidade atingiu a 'Convergência Harmônica' necessária. Essa experiência é a de vivermos com um nível vibracional rebaixado para a terceira dimensão, sem as memórias ou lembranças de nossa origem divina".

Essa 'Convergência Harmônica", segundo o livro de Lee Carroll, é um conjunto de informações pseudocientíficos que se acham por todo texto sem explicação lógica alguma. Segundo "Kryon", desde 1987 estariam nascendo crianças com o DNA alterado, que seriam essas "crianças índigo". Existe referência também às crianças cristal.

Acontece, simplesmente, que, cientificamente, nenhuma modificação do DNA transformaria moralmente indivíduo algum. A moral não se acha no corpo, mas no Espírito. Se esse "fantasma Kryon" desconhece essa realidade, que credibilidade pode aspirar, ainda mais a nossa? Segundo "ele", essa suposta mutação das crianças "as tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra".

Outra afirmação descabida, bizarra, porque a criação tardia de uma galáxia não tem embasamento científico algum. A Natureza e as suas leis não se enganam.

Para terminar, porque pelo exposto estamos diante de espíritos encarnados e desencarnados num miserável processo obsessivo do qual não sairão com facilidade, o "Kryon" indagado para responder a pergunta assim formulada: "Querido Kryon na Califórnia você nos falou que segurar pílulas na mão pode curar eliminando os possíveis efeitos colaterais. Então, é seguro ficar segurando Prozac?, respondeu: "Seu corpo sabe que substância vocês estão segurando ( meu Deus !!!). Portanto, é possível impregnar as propriedades da intenção de usar a substância em suas células. Assim não há efeito colateral de uma droga, por exemplo. Apenas pensem...um frasco de aspirina ou antiácidos durará anos". CHEGA. .'.,.. não é leitor(a)?

E Kardec alertou sobre consultas a serem feitas aos Espíritos: "Os Espíritos sérios sempre respondem com prazer às perguntas que têm por objetivo o bem e os meios de progredirdes, São atendem às fúteis". Disse mais, diante da pergunta "Basta que uma pergunta seja séria para obter uma resposta séria?, o seguinte: “Não; isso depende do Espírito que responde". Kardec insiste: Mas, uma pergunta séria não afasta os Espíritos levianos? Obteve como resposta: "Não é a pergunta que afasta os Espíritos levianos, é o caráter daquele que a formula" .

Ah, se o "Kryon", Lee Carroll, Jan Tabler e tantos outros estudassem os livros da Codificação, principalmente O Livro dos Médiuns! Quantos benefícios hauririam!”

E para terminarmos vejamos a análise que a autora espírita e pedagoga Dora Incontri tece a respeito das crianças Índigo.

Análise de Dora Incontri*

Nota 1: Esta análise originalmente foi publicada como artigo na seção "Educação para Todos", da Revista Universo Espírita, edição n° 40, com o título "Crianças Índigo e Espiritismo, alguma coisa a ver?".

Nota 2: O livro "Crianças Índigo" não é espírita, e sim uma obra espiritualista, entretanto, pela sua larga circulação no movimento espírita, o Portal Orientação Espírita entende a necessidade de publicar esta análise, com o intuito de esclarecer e despertar consciências.

Uma das novidades dessa primeira década do terceiro milênio é o anúncio de uma geração de crianças chamada "índigo". Há ainda uma outra classificação, a das crianças "cristal". A onda veio dos Estados Unidos a partir de um livro de Lee Carroll e Jan Tober The Indigo Children, the new kids have arrived, publicado no Brasil, pela Editora Butterfly, sob o título de Crianças Índigo.

Entre tantas, é uma temática incluída nessa corrente híbrida de pensamentos chamada New Age (Nova Era), que mistura orientalismos, misticismos vários, espiritualismo ocidental, psicologismos vagos, e, às vezes, Espiritismo, na sua forma norte-americana de spiritualism. O que caracteriza o pensamento New Age é justamente o anúncio de novos tempos para a humanidade, de maior espiritualidade, de aumento de consciência, de iluminação coletiva.

Como não existe uma filosofia consistente e unificadora para esse movimento, nele se abrigam todos os tipos de reflexões e propostas, desde algumas razoavelmente sensatas e certas músicas bonitas e relaxantes, até idéias místicas, mesmo supersticiosas. O que falta é justamente um eixo de racionalidade e o que sobra, para atrapalhar, é o mercado em torno do tema.

Temos hoje uma indústria de espiritualidade light, que vende em pílulas de livros de auto-ajuda, um conforto inconsistente, uma religiosidade descomprometida, porque muito superficial e feita para consumo rápido e descartável. Essa tendência se tornou de tal forma predominante - porque dá dinheiro - que ela contagia inclusive as grandes religiões e afeta em cheio o mercado editorial espírita.

O leitor-consumidor quer leituiras rápidas, fáceis, que possam dar receitas prontas e flexíveis para dar alívio às suas múltiplas angústias. Nada que comprometa muito, nada que o faça raciocinar em demasia, nada que o obrigue a tomar atitudes éticas mais firmes. A espiritualidade também se tornou produto de mercado.

A questão das crianças índigo se insere nesse contexto. Segundo os autores que trabalham o tema, há crianças especiais nascendo no mundo para preparar a Nova Era, suas auras azuis justificam o nome de crianças índigo. São questionadoras, contestadoras, corajosas para construir um novo mundo. Mas há também as crianças cristais, essas mais evoluídas ainda, que são introspectivas, sensíveis, iluministas.

Segundo os autores, esses seres precisam de atenção especial, de uma nova educação e de espaço para se desenvolverem livrementes.

A questão, tanto com o movimento da Nova Era quanto com esse tema específico das crianças índigo, é que há algumas verdades intuídas em meio a uma grande confusão de conceitos e incoerências perigosas.

Já no século 19 o Espiritismo anunciava novos tempos para a humanidade e dizia que a mudança se daria, sobretudo, pela encarnação de Espíritos mais conscientes, que já viriam aptos a construir e a vivenciar um novo mundo.

Há também um postulado adotado por Allan Kardec que, conforme se dá o progresso dos mundos, o período de infância vai ficando mais curto e os Espíritos reencarnam cada vez mais lúcidos e rapidamente amadurecem dentro dos propósitos que os trouxeram à nova existência.

Entretanto, uma das características do pensamento espírita é o despojamento de toda e qualquer linguagem mística e mítica, uma certa racionalização da espiritualidade, dentro de um entendimento lógico do mundo e da vida. Se uma nova geração está surgindo - e certamente está, pois basta conviver com as crianças atuais, para observar a sua vivacidade, a sua capacidade de desenvolvimento e a sua sensibilidade - é um fato natural, faz parte da lei do progresso coletivo e é inclusive parcialmente explicável pela maior quantidade de estímulos que as crianças recebem hoje desde cedo.

O perigo de classificarmos essas crianças é considerá-las seres privilegiados - pois o pior é que apenas algumas crianças são tidas como índigo ou cristal -, criando castas, de que os pais se orgulham e sobre as quais projetam seus desejos de grandeza. A identificação de possíveis crianças especiais é altamente problemática e mesmo prejudicial, porque suscita discriminações, classificações desvantajosas para outras, que não sejam assim consideradas, e para elas próprias, proporcionando um estímulo à vaidade.

Na obra de Lee Carroll e Jan Tober, há problemas ainda maiores. É que a identificação de tais crianças baseia-se em critérios muito subjetivos e mesmo errôneos. Vemos crianças consideradas índigo estapeando o rosto da mãe, sendo prepotentes, humilhando e agredindo outras pessoas, inclusive seus pais. Ora, segundo qualquer avaliação sensata, tais tendências não revelam um espírito superior. Pode ser até um ser desenvolvido intelectualmente, mas o orgulho e a arrogância mostram um déficit moral, que os pais têm a responsabilidade de ajudar a corrigir, com amor e diálogo, é claro, sem repressões e punições.

Outros critérios apontados - como os citados por Tereza Guerra, no livro dela: Crianças Índigo - Uma geração de ponte com outras dimensões, publicado pela Editora Madras - carecem completamente de qualquer cientificidade e de qualquer possibilidade de comprovação. São pseudocientíficos. Vejamos três desses critérios. Diz a autora, Tereza: "Esses indivíduos são, simplesmente, novas expressões com características que vocês não possuem:

1. Uma vibração mais elevada;

2. Uma organização que invalida certos atributos provenientes dos astros que, habitualmente, afetam os humanos;

3. Um dispositivo biológico específico, que lhes permite manejar melhor as impurezas fabricadas pelos próprios humanos do planeta".

Já conseguiram algum meio de medir a elevação da vibração de cada um? E que organização e dispositivo biológico são esses? Alguma mutação genética, comprovada?

 Estamos diante de uma geração de mutantes, superiores a nós? Como se vê, são afirmativas gratuitas, inconsistentes e problemáticas.

Essa discussão mostra muito bem por que insistimos em falar em uma Pedagogia Espírita, termo criado por J. Herculano Pires, e não em uma Pedagogia Espiritualisdta ou Nova Pedagogia ou Pedagogia do Amor - como algumas pessoas sugerem no sentido de descaracterizá-la de um suposto aspecto sectário. Quem compreende bem o Espiritismo sabe que ele tem um caráter universalista e não se fecha em fanatismo e sectarismo. E o que faz parte principalmente de sua proposta é o método de abordagem da realidade, de maneira científica, racional, sem abdicar da visão espiritual. Ou seja, Kardec nos indica critérios de tocar o real, de maneira a termos mais segurança em nosso modo de conhecer.

Assim, a pedagogia espírita é uma pedagogia que assume a reencarnação, a espiritualidade como dimensão real e necessária do ser humano, mas não abandona o eixo da racionalidade científica, desenvolvido na história do Ocidente, desde a civilização grega. Não podemos nos lançar a um misticismo medieval, deixando de lado as âncoras da pesquisa e da razão.

Portanto, dentro dessa abordagem, podemos afirmar que a pedagogia espírita trabalha com um critério democrático, racional, de considerar todas as crianças iguais e, ao mesmo tempo, singulares, rejeitando classificações restritivas ou discriminatórias.

Todas as crianças são iguais, essencialmente divinas, espíritos em evolução, com infinitas potencialidades a serem desenvolvidas. Todas precisam de amor, diálogo, educação libertadora, que permita seu pleno desabrochar. Todas devem ser respeitadas e ajudadas a cumprir seu destino evolutivo.

Todas as crianças são únicas, cada uma tem seu histórico reencarnatório, cada uma traz talentos específicos a serem trabalhados na presente existência, cada uma está num degrau diferente de evolução espiritual - que é difícil avaliar, pois não há métodos de medir evolução espiritual a não ser observar o exemplo de um ser humano ao longo de sua existência e, ainda assim, muitos se enganam nessa avaliação, tomando falsos profetas por missionários.


Cabe-nos observar atentamente cada indivíduo, conhecer de perto suas tendências e jamais abdicar da função de educar, o que não significa modelar de fora, mas ajudar o ser a se autoconstruir
..

5 comentários:

  1. Parabéns pelo blog sério e com informações de alto nível em relação a assuntos controversos, que precisam sim de uma reflexão racional.Adorei!!

    ResponderExcluir
  2. Tu ainda acredita que tuas idéias só prevalecerão se derrubar outras com afrontas e críticas? por que tanta prepotência? se queres ficar conhecido, o faço com algo bom...

    ResponderExcluir
  3. Olá amigo! Compartilhei seu Blog. Achei interessante! Depois leio com mais calma. Com certeza lerei muitas vezes... Mas você se enganou quanto ao nome da novela,na verdade é "Amor, eterno amor"... Abraços! By www.davidacoutinho.com.br

    ResponderExcluir
  4. Divaldo Franco fala uma coisa,aqui fala outra coisa.Bah que saco .Tem espirita mentindo.

    ResponderExcluir
  5. "Quando formula uma teoria contraditada pelas mais vulgares noções das Ciências, esse não é senão um espírito ignorante e mentiroso"

    O Evangelho Segundo O Espiritismo - Allan Kardec

    Era só o que faltava, "X-MAN" no espiritismo.

    ResponderExcluir