domingo, 13 de maio de 2012

Desdobramento



Este artigo está em resposta a leitora Rita Maria de Oliveira Pereira, que escreveu para o blog Espiritismo Com Profundidade através do chat FORUM presente no rodapé desse mesmo blog. Ela pede  informações sobre o que chama de mediunidade de desdobramento.

Bem, Maria, é meu dever informar que a chamada mediunidade de desdobramento  não existe, pois a mediunidade é sempre um atributo orgânico, ou seja, é exercida pelo corpo, ou seja, é uma faculdade do organismo físico e não tem base espiritual, por mais estranho que possa parecer a algumas pessoas que assim o esperam.Exemplos de mediunidade são a psicofonia e a psicografia, nas quais temos sempre um emissor, uma mensagem e um receptor que decodifica esta mensagem. Por emissor, temos a fonte de onde parte a mensagem ou seja, temos o espírito, cuja qualidade da mensagem será de mais qualidade ou de pior qualidade conforme seja a natureza da fonte transmissora. O receptor da mensagem que a decodificará será o meio pelo qual a mensagem se tornará inteligivel pelos que a ouçam ou leiam, daí a palavra medium de onde se origina meio ou mídia.

Repare que para que a mensagem seja entendivel por órgaos fisicos é necessário que o organismo que  a decodifique seja da mesma natureza, isto é fisico, ou seja, orgânico. E o desdobramento não é mediunidade entre outras coisas, por o corpo fisico não se dobrar, logo é uma impossibilidade fisica o desdobramento do mesmo.

Outro ponto a considerar seria outros nomes pelos quais se conhece o desdobramento, totalmente impróprios para o espiritismo tais como Viagem Astral. Veremos quais os problemas dessa nomenclatura, além da de desdobramento de acordo com o que diz Raimundo de Moura Rêgo Filho, colaborador de foruns espiritas:

"É interessante como termos vão se enfileirando no cenário espírita, e muitos os começam a usar, como se de verdade fizessem parte do linguajar espírita. Dois desses traduzem fenômenos muito comentados e pouco entendidos. O primeiro é o “Viagem Astral”:

É incrível como muitos espíritas os usam até em palestras, quando se repensassem, não o usariam, pois, para mim soa-me como motivo de risos...

Viagem astral seria como se pegássemos um aeróbus e passeássemos, fazendo baldeações na lua, no sol, nas estrelas, dessa maneira estaríamos a fazer uma viagem astral por excelência.

Que os esotéricos os usem, ou mesmo os teosofistas, muito que bem, mas espíritas, e espíritas palestrantes? É matizar de bobagens, o cenário em que deveriam aparecer, ensinamentos que conduzissem o público ouvinte ou leitor a maior aprendizado doutrinário.

Não é sem razão que o famoso José Herculano Pires, atesta que ninguém no Brasil ou no mundo, conheça o Espiritismo. Herculano, nos incita até mesmo a providenciarmos o MOBRAL do Espírito, para que, dessa maneira, pudéssemos, ao rigor da máxima de Sócrates, nos entender desconhecedores da doutrina e desse ponto em diante, colocarmo-nos a caminho do aprendizado, partindo das primeiras letras da doutrina.

Então eu pergunto: Por que isso? Modismo, atualização vernáculo-doutrinária, ou simplesmente brincadeira de mau gosto?

Seja o que for, compete-nos, espíritas que somos, não difundir impropriedades ou sandices, pois em nome de um pretenso saber espírita, empalidecemos o Movimento Espírita brasileiro, e ele já anda tão exangue...

O Outro termo é o “DESDOBRAMENTO”. Esse então chega a causar dor de barriga de tanto rir, querem ver?

Desdobrar evoca o pensamento de estar o móvel do desdobramento, anteriormente dobrado, é sim, tipo como se fosse uma folha de papel, um bilhete de loteria, uma carteira...

Ora, um espírito não é um ser dobrável, nunca assim esteve, a não ser em linguagem figurada, quando se quer explicar que tal e tal espíritos se dobraram ante aos maus pensamentos etc. Ora, em não sendo assim, falar-se em desdobramento e o pior, duplicando-se a sandice, afirmar-se sobre “desdobramento astral”, seria dar-se aos astros, também essa maneabilidade flexível que eles não têm.

E isso tudo em moldes doutrinários, pasmem os amigos...

Kardec, que pelas palavras de Flamarion,foi brindado com o cognome “O Bom Senso Encarnado”, haverá de ter-se “dobrado”no túmulo, de vergonha por ver a doutrina que levou quase doze anos para codificar, das comunicações dos espíritos, ser levada ao ridículo por uma meia dúzia de gatos pingados, que não acham “nada demais”, em usarem tais expressões. É triste...

Ele, cunhou um termo específico que alude aos dois termos acima, e diz com propriedade sobre esse tipo de acometimento, o termo é: Emancipação da Alma.

Para esse estado, o codificador elencou todo o capítulo VIII da Obra o Livro dos Espíritos...

É nesse estado, o de Emancipação da Alma que consegue-se estar afastado do corpo carnal, e pode assim o espírito dar curso a seu aprendizado, visitar os que lhe são caros etc.

Emancipação da Alma, termo genuinamente Espírita, termo que explica clara e sem margem a dúvidas o momento pelo qual passa o espírito.

A vista disso é que não compreendo o porque se usarem os tais, “Viagem Astral”ou o tal do “Desdobramento”.

Se um dos leitores me puder explicar, por favor faça essa caridade, senão vou continuar a pensar que esses confrades palestrantes, estão é a viajarem, não no Astral, mas na maionese!"

Essas são as palavras de Moura Rêgo, Rita Maria. Não existe mediunidade de desdobramento, nem viagem astral, que como vimos é algo muito mais esotérico e nada espírita.

Um comentário:

  1. Olá

    Concordo com a explanação do Raimundo de Moura Rêgo Filho que existem vários termos menos apropriados para descrever as experiências projetivas. Contudo, o que ele elegeu como sendo o mais adequado para o espiritismo, é o que Kardec cunhou a quase 200 anos, quando hoje a ciência adota, em artigos científicos, o termo OBE - out-of-body experience, que em português traduz-se por EFC - experiência fora do corpo. Então é questão de pensar se os espiritas vão acompanhar a evolução da ciência, como o codificador recomendou, ou se vão se prender a termos envilecidos pelo tempo e, portanto, anacrônicos com os dias atuais. Eu pergunto: O que Kardec diria sobre isso?

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